terça-feira, 28 de novembro de 2023

Saúde Mental: exercício físico

Bom dia, pessoal.

Ao longo dos anos e, principalmente, ao longo das décadas, você percebeu: o envelhecimento é inevitável!

Essa dorzinha nas costas não existia antes, né? E a ressaca? Credo, realmente parece doença depois dos 30 anos.

Tudo isso é normal, biologicamente falando. Envelhecimento está relacionado a uma perda de função progressiva dos nossos sistemas fisiológicos. A ciência tem um número para isso: 10%.

Sim, a cada década (depois dos 30), nosso organismo perde cerca de 10% das suas capacidades funcionais. Um número plausível, se você considerar apenas a genética da pessoa, o que não podemos fazer mais.

Nós envelheceremos de qualquer jeito, nossa biologia é assim. Mas a velocidade e a intensidade desse envelhecimento, serão frutos da mistura: genética mais hábitos de vida (meio ambiente). Muitas vezes, e na construção de muitas doenças comuns hoje em dia (Alzheimer, infartos, AVCs...), os hábitos podem pesar mais que a própria genética da pessoa.




Se uma considerável parcela do poder do envelhecimento vem dos nossos hábitos e escolhas, podemos lutar contra seus efeitos e garantir autonomia por muito mais décadas. Se vamos envelhecer de qualquer maneira, prefiro que as últimas décadas da minha vida sejam vividas com autonomia física e intelectual! 

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Como os antibióticos "matam" as bactérias?

 Bom dia, pessoal!

Hoje vamos falar um pouco sobre antibacterianos (os famosos antibióticos) e seus mecanismos de ação.



Antes da explicação, vamos retomar alguns pontos sobre os cuidados necessários ao se utilizar antibióticos:

- tratamentos de 7 dias com antibióticos, por incrível que pareça, precisa durar 7 dias (pasmem, rs) – o tratamento não deve ser interrompido quando somem os sintomas.

- cuidado com a automedicação, pois, além dos riscos de efeitos colaterais (normalmente por errar na dose, para mais) pode não ser eficaz naquela bactéria e o caso evoluir para uma patologia mais grave.

Pronto, os lembretes eram esses, rs. Necessários para não facilitarmos (ou acelerarmos) o surgimento de bactérias resistentes. Assim, evitamos o que mostra a figura:

(Evitar a resistência bacteriana é um dos principais papéis nossos atualmente, como profissionais de saúde)


Eu tenho certeza que você usou antibiótico em algum momento da sua vida, provavelmente, mais de uma vez. Mas como que um comprimido consegue atacar uma bactéria? Como os antibióticos fazem para sarar sua dor de garganta?

Dois pontos são importantes aqui: primeiro, existem 5 mecanismos de ação para os antibacterianos agirem sobre as bactérias. Segundo, todos os antibacterianos são classificados como bacteriostáticos (que impedem o aumento do número de bactérias) e bactericidas (aqueles que matam a bactéria).

 

Observem a figura:



Essa primeira, mais didática, resume os cinco mecanismos de ação dos antibacterianos (o número 6 se encaixa dentro do 4, na inibição da síntese de proteínas).

A figura abaixo é mais completa, e mostra, além dos mecanismos de ação, as formas como as bactérias podem obter um gene de resistência e quais os mecanismos de resistência gerados.

 



 Mas, qual dos mecanismos é bacteriostático, e qual é bactericida?

 

Inibição da Parede Celular:

Bactericida: Antibióticos que destroem a integridade da parede celular bacteriana, levando à lise e morte da bactéria. Exemplo: penicilinas.

 

Inibição da Síntese Proteica:

Bacteriostático ou Bactericida: Pode ser bacteriostático ou bactericida, dependendo do antibiótico e da concentração usada. Inibem a síntese de proteínas bacterianas, o que pode levar à parada do crescimento bacteriano ou à morte da bactéria. Exemplo: tetraciclinas.

 

Inibição da Síntese do DNA ou RNA:

Bacteriostático ou Bactericida: Dependendo da concentração e da bactéria-alvo, podem inibir a síntese de DNA ou RNA, interrompendo o ciclo de replicação bacteriana. Exemplo: fluoroquinolonas.

 

Inibição do Metabolismo Bacteriano:

Bacteriostático: Interferem no metabolismo bacteriano, impedindo a produção de nutrientes essenciais ou a utilização dos mesmos, resultando na inibição do crescimento bacteriano. Exemplo: sulfonamidas.

 

Danificação da Membrana Celular:

Bactericida: Danificam a membrana celular bacteriana, levando à lise e morte da bactéria. Exemplo: polimixinas.

