terça-feira, 7 de março de 2023

Como funciona o Foco?

Bom dia, pessoal.

"Talvez, o maior desafio do ser humano seja manter um pensamento longo e concentrado" - Hugo Gernsback, 1925.

Olha, Hugo, se em 1925 estava difícil prestar atenção e ter foco por longos períodos, imagina agora, em 2023, onde o instagram, o whatsapp, o tik-tok, dentre diversas outras redes sociais e notificações piscam a cada 2 segundos em nossos celulares.

Distrações existem aos milhões, todo o tempo.
Unidas ao estresse diário, se tornam uma bomba para nossa atenção e nossa memória. Vamos ficando cada vez mais no piloto automático, o que nos deixa cada vez menos atentos, formando menos memórias de qualidade. Um enorme ciclo de desperdício de tempo, que nem temos tanto assim.

Mas então, como resolver a questão dos barulhos e distrações atuais? 

Uma opção bem interessante data de 1925: o capacete anti-distração, denominado de Isolator:


Imagina que sensação agradável ficar com um "pequeno" capacete de metal apoiado em seu pescoço, enxergando por duas "janelinhas", tendo que estudar ou escrever um relatório importante do trabalho. Um excelente estímulo positivo para o cérebro, rs.

Olha a estrutura desse capacete:



Eu não consigo imaginar nada mais agradável e que favoreça a criatividade da pessoa que o Isolator.

Mentira, vejo sim:


As opções para ruídos, hoje, são muitas e bem mais confortáveis, mas não são apenas estímulos auditivos que podem nos distrair. Os visuais, talvez, sejam os principais para a maior parte das pessoas.

Hoje, nós temos MUITAS opções de informação (nem todas verdadeiras, sempre importante frisar), em uma velocidade assustadora como a das redes sociais. Tanta informação, em tão pouco tempo, diminui o nosso limiar de atenção. Traduzindo, torna mais difícil para uma pessoa conseguir focar por um período maior de tempo em qualquer atividade.

Vai me falar que você nunca ficou com preguiça de ler a legenda de uma foto com mais de dois parágrafos? E aquele vídeo de 1 minuto, que nos 25 segundos você já tinha entendido e tinha cansado de ver? Limiar de atenção reduzido, nós estamos maltratando nosso foco e nossa atenção, e isso é o que mais influencia em nossa formação de memórias. Eu só guardo o que eu prestei atenção, esse é um dos principais filtros para o nosso cérebro decidir o que guardar e o que jogar fora durante nosso sono.



Como funciona nosso foco?


Primeiro ponto é: Nosso cérebro não é programado para multi-tarefas.

Eu sei, as mulheres são infinitamente melhores na questão do multi-tarefa, é incrível a diferença. As vezes tenho a impressão de que o cérebro delas funciona melhor, parece que é mais eficiente. Talvez seja a menor quantidade de testosterona, que permite uma melhor utilização da parte racional do cérebro delas.

Mas, se analisarmos bem mesmo, quanto mais tarefas realizadas ao mesmo tempo, menor a qualidade de execução de cada uma. Isso é um fato.

O próprio conceito de prestar atenção em algo, com qualquer sentido que seja (focar a visão, focar a audição, focar o olfato para identificar um perfume), focar em algo significa afunilar a minha atenção para aquele ponto, para aquela tarefa. 


Sabe quando você diminui o volume da música para enxergar melhor? Faço isso sempre que preciso identificar o número de uma casa que ainda não conheço.



Neurocientificamente falando, quando eu foco minha visão na leitura de um livro, a região do córtex cerebral relacionada a visão vai aumentar de atividade, porque os neurônios ali presentes estão trabalhando acima do normal. Em contrapartida, as regiões do córtex relacionadas à audição, ao paladar, ao tato e ao olfato estão trabalhando menos que o normal. O foco me permite decidir em qual sentido eu presto mais atenção, conseguindo extrair o melhor daquela experiência.

Você já experimentou parar para realmente escutar sua música preferida, de preferência de olhos fechados? 
Já parou para ter uma refeição focando exclusivamente no ato de comer e mastigar, apreciando o sabor? 

São experiências sensoriais de outro nível, que além da sensação de prazer, ainda nos permite treinar o foco, melhorando nossa capacidade de atenção e consequentemente nosso processo de formação de memórias. Só vantagens!

"Eu consigo estudar ouvindo música"
Eu também. 
Mas repare bem: ou você está lendo o conteúdo ou você está ouvindo a música, seu foco nunca está nos dois ao mesmo tempo. 
Quase que automaticamente, quando presto atenção na música deixo de focar na leitura, quando foco na leitura a música automaticamente passa a ser o som ambiente, não demandando minha atenção para ela.

Nosso cérebro é seletivo, o foco é seletivo.


Você já meditou alguma vez?
Muita gente acredita que meditar é deixar a mente livre, como se fosse um descanso. Pelo contrário, é um exercício de foco.

Para quem já praticou, quando focamos na respiração, prestando atenção em cada etapa dela, nosso cérebro realmente vai se aquietando, o nível e a intensidade dos pensamentos que surgem vai diminuindo, dando aquela sensação de relaxamento. Isso faz um bem danado para o cérebro.

Além do fato de que, respirando com calma e com atenção, a oxigenação de todo o meu corpo melhora. Toda sua fisiologia, todas os seus órgãos, agradecem por receber mais oxigênio. Como se não bastasse, ainda treino meu foco. Tanto por focar na respiração em si, quanto por melhorar a oxigenação do cérebro. Novamente, só vantagens!

Já tentei, não sirvo para meditar.
Exercício físico.
A maior parte deles exige foco e concentração (se não você pode se machucar, e até gravemente). Corpo trabalhando mais, principalmente em exercícios aeróbicos, cérebro recebe mais oxigênio. Novamente, estou fornecendo mais combustível para meu cérebro e, ainda, treinando o foco.

Encontre a sua atividade física, pode ser luta, natação, corrida, academia, qualquer coisa. Mas lembre que o corpo e o cérebro não funcionam de maneira separada. O corpo abastece o cérebro, o cérebro controla o corpo. Corpo são, mente sã. 

Já sabemos disso a muito tempo.

Seguindo uma rotina, conseguimos melhorar demais o nosso foco, que melhora nossa atenção (ou vice-versa), que melhora nosso processo de formação de memórias. Quanto mais aprendemos, um maior arsenal de ferramentas temos disponível para enfrentar os estresses do dia a dia, permitindo uma maior desenvolvimento pessoal e profissional.

Se quiser aprofundar no assunto de como nosso cérebro lida com distrações, recomendo o artigo abaixo:


Vocês encontram ele completo aqui:



Bora treinar o foco?
Seguimos!

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