quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Como os antibióticos "matam" as bactérias?

 Bom dia, pessoal!

Hoje vamos falar um pouco sobre antibacterianos (os famosos antibióticos) e seus mecanismos de ação.



Antes da explicação, vamos retomar alguns pontos sobre os cuidados necessários ao se utilizar antibióticos:

- tratamentos de 7 dias com antibióticos, por incrível que pareça, precisa durar 7 dias (pasmem, rs) – o tratamento não deve ser interrompido quando somem os sintomas.

- cuidado com a automedicação, pois, além dos riscos de efeitos colaterais (normalmente por errar na dose, para mais) pode não ser eficaz naquela bactéria e o caso evoluir para uma patologia mais grave.

Pronto, os lembretes eram esses, rs. Necessários para não facilitarmos (ou acelerarmos) o surgimento de bactérias resistentes. Assim, evitamos o que mostra a figura:

(Evitar a resistência bacteriana é um dos principais papéis nossos atualmente, como profissionais de saúde)


Eu tenho certeza que você usou antibiótico em algum momento da sua vida, provavelmente, mais de uma vez. Mas como que um comprimido consegue atacar uma bactéria? Como os antibióticos fazem para sarar sua dor de garganta?

Dois pontos são importantes aqui: primeiro, existem 5 mecanismos de ação para os antibacterianos agirem sobre as bactérias. Segundo, todos os antibacterianos são classificados como bacteriostáticos (que impedem o aumento do número de bactérias) e bactericidas (aqueles que matam a bactéria).

 

Observem a figura:



Essa primeira, mais didática, resume os cinco mecanismos de ação dos antibacterianos (o número 6 se encaixa dentro do 4, na inibição da síntese de proteínas).

A figura abaixo é mais completa, e mostra, além dos mecanismos de ação, as formas como as bactérias podem obter um gene de resistência e quais os mecanismos de resistência gerados.

 



 Mas, qual dos mecanismos é bacteriostático, e qual é bactericida?

 

Inibição da Parede Celular:

Bactericida: Antibióticos que destroem a integridade da parede celular bacteriana, levando à lise e morte da bactéria. Exemplo: penicilinas.

 

Inibição da Síntese Proteica:

Bacteriostático ou Bactericida: Pode ser bacteriostático ou bactericida, dependendo do antibiótico e da concentração usada. Inibem a síntese de proteínas bacterianas, o que pode levar à parada do crescimento bacteriano ou à morte da bactéria. Exemplo: tetraciclinas.

 

Inibição da Síntese do DNA ou RNA:

Bacteriostático ou Bactericida: Dependendo da concentração e da bactéria-alvo, podem inibir a síntese de DNA ou RNA, interrompendo o ciclo de replicação bacteriana. Exemplo: fluoroquinolonas.

 

Inibição do Metabolismo Bacteriano:

Bacteriostático: Interferem no metabolismo bacteriano, impedindo a produção de nutrientes essenciais ou a utilização dos mesmos, resultando na inibição do crescimento bacteriano. Exemplo: sulfonamidas.

 

Danificação da Membrana Celular:

Bactericida: Danificam a membrana celular bacteriana, levando à lise e morte da bactéria. Exemplo: polimixinas.

 

Alguns antibióticos podem ser bacteriostáticos em concentrações mais baixas e bactericidas em concentrações mais altas, dependendo das condições e da sensibilidade da bactéria. A classificação como bacteriostático ou bactericida pode variar de acordo com a concentração do antibiótico e a sensibilidade da bactéria.

Lembrem-se, o uso de um bacteriostático exige um sistema imune funcionando corretamente. Pois quando impedimos o crescimento, tornamos as bactérias mais susceptíveis às células de defesa do nosso corpo.

 

Para saber mais sobre o assunto:

http://plantandociencia.blogspot.com/2020/11/antibacterianos.html

http://plantandociencia.blogspot.com/2019/09/resistencia-bacteriana.html


terça-feira, 3 de outubro de 2023

Anticorpos - a poderosa arma dos Linfócitos B contra patógenos

Bom dia, pessoal.

Hoje vamos falar um pouco sobre um mecanismo de defesa magnífico do nosso organismo.

Eles são produzidos pelos linfócitos B, parte do que conhecemos como imunidade adaptativa. São os anticorpos, também conhecidos como imunoglobulinas.

Os anticorpos são proteínas produzidas pelo sistema imunológico em resposta à presença de antígenos (substâncias estranhas), como vírus, bactérias, toxinas e outras moléculas que podem representar uma ameaça ao organismo.

A produção de anticorpos ocorre quando o sistema imunológico reconhece antígenos, que são partes específicas das substâncias estranhas. Os antígenos ativam células do sistema imunológico, como os linfócitos B, que após entender a ameaça, se multiplica e se transforma em um plasmócito, começando a produção e a liberação de anticorpos na corrente sanguínea.

Esses anticorpos são desenhados de forma a se ligar especificamente aos antígenos correspondentes, marcando-os para destruição ou neutralização pelo sistema imunológico. O que explica o nome de adaptativa, desse tipo de imunidade, pois é uma resposta específica a um antígeno.

A função dos anticorpos é crucial para a defesa do organismo. Eles têm várias funções, incluindo a neutralização de antígenos, a opsonização para facilitar a fagocitose (processo de ingestão e destruição de partículas estranhas) e a ativação do sistema de complemento, que auxilia na destruição de antígenos.

Podemos visualizar esses mecanismos de ação com mais detalhes, na maravilhosa figura do livro do Abbas:


Para cumprir seu papel de neutralização, o anticorpo utiliza uma de suas partes, conhecida como porção FAB. Já para ativar outras células e/ou o sistema complemento, ele utiliza sua porção conhecida como Fc. Isso trás um conceito, na imunologia, de segregação espacial do anticorpo, pois cada porção fica responsável por determinada função.