 

Alguns antibióticos podem ser bacteriostáticos em concentrações mais baixas e bactericidas em concentrações mais altas, dependendo das condições e da sensibilidade da bactéria. A classificação como bacteriostático ou bactericida pode variar de acordo com a concentração do antibiótico e a sensibilidade da bactéria.

Lembrem-se, o uso de um bacteriostático exige um sistema imune funcionando corretamente. Pois quando impedimos o crescimento, tornamos as bactérias mais susceptíveis às células de defesa do nosso corpo.

 

Para saber mais sobre o assunto:

http://plantandociencia.blogspot.com/2020/11/antibacterianos.html

http://plantandociencia.blogspot.com/2019/09/resistencia-bacteriana.html


terça-feira, 3 de outubro de 2023

Anticorpos - a poderosa arma dos Linfócitos B contra patógenos

Bom dia, pessoal.

Hoje vamos falar um pouco sobre um mecanismo de defesa magnífico do nosso organismo.

Eles são produzidos pelos linfócitos B, parte do que conhecemos como imunidade adaptativa. São os anticorpos, também conhecidos como imunoglobulinas.

Os anticorpos são proteínas produzidas pelo sistema imunológico em resposta à presença de antígenos (substâncias estranhas), como vírus, bactérias, toxinas e outras moléculas que podem representar uma ameaça ao organismo.

A produção de anticorpos ocorre quando o sistema imunológico reconhece antígenos, que são partes específicas das substâncias estranhas. Os antígenos ativam células do sistema imunológico, como os linfócitos B, que após entender a ameaça, se multiplica e se transforma em um plasmócito, começando a produção e a liberação de anticorpos na corrente sanguínea.

Esses anticorpos são desenhados de forma a se ligar especificamente aos antígenos correspondentes, marcando-os para destruição ou neutralização pelo sistema imunológico. O que explica o nome de adaptativa, desse tipo de imunidade, pois é uma resposta específica a um antígeno.

A função dos anticorpos é crucial para a defesa do organismo. Eles têm várias funções, incluindo a neutralização de antígenos, a opsonização para facilitar a fagocitose (processo de ingestão e destruição de partículas estranhas) e a ativação do sistema de complemento, que auxilia na destruição de antígenos.

Podemos visualizar esses mecanismos de ação com mais detalhes, na maravilhosa figura do livro do Abbas:


Para cumprir seu papel de neutralização, o anticorpo utiliza uma de suas partes, conhecida como porção FAB. Já para ativar outras células e/ou o sistema complemento, ele utiliza sua porção conhecida como Fc. Isso trás um conceito, na imunologia, de segregação espacial do anticorpo, pois cada porção fica responsável por determinada função.

sábado, 30 de setembro de 2023

Saúde mental: Exercícios aeróbicos

Bom dia, pessoal.

Nós já falamos sobre a importância do exercício físico e, principalmente da construção de um hábito de se exercitar, na saúde mental. Não é segredo pra ninguém que o sedentarismo é um veneno para a saúde física e mental.

Mas, hoje, discutiremos o papel do exercício aeróbico na saúde mental, seja ele uma caminhada, uma corrida, o futebolzinho, natação, ou qualquer uma das inúmeras modalidades possíveis. Independente de qual exercício aeróbico você goste mais e pratique, hoje vamos entender quais são os reais benefícios da prática de exercícios aeróbicos sobre o nosso cérebro e nossas habilidades cognitivas.




O exercício aeróbico possui impactos significativos no cérebro humano, influenciando positivamente suas estruturas e funções de várias maneiras. Milhares de pesquisas corroboram essa ideia.

O primeiro ponto é a questão da circulação sanguínea!

Exercícios aeróbicos melhoram a capacidade cardiopulmonar do nosso organismo. Coração e pulmões trabalhando de uma maneira mais eficiente, mais combustível chega até o cérebro para que ele consiga não só cumprir com maestria, mas até mesmo melhorar e expandir suas funções. Mais sangue é igual a mais oxigênio e nutrientes, combustíveis indispensáveis para que nossa máquina cerebral consiga trabalhar de forma adequada.

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Uso e abuso de psicofármacos no Brasil - reflexões

Boa noite, pessoal.

Hoje vamos falar um pouco sobre o uso (e mais perigosamente, o abuso) de psicofármacos aqui no Brasil. Certeza que você conhece alguém que usa diazepam, rivotril, ritalina, sertralina, dentre inúmeras outras opções de ansiolíticos, antidepressivos e aqueles relacionados ao déficit de atenção.

São as reflexões sobre o material que produzi para a palestra Aplicações clínicas da Neurociência, ministrada no Primeiro Seminário de Neurociências, Bem-estar e Qualidade de vida, organizada pela Liga de Psiquiatria e Saúde Mental da UFSJ.


