segunda-feira, 2 de março de 2020

Introdução à Genética e suas relações com o Comportamento Humano

Boa tarde pessoal,
Na segunda aula da nossa disciplina de Bases Biológicas do Comportamento Humano, vamos relembrar alguns conceitos básicos de Genética Humana e iniciar uma discussão sobre o papel da genética no comportamento humano.


Para iniciar a aula, gostaria que vocês refletissem sobre três questões (após ler o material, tente respondê-las):
  1. Somos reféns do nosso material genético? Exemplo: nascer em uma família com histórico de doenças psicológicas garante que vou desenvolver um problema psicológico?
  2. Uma experiência (boa ou ruim) ou hábitos podem ser passado de uma geração para outra? Exemplo: vícios ou hábitos bons podem ser passados para a prole?
  3. O comportamento humano é derivado exclusivamente da genética? Ou é importante considerarmos o meio em que a pessoa está incluída, no qual vive suas experiências de vida?

Depois de refletir sobre as questões acima, não tenho dúvida que vocês vão conseguir visualizar de uma forma distinta o conteúdo de introdução à genética e suas relações com o comportamento humano.

Para iniciarmos, precisamos definir o termo DNA: DNA é a sigla para Ácido Desoxirribonucleico, um composto orgânico cujas moléculas contêm as informações genéticas que vão coordenar o desenvolvimento e o funcionamento do organismo de todos os seres vivos. É através dele que os organismos conseguem transmitir as características necessárias para a sobrevivência dos seus descendentes.


A Genética é a ciência que estuda a hereditariedade, os genes e sua transmissão.

Por muito tempo acreditou-se que o gameta masculino (espermatozoide) continha uma miniatura de homem, sendo assim, a mulher seria apenas o gerador do ser humano em desenvolvimento, não contribuindo diretamente para a formação do mesmo. Observe a figura abaixo com um exemplo desse espermatozoide com uma miniatura de homem:


O tempo e a ciência nos mostraram que nada disso é verdade, e, hoje já sabemos muito bem, que todo ser humano contém em seu material genético 46 cromossomos, dos quais 23 vem da mãe e os demais 23 do pai.

Dentro das células, lá no núcleo celular, esses cromossomos se encontram formando pares, então dizemos que possuímos 23 pares de cromossomos, e por isso entramos no grupo dos organismos diploides (2n).

As únicas células em nosso organismo que não são diploides são os gametas, tanto os espermatozoides (masculino) quanto os óvulos (feminino).

Observe a figura abaixo um resumo sobre o nosso material genético, mostrando o cromossomo (que nada mais é que o DNA condensado), a dupla hélice de DNA e as bases nitrogenadas, menor componente do nosso material genético:


Quando falamos em Genes, estamos falando sobre uma porção específica do DNA que contém informação para o nosso corpo produzir uma proteína específica. Entendam que genes diferentes (as combinações são infinitas quando pensamos que aleatoriamente recebemos 23 cromossomos de cada um dos nossos genitores), são responsáveis por gerar proteínas distintas, por isso temos essa gigantesca variedade de características físicas, como cor do olho, cor do cabelo, textura do cabelo, enzimas que ajudam no funcionamento do nosso corpo. Os exemplos aqui são muitos.

Foto pessoal, observe da esquerda para direita: eu, meu irmão e meu pai. Notem as semelhanças e também as diferenças, resultados de uma combinação diferente de genes.

Para exemplificar uma diferença em relação às enzimas do nosso corpo, é só pegar o caso de uma grande parcela da população asiática e sua maior intolerância ao álcool, ou seja, por isso que quando bebem ficam mais vermelhos, pois com uma menor quantidade da enzima álcool desidrogenase, responsável por quebrar as moléculas de etanol em nosso organismo, eles se tornam mais sensíveis e o corpo responde de uma maneira distinta, lembrando sempre que, para qualquer um de nós, o álcool é uma substância tóxica.

Mas como que o material genético, que se encontra dentro do núcleo da minha célula consegue dar origem a uma proteína?

