quarta-feira, 13 de março de 2019

O que acontece com os neurotransmissores após a sinapse?

Bom dia pessoal,

Essa matéria é continuação de duas anteriores, uma onde falei sobre sinapse química e a outra que falei dos neurotransmissores:




Falamos até agora sobre como o potencial de ação chega ao terminal sináptico, abre os canais de cálcio dependente de voltagem, o influxo de cálcio que estimula a ligação das vesículas sinápticas à membrana do neurônio, permitindo a liberação do neurotransmissor na fenda sináptica. Esse neurotransmissor percorre a fenda sináptica e se liga a receptores de membrana da células pós-sináptica, e cumprem sua função, gerando outros potenciais de ação (quando o potencial pós-sináptico é excitatório) ou inibindo a célula pós-sináptica (potencial pós-sináptico inibitório).

Ok, resumimos de forma bem simplificada tudo o que acontece na transmissão sináptica. Mas e o neurotransmissor? O que acontece com ele após cumprir seu papel de transmitir informação?

Após ser utilizado, o que ocorre em milissegundos, os neurotransmissores se liberam dos receptores de membrana e podem seguir três caminhos diferentes:
  1. Difusão (corrente sanguínea);
  2. Degradação enzimática;
  3. Recaptação (mais utilizada).

Podemos observar esses processos na Figura 1, abaixo:

Figura 1:
Os neurotransmissores podem se difundir para longe do terminal sináptico, e isso ocorre quando encontram um vaso sanguíneo e seguem o fluxo sanguíneo. Normalmente, são rapidamente degradados.

O segundo caminho após cumprir sua função, é a degradação no próprio terminal sináptico. Nesse processo, enzimas presentes nessa região quebram os neurotransmissores em seus constituintes. Esses constituintes então são absorvidos pela célula pré-sináptica e entram novamente no processo para formar novas moléculas de neurotransmissores.

O último meio, ou o último caminho que pode ser percorrido por um neurotransmissor após cumprir sua função, é ser recaptado. Ele pode ser recaptado pelas células da glia, que envolvem a sinapse, mas o mais comum por ser o que acontece com maior frequência é a recaptação pela própria célula que o liberou, ou seja, sua recaptação pelo neurônio pré-sináptico.

Quando essa substância química é recaptada, volta a ser transportada para dentro das vesículas sinápticas esperando a hora para ser liberada e cumprir seu papel novamente na passagem de informação pela sinapse. Pensem, antes de tudo, que a reutilização dessas moléculas é uma bela forma de economizar energia para nossos neurônios.

Quando falamos de recaptação, podemos lembrar de dois bons exemplos, o da serotonina e o da dopamina, que costumam ser recaptadas pelos neurônios que as liberaram. Quando existe baixos níveis desses dois neurotransmissores, como na depressão, utiliza-se medicamentos que bloqueiam esse processo de recaptação, permitindo que essas moléculas continuem a cumprir repetidamente e por mais tempo que o normal suas funções no receptor pós-sináptico. Esses medicamentos, então, aumentam a disponibilidade ou o tempo de ação dos neurotransmissores envolvidos.

Para encerrar, vou utilizar o exemplo de outro neurotransmissor muito utilizado, a acetilcolina, que escrevi na matéria dos neurotransmissores, cujo link se encontra ali em cima. Notem que, aqui, a acetilcolina é quebrada no terminal sináptico e a colina, resultado dessa quebra, que é reabsorvida pela célula pré-sináptica.


... Esse neurotransmissor é sintetizado no terminal pré-sináptico e transportado para dentro das vesículas sinápticas específicas. Quando essa vesículas liberam a acetilcolina na fenda sináptica, ela cumpre seu papel nos receptores pós-sinápticos e é rapidamente degrada pela enzima colinesterase. Enquanto a vesícula que estava unida à membrana se desprende e volta a ser uma nova vesícula, a colina, resultante da quebra da acetilcolina, volta para o terminal pré-sináptico (de volta para o neurônio que a liberou), onde entrará novamente no ciclo para a formação de acetilcolina...

Processo que conseguimos observar na figura abaixo:

Figura 2:

Obrigado pela atenção pessoal.
Bons estudos!