Bom dia pessoal, tudo bem?
Seguindo nossos estudos de Neuroanatomia, hoje vamos falar um pouco sobre Meninges e Liquor, os mecanismos envolvidos diretamente com a proteção do nosso encéfalo e da nossa medula espinhal.
Essa aula é baseada no Capítulo 8 do Livro Neuroanatomia Funcional do Machado.
As meninges são três membranas formadas por tecido conjuntivo, com colágeno, que envolvem o nosso Sistema Nervoso Central (SNC), tanto a nível do encéfalo e suas estruturas quanto a nível da medula.
Elas são, de fora para dentro: Dura-Máter (mais espessa e resistente), Aracnoide e Pia-Máter (mais fina, em contato direto com o tecido nervoso):
- Dura-Máter:
Espessa e resistente, composta de tecido conjuntiva conjuntivo muito rico em colágeno.
A Dura-Máter que recobre o encéfalo possui dois folhetos, um externo e um interno. Já quando falamos da Dura-Máter que protege a Medula espinhal, temos apenas um folheto, o interno.
O folheto externo tem uma característica bem interessante que advém do fato de ele ser aderido ao crânio, agindo como uma camada de periósteo. Porém, ele é um periósteo sem a capacidade osteogênica.
Se pensarmos bem, essa falta de capacidade osteogênica tem um lado bom e um lado ruim. O lado bom é que, sem formar osso novo, diminui e muito as chances de um calo ósseo ou algo parecido, o que causaria grande irritação no Encéfalo. O lado ruim é que lesões no crânio dificilmente cicatrizam.
O folheto externo ainda é extremamente vascularizado e inervado. A inervação o difere das demais meninges. O encéfalo não possui terminações nervosas sensitivas, toda a sensibilidade intracraniana se encontra em dois pontos: no folheto externo da dura-máter e nos vasos sanguíneos, ambos os grandes responsáveis por nossas dores de cabeça.
A Figura abaixo demonstra bem a dura-máter:
Atlas de Anatomia - Netter
- Pregas da dura-máter:
Em algumas áreas da dura-máter, o folheto interno destaca-se do externo, formando pregas que dividem a cavidade craniana:
- Foice do Cérebro: septo vertical mediano, em forma de foice, que ocupa a fissura longitudinal do cérebro, separando os dois hemisférios cerebrais.
- Tenda do Cerebelo: projeta-se como um septo transversal entre os lobos occipitais e o cerebelo. Separa a fossa posterior da fossa média do crânio, dividindo a cavidade craniana em um compartimento superior (supratentorial) e outro inferior (infratentorial). Essa divisão é importante clinicamente, uma vez que doenças na parte superior e inferior, principalmente os tumores, apresentam sintomatologias distintas.
- Foice do Cerebelo: divide os hemisférios cerebelares.
- Diafragma da Sela: isola e protege a hipófise - haste hipofisária.
Conseguimos ver, principalmente a foice do cérebro e a tenda do cerebelo nas figuras abaixo:
- Cavidades da Dura-Máter:
Em algumas áreas, os dois folhetos da Dura-máter encefálica se separam, formando cavidades.
Uma dessas cavidades é o Cavo trigemial, as outras, são revestidas de endotélio e contêm sangue, são conhecidas como Seios da Dura-Máter.
Qual a função desses Seios da Dura-Máter?
A resposta é muito simples, são os seios da Dura-Máter que recebem o sangue proveniente das veias do Encéfalo e do Globo Ocular, e, após chegado aqui, esse sangue é drenado para as veias jugulares interna, seguindo seu caminho de volta para o coração.
Na figura abaixo, além de muitas características das meninges e seus espaços, conseguimos observar ao centro um dos principais seios da dura-máter, o Seio Sagital Superior:
- Aracnoide:
A aracnoide, camada intermediária das meninges, é uma membrana muito delicada, justaposta à dura-máter, da qual se separa pelo espaço conhecido como Subdural.
Ela também se separa da pia-máter pelo espaço conhecido como Subaracnoideo, onde encontramos o famoso líquido cefalorraquidiano ou Liquor, que vamos falar mais a frente nesta aula.
A aracnoide tem esse nome devido às trabéculas aracnoideas, que ligam a aracnoide à pia-máter, em um aspecto de teia de aranha.
- Cisternas subaracnoideas:
A aracnoide acompanha a dura-máter, e ambas acompanham grosseiramente a superfície do encéfalo. Diferente da pia-máter, que acompanha o contorno do encéfalo em todos seus sulcos e depressões.
Assim, o espaço subaracnoideo possui profundidade variável, formando as conhecidas Cisternas aracnoideas, preenchidas de líquor.
- Granulações aracnoideas:
Pequenos tufos de aracnoide que penetram no interior dos seios venosos da dura-máter, constituindo as granulações aracnoideas, onde o liquor é drenado para a circulação sanguínea.
Podemos observar essas características na figura abaixo:
- Pia-Máter:
É a mais interna das meninges, aderindo intimamente à superfície do encéfalo e da medula espinhal, cujos relevos e depressões acompanha, descendo até o fundo dos sulcos cerebrais.
Sua porção profunda recebe numerosos prolongamentos dos astrócitos do tecido nervoso, constituindo a chama membrana pio-glial.
A pia-máter é responsável também por conferir resistência aos órgãos nervosos, visto que o tecido nervoso é de consistência muito mole.
Ela também acompanha os vasos que penetram no tecido nervoso, a partir do espaço subaracnoideo, assim, os vasos cerebrais são também revestidos por liquor, muito importante para amortecer o efeito da pulsação das artérias cerebrais.
Observem, na figura abaixo, que a pia-máter continua dentro dos sulcos do nosso cérebro:
- Liquor ou Líquido Cefalorraquidiano (LCR):
Liquor, Líquido Cefalorraquidiano (LCR) ou Líquido Cérebro-espinhal é um fluído aquoso e incolor, que ocupa o espaço subaracnoideo e as cavidades ventriculares.
A função do liquor é a proteção mecânica do SNC, formando como se fosse um coxim líquido, um sistema de amortecimento entre os tecidos nervosos e os componentes ósseos.
Assim, qualquer pressão ou choque sobre um ponto do líquido distribui-se igualmente entre as partes (Princípio de Pascal), sendo um excelente sistema de amortecimento contra choques.
Pelo fato do espaço subaracnoideo envolver todo o SNC, este fica submerso em líquido, o que "diminui" seu peso, reduzindo os riscos de traumatismos no encéfalo resultantes do contato com os ossos do crânio.
O volume total de liquor é de cerca de 100 a 150 mL, totalmente renovados a cada oito horas, ou seja, a produção diária pode chegar a 500 mL.
O liquor é produzido pelos Plexos corioides, através de um processo de filtração do plasma e secreção de elementos específicos (por isso sua composição é diferente da do plasma). Todo esse processo de produção ocorre dentro dos Ventrículos Encefálicos.
Observe nas figuras abaixo a circulação do LCR:
Era isso que tínhamos para falar hoje pessoa, bons estudos!
Professor, que super explicação! Que rigor de detalhe!
ResponderExcluirFico contente por ter gostado.
ExcluirObrigado pelo feedback!