A fisiologia do corpo humano é fascinante, manifestando-se de forma belíssima através das minuciosas funções celulares que ocorrem em nosso organismo. Nossas células que, por mais distintas que sejam, a nível morfológico e funcional (ou seja, em formato, aparência e função, rs), necessitam dos mesmos combustíveis e realizam processos bioquímicos muito semelhantes para sobreviver.

No nível celular, uma intrincada orquestra de processos regula a homeostase, a resposta a estímulos e a replicação, permitindo a manutenção e adaptação do nosso corpo. Adaptação é uma característica marcante da espécie humana, que se adaptou para viver, se reproduzir e dominar os mais diversos ambientes do planeta, incluindo temperaturas extremas.

domingo, 10 de setembro de 2023

A beleza da memória humana

Boa noite, pessoal.
Que o nosso cérebro e nossa mente são magníficos você já sabe, mas a memória, a memória é fascinante.

Nós somos, hoje, frutos de nossas memórias. Enxergamos e interagimos com o mundo a nossa volta através delas, das marcas permanentes que elas deixaram.



A memória desempenha um papel crucial na construção de uma pessoa, formando quem somos, moldando nossa identidade e influenciando nossas experiências diárias (lembra daquela frase que fala: enxergamos o mundo através das lentes que nossas memórias colocam em nossos olhos?)

E, detalhe: Experiências formam memórias!
Desbrave esse mundão, explore, aprenda!

- Relação entre Memória e Atenção

Aposto que, em algum dos últimos dias (ou horas), você chegou em um cômodo da casa e não lembrou o que foi fazer lá, ou talvez tenha perdido as chaves? Já abriu a geladeira e não lembrou que ia pegar água, porque estava morrendo de sede quando decidiu ir até lá?

Primeiro pensamento: minha memória está péssima, tenho problemas de memória!

Não, não tem, rs.
Problemas de memória, normalmente, são derivados de grandes traumas ou doenças, mas acometem uma parcela pequena da população. 

É bem provável que você não tenha prestado atenção ao se distrair com algo no caminho (qual é o principal "algo" que atrapalha nossa memória hoje? Esse aparelho que você pode estar segurando para ler!)

Atenção e memória caminham de mãos dadas. Quando você presta atenção em alguma coisa, você avisa para o seu cérebro que aquilo é importante, que pode ser interessante lembrar futuramente (bem melhor se você souber onde estão suas chaves quando estiver saindo com pressa pro trabalho, certo? rs).

Quantas vezes você já diminui o volume do som do carro (ou da televisão) para enxergar melhor? 

Você já ouviu sua música preferida de olhos fechados? 
(Se dê esse presente, a sensação é completamente diferente!)

Atenção é foco, é focar em um de nossos sentidos para que aproveite ao máximo aquela experiência. Sinta cada experiência!

Foco manda uma mensagem muito clara para o hipocampo: Vale a pena lembrar disso!

(Não encontrei a fonte dessa figura genial, se alguém souber, me avise, por favor!)


Ou seja, a relação entre atenção e memória é fundamental para nossa capacidade de aprender, lembrar e construir nosso conhecimento e identidade.

Dá para melhorar a memória?

Sim, e muito!

Primeiro, fazendo exercícios físicos regularmente.
É, meus amigos, da caminhada à academia, do futebol à natação, não tem como escapar da atividade física!

Atividade física regular melhora e aumenta o fluxo sanguíneo para o cérebro. Imagina que o cérebro é um motor V8 (que consome bastante combustível). Ele vai funcionar em alta performance se você oferecer combustível de qualidade na quantidade suficiente, certo?

A atividade física ainda libera substâncias como as endorfinas e fatores neurotróficos no cérebro, melhorando seu funcionamento!

Atividade física é vida, e também é qualidade e capacidade de memória, diminuindo os riscos para doenças como o Alzheimer e as demências.

Cafeína também ajuda (isso também serve para energéticos - eu, particularmente, prefiro café) pois atua estimulando o cérebro. Porém, estimulantes demais tendem a gerar ansiedade e podem diminuir a qualidade do sono, dois fatores que adoram sabotar nossa atenção e nossa memória!

Medicamentos, como a ritalina, obviamente irão aumentar o rendimento nos estudos (tanto de quem tem, quanto de quem não tem algum tipo de déficit de atenção) pois altera a oferta de dopamina, um dos principais neurotransmissores envolvidos com o processo de atenção e, pasmem, de formação de memórias, rs. Porém, além dos inúmeros possíveis efeitos colaterais, ainda precisa de receita médica. Continuo preferindo o cafézinho!

Pera, dopamina, dopamina me lembra aquela história de prazer, que lembra Sexo. Sim, sexo também vai ajudar, desfrutem!