Essa resposta nós encontramos nos conceitos sobre produção de proteínas, que envolve a Transcrição do DNA em uma molécula de RNA, essa molécula de RNA vai até o Retículo Endoplasmático Rugoso onde, passando pelos Ribossomos, é lida e transformado em uma proteína. Observem as duas figuras abaixo mostrando esse processo:



Cromossomos Homólogos:


São aqueles cromossomos que possuem o mesmo conjunto de genes. Um exemplo muito simples para entender esse conceito é pensar que o cromossomo que veio da nossa mãe e contém a informação referente à cor do nosso cabelo vai se unir (ou seja, será homologo) ao cromossomo que veio do nosso pai e que contém a mesma informação.

Outra forma para lembrar é que um cromossomo que contenha as informações sobre a cor do nosso olho não será homólogo do cromossomo que possui as informações sobre o formato do nosso pé.

Dentro dos cromossomos, existe um espaço conhecido como Locus Gênico, referente ao pedaço do cromossomo onde se encontra determinado gene, como mostra a figura:


Aproveitando a figura acima, falamos também sobre o conceito de Alelos, pois cada gene é formado de dois alelos, um vindo da mãe e um vindo do pai. Esses alelos são comumente representados por uma letra maiúscula e uma letra minúscula, como A e a.

A partir desse conceito de alelos, surgem o conceito de gene homozigoto (formado por dois alelos iguais - AA ou aa) e heterozigotos (formado por dois alelos diferentes - Aa).

A partir do conceito de Alelos também surgem mais dois conceitos, que são os de Alelo Dominante e Alelo Recessivo.


Alelo dominante é aquele que expressa suas características mesmo em um gene heterozigoto enquanto o recessivo só vai apresentar suas características quando como Homozigoto.

Um bom exemplo é pedir para vocês cruzarem os braços. Quem cruzou o braço direito por cima possui o Alelo Dominante para isso, o que não faz diferença nenhuma em nossa vida, mas é um bom exemplo.

- Genótipo:

É a constituição genética de cada indivíduo, seus genes, toda a sua informação genética. O genótipo não é alterado ao longo da nossa vida, ou seja, nascemos com ele e morremos com ele da mesma maneira. 

Isso só é alterado quando nosso DNA sofre mutações, como quando expostos a muita radiação (ou radiação constante), como no caso de Hiroshima e a bomba atômica ou o caso de contaminação de Césio em Goiânia.


É o genótipo que gera um dos conceitos que influencia diretamente na primeira questão do começo desta matéria. O conceito de predisposição. Ou seja, podemos ter uma predisposição a alguma doença vinda de um de nossos pais ou de suas famílias, mas graças a Deus ou à evolução, nós não necessariamente vamos desenvolver as doenças as quais temos predisposição. Existe muito do quesito escolha, principalmente em relação a estilo de vida e seus hábitos bons e ruins.

- Fenótipo:

Fenótipo é diferente, é aquilo que é expresso devido ao nosso DNA, aquilo que é visível.

O Fenótipo é resultado da interação entre DNA (genótipo) e meio ambiente, ou seja, é variável, são características que podem variar ao longo do tempo, como nosso peso ou a coloração da nossa pele quando tomamos muito sol.

Uma ótima figura que mostra o resultado da interação dos nossos genes com o meio ambiente para gerar nosso Fenótipo:


- Cariótipo:

Cariótipo é a representação, como uma foto dos nossos Cromossomos. E é um meio muito utilizado para detectar alterações cromossômicas.

Duas figuras são vistas abaixo, a primeira de um cariótipo de uma pessoa sem alterações cromossômicas e, a segunda, de uma pessoa com a chamada Trissomia do cromossomo 21, onde um cromossomo a mais no par 21 gera todas as características da Síndrome de Down:


- Genoma:

Conjunto de todos os genes de uma espécie.

Mas, se possuímos o mesmo genoma, como podem existir tantas características distintas entre nós, humanos? Simples, devida à combinação variável de Alelos. A combinação de diferentes alelos vai resultar em todas as diferentes características que observamos na espécie humana e também em outras espécies.

Para finalizar, deixo como complemento do estudo dessa aula dois materiais. O primeiro, um vídeo que explica um pouco sobre o conceito de Epigenética, que estuda os reguladores gênicos, que são diretamente influenciados pelos nossos hábitos e podem influenciar o DNA de forma a ser passado para as próximas gerações. O segundo material é um artigo de 2015, que discute a relação entre as últimas descobertas da genética humana e sua relação com os comportamentos humanos.

Bons estudos!



Qualquer dúvida, deixem nos comentários abaixo ou me encaminhem um e-mail.

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