segunda-feira, 20 de março de 2023

Alzheimer - menos genético e mais ambiental?

Bom dia, pessoal.

Hoje trago algumas informações sobre a Doença de Alzheimer, que cresce em números ano após ano, e tende a atingir 1 a cada 2-3 pessoas nas próximas décadas. 

Para vocês terem uma ideia, hoje, aqui no Brasil, o Alzheimer é a principal causa de demência.

Essa matéria tem alguns objetivos: trazer mais conhecimento a cerca de uma doença neurodegenerativa cada dia mais comum, discutir alguns tópicos e entender como podemos "evitar" ou pelo menos postergar ao máximo o surgimento dos sintomas, entender como as células do tecido nervoso trabalham em conjunto e, de brinde, serve como atividade para meus alunos da Neuroanatomofisiologia.

Assistam ao excelente vídeo da Lisa Genova, autora do livro "Para sempre Alice" (também tem o filme), que retrata um caso de Alzheimer precoce, devido a uma rara genética:


Para quem não conseguir ver o vídeo acima, pode acessar pelo link também:

https://www.youtube.com/watch?v=twG4mr6Jov0&t=4s


O vídeo é fantástico, a didática dessa mulher é algo impressionante.

Mas alguns pontos chamam a atenção e são passíveis de discussão para entendermos melhor:

- As sinapses, que é a forma como nossos neurônios se comunicam (é através delas que sentimos, enxergamos, pensamos, LEMBRAMOS....), é mediada por neurotransmissores (sinapses químicas).

- Durante a sinapse, além do neurotransmissor, também é liberado um peptídeo conhecido como Beta amilóide. Esse peptídeo é retirado das sinapses pelas Micróglias (carinhosamente chamadas de zeladores do tecido nervoso no vídeo, já que cumprem o papel de limpeza e defesa em nosso cérebro). Hoje sabemos que, durante o sono, o líquido cefalorraquidiano (líquor) passa entra as sinapses ajudando nessa limpeza.

- Genética e hábitos (na maioria de nós, principalmente os hábitos) podem diminuir ou aumentar o acúmulo de beta amiloide. Quando começa aumentar em quantidade, essas moléculas começam a se unir e formar o que conhecemos como Placas de Beta amiloide, e é ai que o problema começa a se desenvolver de verdade.

- Quando o acúmulo é tão grande que "entope" a sinapses, as micróglias ficam super ativadas e acabam, ao invés de limpar, dando início a uma inflamação irreversível que começa a matar os neurônios. O resultado? Desenvolvimento da doença.

Observem as duas figuras abaixo, de cérebros deteriorados (morte de tecido nervoso leva ao encolhimento) pela doença:




Assusta, não?

Existem genes que podem contribuir para o acúmulo de beta amiloide, como o APO4. Porém, para a maioria das pessoas, os hábitos ao longo da vida influenciam muito mais na formação da doença que a própria genética.

Quer contribuir com seu cérebro e garantir que ele fique o mais saudável possível por mais tempo? Só caprichar nos seguintes pontos:

- Exercícios aeróbicos, uma melhor circulação e, consequentemente, saúde cardiovascular, vai ajudar muito na saúde do seu cérebro.

- SONO! Isso, dormir bem auxilia drasticamente no processo de limpeza e manutenção do nosso cérebro. Uma noite mal dormida já aumenta o acúmulo de beta amiloide.

- APRENDER! Quanto mais eu aprendo, mais estimulo meu cérebro através da neuroplasticidade, formando novas sinapses. Teoricamente, quanto mais sinapses, menores ou mais tardios os sintomas da doenças irão aparecer.


Seu estilo de vida influencia na sua saúde geral, inclusive no seu cérebro!


Agora, para meus alunos da neuroanatomofisiologia:

- Após assistir o vídeo, expliquem, em um texto breve (3-4 parágrafos), como as células do tecido nervoso (neurônios e micróglias) interagem e como passam a interagir conforme aumenta o acúmulo de placas beta amiloides nas sinapses.

- Coloque na discussão os seguintes tópicos, também:

  • Por que os medicamentos atuais ainda não funcionam?
  • Como o sono pode influenciar no processo de desenvolvimento da doença?
  • Qual a relação do aprendizado? O que é a plasticidade neural e como ela está presente na sua profissão?

Para esse último tópico, esse videozinho curto pode ajudar:


Bons estudos meu povo!

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