Tudo isso nos mostra o que exatamente?
Que a memória é uma jóia preciosíssima (biológica e/ou divina) do nosso cérebro e que molda nossas vidas de várias maneiras.

Sua relação com todos os fatores que discutimos aqui hoje, nos mostra quão belo e complexo é essa capacidade magnífica do nosso cérebro!

(interação do meu cérebro com a IA do Bing)


Beijos.

terça-feira, 29 de agosto de 2023

Eritograma II

Bom dia, pessoal.

Hoje terminaremos de aprender sobre o Eritograma. Ontem, falei para vocês sobre o Hemograma, suas características, como a simplicidade e o quão valioso é a nível de diagnóstico. Além disso, discutimos um pouco sobre quais informações e parâmetro fazem parte do Hemograma. Se você não leu, só clicar aqui.

Finalizamos a matéria de ontem falando sobre a contagem de hemácias, a concentração de hemoglobina e o Hematócrito, três parâmetros básicos e muito importantes que compõem o nosso Hemograma.

Hoje, falaremos dos três índices hematimétricos, ótimo para classificar anemias, e também do famoso RDW. Sem spoilers, precisamos analisar um por um:


- Índices Hematimétricos:

Os índices hematimétricos são compostos por três análises sobre as características das hemácias. São eles:


- VCM: volume corpuscular médio

- HCM: hemoglobina corpuscular média.

-CHCM: concentração de hemoglobina corpuscular média.


Calma, não vou deixar as informações largadas assim, rs.

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Hemograma

Boa tarde, meu povo!

Hoje vamos falar sobre algo que eu tenho certeza que você já fez em algum momento da sua vida, um exame de sangue. Por sinal, se não fez, corre para fazer, rs.

O hemograma, como é conhecido dentro das Análises Clínicas, deve ser feito rotineiramente (uma vez ao ano, pelo menos), pois trás informações importantes sobre nossa saúde. A rotina de exames evita surpresas desagradáveis, como uma doença ou problema de saúde em estágio avançado.


O hemograma é um exame simples, feito a partir de uma amostra de sangue total, e capaz de nos trazer informações importantíssimas sobre nossa saúde. 

Hoje, ele é completamente automatizado na maioria dos laboratórios de análises clínicas e instituições de ensino. Rápido, simples e barato, o resultado do exame é uma ferramenta diagnóstica valiosíssima.

Mas, o que nos mostra um Hemograma?

MHC de Classe I - Linfócitos T citotóxicos

Boa tarde, pessoal.

Hoje vamos falar sobre o Complexo de Histocompatibilidade, ou MHC, de classe I.

Reparem que o título já foi mais dramático, porque a resposta é mais dramática, ela culmina na morte da célula infectada. 

Diferente do que estudamos no MHC de Classe II, o MHC de classe I apresenta antígenos para os Linfócitos T Citotóxicos, também conhecidos como CD8+.

Observe a figura abaixo, para entender melhor o processamento do antígeno:



A figura, retirada do livro de Imunologia Básica do Abbas, mostra mais uma diferença entre os MHCs. O MHC de classe I é expresso em todas as células nucleadas. Sim, em TODAS!

Por que tudo isso? 
Vários motivos, mas um exemplo pode ajudar a entender: os vírus, dos principais "inimigos" dos linfócitos T citotóxicos, é um parasita intracelular obrigatório, ou seja, ele precisa de uma célula nucleada, capaz de produzir proteínas, para se multiplicar. 

Logo, teoricamente (na prática não é tão simples), os vírus podem infectar qualquer célula nucleada do corpo humano. E, se ele pode atacar, eu preciso de mecanismos para me defender.

Outro ponto, que é importante ressaltar na diferenciação entre os dois tipos de MHC, é que o de classe I lida com antígenos intracelulares. Eles não foram absorvidos por uma célula de defesa, eles infectam a célula.

Observem o esquema abaixo:


Repare, só existe vesícula no final do processo de preparo para a apresentação do antígeno. 

O antígeno já está no citoplasma, então é necessário a ação de uma enzima, como a Proteassoma da figura, para quebrar esse antígeno em "pedaços" menores. O antígeno é quebrado para conseguir entrar no retículo endoplasmático, onde se liga à molécula do MHC de classe I (produzida pelo RE). 

MHC de classe I se une ao antígeno e esse complexo Antígeno-MHC é exposto do lado de fora da célula, conectado à membrana celular, à espera do Linfócito T CD8+.

Após se ligar e entender o recado, os linfócitos T CD8+ (ou citotóxicos) destroem a célula infectada, eliminando assim o reservatório de infecção.

Anote as diferenças entre as etapas de processamento de antígenos do MHC de classe I e II, isso ajudará a entender a função e as características principais de cada um.


Bons estudos!

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Enzimologia Clínica

Boa tarde, pessoal.

Hoje estudaremos um pouco sobre a Enzimologia clínica, que nada mais é que o estudo das enzimas que tem interesse clínico-diagnóstico, um dos principais ramos de estudo da Bioquímica Clínica.

Primeiro de tudo, enzimas são proteínas.
A função delas é catalisar reações químicas dos nossos sistemas biológicos. Detalhe: elas influenciam a reação sem sofrer qualquer alteração em suas estruturas, ou seja, elas não são consumidas na reação.

A figura abaixo mostra bem o papel de uma enzima:



O estudo das enzimas tem uma importância enorme, e hoje, nosso objetivo é exatamente esse, entender o papel das enzimas dentro do diagnóstico clínico.

Todas as enzimas presentes no corpo humano são sintetizadas dentro de células (intracelularmente) e três tipos de enzima são considerados de importância clínica:

terça-feira, 22 de agosto de 2023

MHC de Classe II - Imunologia Clínica

Boa tarde, pessoal.

Hoje vamos falar sobre o Complexo de Histocompatibilidade, conhecido como MHC e terror de muitos alunos na Imunologia básica e clínica.

Vamos por partes, para construir o conceito em um passo a passo.

Primeiro ponto importante: as células que expressam o MHC de Classe II são: Células Dendríticas, Macrófagos e Linfócitos B. Logo, tudo que for escrito nessa matéria está relacionado a essas três células.

Segundo ponto importante: os antígenos aqui são antígenos extracelulares. Quando observarem o antígeno dentro da célula nos desenhos, lembre-se que ele foi "engolido" pela célula.

Terceiro ponto importante: como são antígenos extracelulares, repare que todas as etapas acontecem dentro de vesículas, para que o antígeno nunca tenha contato com o interior (citoplasma) da célula. Isso acontece porque caso seja uma bactéria, por exemplo, ela poderia infectar a célula, o que exigira a resposta do MHC de classe I, que leva à morte celular.

Beleza, agora vamos de figuras né, para facilitar a visualização disso tudo. Lembrando, por último (prometo), que toda essa história de MHC e processamento de antígenos, é a forma como nossas células apresentadoras de antígenos conseguem deixar o antígeno do jeito que o linfócito T gosta e consegue reagir. O MHC de classe II, que estudamos hoje, prepara o antígeno para os Linfócitos T CD4+, ou Linfócitos Auxiliares. O MHC de classe I, que aparece no próximo post de Imuno, apresenta o antígeno para os Linfócitos T CD8+, ou Linfócitos Citotóxicos.

Mas, voltando às figuras:


Uma excelente figura do livro do Abbas (Imunologia Básica), representando as células que expressam o MHC de Classe II.

Uma obra de arte, como meus alunos bem conhecem, um esquema que demonstra todas as minhas habilidades artísticas, um esquema de como acontece o processamento do antígeno com o MHC de classe II:



E, para finalizar, uma figura que não tem toooooda a qualidade artística do meu desenho, mas que pode ajudar bastante. Também uma figura do livro de Imunologia Básica do Abbas:



Era isso.
Bons estudos, pessoal.

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Introdução à Imunologia Clínica

Bom dia, pessoal.

Para iniciar nossas discussões sobre Imunologia Clínica aqui no blog, preparei uma matéria com alguns vídeos e informações que são extremamente úteis para revisar o conteúdo de Imunologia básica e seguir sem problemas ao longo da disciplina. Espero que facilitem o estudo de vocês.

Nossa revisão da Imunologia básica começou com 4 perguntas:

1 - Quais as funções do Sistema imune (SI)?

2 - Onde são produzidas as células do SI?

3 - Quais os tipos de Imunidade?

4 - Qual a diferença principal entre a imunidade gerada a partir de uma vacina ou infecção e a imunidade gerada a partir de uma transfusão de anticorpos ou do aleitamento materno?


Essas quatro pergurtinhas, se bem respondidas, podem ser utilizadas para relembrar boa parte do conteúdo visto em imunologia básica. 

Mas, antes de passar as respostas, separei alguns vídeos bem didáticos para resgatar as memórias sobre imunologia básica (pode ser pra criar algumas também, para quem não lembra nada, rs):

terça-feira, 9 de maio de 2023

Introdução à Imunologia

Bom dia, pessoal.
Essa é a primeira aula do curso de Imunologia, uma introdução aos principais assuntos que abordaremos em sala de aula.

Como posso definir o sistema imune? Para que serve?


Imunidade é definida como a resistência a doenças infecciosas. O conjunto de células, tecidos e moléculas que são intermediários na resistência às infecções é chamado de Sistema Imunológico, e a reação ordenada dessas células e moléculas aos microrganismos infecciosos é a Resposta Imunológica.

A Imunologia, então, é o estudo do sistema imunológico e de suas respostas aos microrganismos invasores.

Podemos dizer que a função fisiológica (natural) do sistema imunológico é prevenir infecções e erradicar as infecções estabelecidas.

Um sistema imune fraco, debilitado, aumenta nossa chance de ficar doentes (nossa susceptibilidade a doenças), o que observamos em pacientes imunodeprimidos. Hoje, já sabemos que estresse crônico, ansiedade, má alimentação, hábitos ruins relacionados ao sono, dentre vários outros fatores, são as causas mais comuns de uma queda no nosso sistema de defesa. Nossos hábitos e rotinas atuais estão deixando nossos corpos cada vez mais fracos.



A importância do sistema imunológico fica mais evidente quando analisamos o caso de um indivíduo com resposta imunológica deficiente, como na Síndrome da Imunodeficiência Humana (AIDS) causada pelo vírus HIV.

segunda-feira, 8 de maio de 2023

Resposta ao estresse

Boa tarde, pessoal!

O assunto hoje é estresse, algo que, tenho certeza que não faz parte da rotina diária de vocês. Quem dera, né?

Pesquisar dos últimos anos deixam muito claro que o estresse cresceu drasticamente nas últimas décadas e, talvez, tenha atingido seu ápice (até agora) com as milhões de informações vindas dos nossos celulares.



Eu sei, para você, estresse é sinônimo de passar raiva. Também é, mas olha que legal essa definição do ganhador do prêmio Nobel, Hans Selye: Estresse é visto como qualquer coisa ou acontecimento que eleve os níveis sanguíneos de corticosteroides (cortisol).

Mas, vamos por partes!

Dentro da fisiologia humana, estresse tem um significado extremamente amplo, então, vamos focar a nossa discussão no nosso estresse diário mais comum, o estresse comportamental. Sabe qual tipo de estresse é esse? Aquele que vai nos tirar do sério em algum momento, porque vai acumulando...



As fontes mais comuns de estresses comportamentais são os nossos 5 sentidos (aposto que você consegue pensar em um som ou música que te irrite, em cheiros e imagens que te desagradam e podem te estressar), mas também existe uma outra fonte de estresse, a nossa criativa mente (estilo as velhas paranóias que nos acompanham em determinados assuntos, tipo relacionamento).

Apesar dos fatores que podem nos estressar serem basicamente infinitos e vindos das mais variadas fontes, as respostas em nosso organismos são comuns a todos nós, e podem nos ajudar a entender porque nossa saúde física e mental tem ficado cada vez mais debilitadas (prejudicadas) com nossos hábitos e rotinas atuais.

Podemos dividir a resposta fisiológica do estresse em duas partes principais:

  • A resposta endócrina, que envolve hormônios;
  • A resposta autonômica, que é de responsabilidade do nosso sistema nervoso e vai atuar diretamente nos nossos órgãos (não temos controle algum das respostas autonômicas do nosso corpo, são automáticas, como o nome diz).

Quem coordena toda essa resposta é o hipotálamo, uma região do nosso cérebro que recebe informações do sistema límbico e do córtex pré-frontal (principalmente, mas de outras regiões cerebrais também) e possui funções muito importantes, como o controle da nossa sensação de fome e saciedade (motivo pelo qual estresse e ansiedade podem alterar seu apetite).

O estresse atua ativa o hipotálamo, que vai atuar sobre a hipófise (famoso eixo hipotálamo-hipófise, ou hipotalâmico-hipofisário), e o resultado é a liberação de dois hormônios em nossa corrente sanguínea: a tireotrofina, que age na tireoide e tem o papel de aumentar nosso metabolismo, e a adrenocorticotrofina, que vai agir lá na glândulazinha que fica em cima dos nossos rins (suprarrenais) e vai atuar na liberação do cortisol, conhecido por muitos como hormônio do estresse.

Essa primeira parte da resposta ao estresse, a parte hormonal (endócrina), garante um aumento no nosso metabolismo, aumento da glicose sanguínea (combustível) em nosso sangue... Garante energia extra, frente a um estressor que, teoricamente, é um perigo à nossa saúde.


A segunda parte da resposta, a parte autonômica, que é de responsabilidade do nosso sistema nervoso, vai atuar em nossos órgãos, garantindo que todo organismo fique preparado para utilizar todas as suas armas para enfrentar aquele estresse, caso seja necessário! (lembra da resposta de luta ou fuga?)

Essas alterações incluem: redução na produção de saliva (boca seca), redução na atividade do trato gastrointestinal (nesse momento, meu corpo não está preocupado em digerir um alimento, ele precisa de energia instantânea - lembra das cobras, que regurgitam o alimento quando estão em perigo?), aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, aumento do volume de sangue que é direcionado para a atividade dos músculos... Nosso corpo vai se tornando uma máquina.

É a preparação do nosso corpo, literalmente, para uma luta.

Uma resposta biológica de sobrevivência, que nos permitiu chegar até aqui, mas que é um problemão hoje. Por que?

Em quantos momentos de estresse diário você realmente está em uma luta? Quase sempre em nenhum (não estou falando da vontade de, eu sei que muitas vezes vocês querem voar em cima de uma pessoa, rs). 

Sem seu real uso, a resposta vai sobrecarregando nosso organismo, desgastando nossos corações e sistema cardiovascular (dai o maior índice de infartos, AVCs e problemas com pressão arterial em pessoas cada vez mais jovens), dai o desgaste e cansaço mental que apresentamos em dias de picos de estresse, que sugam pouco a pouco nossas habilidades cognitivas, como nossa atenção, nosso foco e nossa memória. Nosso corpo vai sendo sobrecarregado, e nossa qualidade de vida vai diminuindo pouco a pouco, até afetar nosso sistema imunológico e nos causar doenças...

Essa conta fecha muito bem!

Por isso, independente de qual maneira for a correta para você, para sua rotina, encontre momentos para gastar o estresse de vocês, para manejar ele da melhor maneira possível (esportes, uma cerveja com os amigos, uma boa conversa, sexo...).

Manejar seu estresse vai melhorar sua qualidade de vida, seu desempenho no trabalho, seu desempenho na academia, seu desempenho sexual... Vai melhorar sua vida como um todo!

Bora desestressar? 



segunda-feira, 17 de abril de 2023

Material para estudo - Neuroanatomofisiologia

Boa tarde, meus caros.
Como combinado, segue uma lista com as principais matérias do blog relacionadas à nossa AV1, que acontece na semana que vem. 





4 - Medula Espinhal:

segunda-feira, 20 de março de 2023

Alzheimer - menos genético e mais ambiental?

Bom dia, pessoal.

Hoje trago algumas informações sobre a Doença de Alzheimer, que cresce em números ano após ano, e tende a atingir 1 a cada 2-3 pessoas nas próximas décadas. 

Para vocês terem uma ideia, hoje, aqui no Brasil, o Alzheimer é a principal causa de demência.

Essa matéria tem alguns objetivos: trazer mais conhecimento a cerca de uma doença neurodegenerativa cada dia mais comum, discutir alguns tópicos e entender como podemos "evitar" ou pelo menos postergar ao máximo o surgimento dos sintomas, entender como as células do tecido nervoso trabalham em conjunto e, de brinde, serve como atividade para meus alunos da Neuroanatomofisiologia.

Assistam ao excelente vídeo da Lisa Genova, autora do livro "Para sempre Alice" (também tem o filme), que retrata um caso de Alzheimer precoce, devido a uma rara genética:


Para quem não conseguir ver o vídeo acima, pode acessar pelo link também:

https://www.youtube.com/watch?v=twG4mr6Jov0&t=4s


O vídeo é fantástico, a didática dessa mulher é algo impressionante.

Mas alguns pontos chamam a atenção e são passíveis de discussão para entendermos melhor:

- As sinapses, que é a forma como nossos neurônios se comunicam (é através delas que sentimos, enxergamos, pensamos, LEMBRAMOS....), é mediada por neurotransmissores (sinapses químicas).

- Durante a sinapse, além do neurotransmissor, também é liberado um peptídeo conhecido como Beta amilóide. Esse peptídeo é retirado das sinapses pelas Micróglias (carinhosamente chamadas de zeladores do tecido nervoso no vídeo, já que cumprem o papel de limpeza e defesa em nosso cérebro). Hoje sabemos que, durante o sono, o líquido cefalorraquidiano (líquor) passa entra as sinapses ajudando nessa limpeza.

- Genética e hábitos (na maioria de nós, principalmente os hábitos) podem diminuir ou aumentar o acúmulo de beta amiloide. Quando começa aumentar em quantidade, essas moléculas começam a se unir e formar o que conhecemos como Placas de Beta amiloide, e é ai que o problema começa a se desenvolver de verdade.

- Quando o acúmulo é tão grande que "entope" a sinapses, as micróglias ficam super ativadas e acabam, ao invés de limpar, dando início a uma inflamação irreversível que começa a matar os neurônios. O resultado? Desenvolvimento da doença.

Observem as duas figuras abaixo, de cérebros deteriorados (morte de tecido nervoso leva ao encolhimento) pela doença:




Assusta, não?

Existem genes que podem contribuir para o acúmulo de beta amiloide, como o APO4. Porém, para a maioria das pessoas, os hábitos ao longo da vida influenciam muito mais na formação da doença que a própria genética.

Quer contribuir com seu cérebro e garantir que ele fique o mais saudável possível por mais tempo? Só caprichar nos seguintes pontos:

- Exercícios aeróbicos, uma melhor circulação e, consequentemente, saúde cardiovascular, vai ajudar muito na saúde do seu cérebro.

- SONO! Isso, dormir bem auxilia drasticamente no processo de limpeza e manutenção do nosso cérebro. Uma noite mal dormida já aumenta o acúmulo de beta amiloide.

- APRENDER! Quanto mais eu aprendo, mais estimulo meu cérebro através da neuroplasticidade, formando novas sinapses. Teoricamente, quanto mais sinapses, menores ou mais tardios os sintomas da doenças irão aparecer.


Seu estilo de vida influencia na sua saúde geral, inclusive no seu cérebro!


Agora, para meus alunos da neuroanatomofisiologia:

- Após assistir o vídeo, expliquem, em um texto breve (3-4 parágrafos), como as células do tecido nervoso (neurônios e micróglias) interagem e como passam a interagir conforme aumenta o acúmulo de placas beta amiloides nas sinapses.

- Coloque na discussão os seguintes tópicos, também:

  • Por que os medicamentos atuais ainda não funcionam?
  • Como o sono pode influenciar no processo de desenvolvimento da doença?
  • Qual a relação do aprendizado? O que é a plasticidade neural e como ela está presente na sua profissão?

Para esse último tópico, esse videozinho curto pode ajudar:


Bons estudos meu povo!

terça-feira, 14 de março de 2023

Como melhorar minha criatividade?

Bom dia, pessoal!

Hoje vamos falar um pouco sobre Criatividade.

Ahaaaa a criatividade, que nos falta em muitos momentos, principalmente para nós, professores. Quando eu mais preciso dela, é ai que ela não aparece, que me ignora, que insiste em não permitir que eu crie absolutamente nada.

Existem coachs, livros, treinamentos e as mais variadas teorias sobre como se torar uma pessoa mais criativa. Funcionam? Depende, ou melhor, talvez.

Vamos começar pelo começo.

Conversamos um pouco, esses dias, sobre a nossa capacidade de focar e ter atenção a determinadas tarefas. Se você não leu essa matéria, é só clicar aqui!

Quando estamos prestando atenção em algo, que estamos focados em uma atividade específica (como a leitura, ou aquela sua música preferida), nós estamos afunilando nossa atenção e também, boa parte da nossa capacidade cerebral em um único ponto. 

Quanto mais eu trabalho, quanto mais eu produzo, quanto mais focado em minhas atividades diárias, MENOS criativo eu fico.

Parece controverso, eu sei. Mas já parou para notar que suas melhores ideias aparecem enquanto você toma banho, enquanto dirige, ou quando está relaxando naquele rede na beira do mar?




Sabe porque isso acontece?

Porque a criatividade é fruto do devaneio cerebral, do cérebro livre para pular de pensamento em pensamento, unindo pontos que você jamais conseguiria unir focado em uma atividade específica. 

SEU CÉREBRO PRECISA DESCANSAR, PRECISA SER LIVRE PARA SE DIVERTIR EM RIOS DE PENSAMENTOS, PARA UNIR INOFRMAÇÕES QUE SEU FOCO DEIXA PASSAR.

Na neurociência, esse estado onde nosso cérebro não está focado em nada específico é chamado de Rede Neural de Modo Padrão (RNMP). Notem, é quando você realmente não está fazendo nada, nem mesmo mexendo no celular, mas acordado (dormir não vai ajudar muito, considerando que você cumpre seus horários de sono, claro!).

Deixar o cérebro livre é sinônimo de criatividade.

Mas não, não recomendo deixar ele solto o tempo todo, passar o dia inteiro viajando, porque isso exige muito dele também, podendo gerar aquela canseirinha mental.

Equilíbrio é a solução, um descanso entre as tarefas diárias, aquele bom banho quente, uma meditação rápida durante o expediente, um exercício, algo que desligue sua mente, principalmente dos problemas e desafios que você vem buscando solução.

Faça, e veja a mágica acontecer. 
Lembra da luz acendendo, do nada, em cima da cabeça dos personagens de desenho? É exatamente sobre isso.


Deixe seu cérebro voar, ficar livre para criar, encontre as respostas e traga ele de volta. Mas nunca deixe ele preso por muito tempo. Nossa rotina diária, nossas mil tarefas diárias, não só destroem nossa criatividade como judiam do nosso cérebro ao longo prazo.

Boa semana meu povo!