domingo, 24 de março de 2019

Sistema Muscular

Boa tarde pessoal,
hoje falaremos um pouco sobre o Sistema Muscular.

Esse resumo é, em partes, baseado no Capítulo 4 do Livro Anatomia Humana Básica - Dangelo e Fattini.

As chamadas célula musculares (miócitos) são células especializadas em contração e relaxamento, também conhecidas como células excitáveis.
Essas células agrupam-se em feixes para formar os músculos, que se encontram fixados por suas extremidades. Os músculos são estruturas que movem os segmentos do corpo por encurtamento da distância que existe entre suas extremidades fixadas, através da contração.

A miologia estuda os músculos.  Junto aos ossos e às articulações formam nosso Aparelho locomotor. Sendo os músculos os elementos ativos do movimento.

Além de possibilitar o movimento, a musculatura mantém as peças ósseas unidas e determina a posição e a postura do esqueleto.


- Tipos de Músculos:

A célula muscular está sob o controle do sistema nervoso. Cada músculo possui seu próprio nervo motor, o qual se divide em diversos ramos para poder controlar todas as células do músculo.
O principal tipo muscular que estudaremos, o músculo estriado esquelético, está sob controle voluntário. São estriados pois as fibras apresentam estriações transversais. Os músculos lisos, se diferenciam histologicamente pois não apresentam essas estriações e estão sob controle involuntário, são os principais constituintes de nossos órgãos (vísceras). Um terceiro tipo, o músculo estriado esquelético, também apresenta estriações só que não se encontra sob controle voluntário.

Podemos visualizar os três tipos na figura a baixo:

- Componentes do Músculo Estriado Esquelético:

Um músculo esquelético típico possui uma porção média e extremidades. A porção média, mais carnosa, recebe o nome de ventre muscular. Neles, predominam as fibras musculares, sendo assim a parte ativa do músculo, ou seja, a parte contrátil. 
Já as extremidades, quando possuem um formato de fita recebem o nome de tendões e quando são laminares recebem o nome de aponeuroses.

Tanto os tendões quanto as aponeuroses são esbranquiçados, muito resistente e praticamente inextensíveis, constituídos por tecido conjuntivo denso, rico em colágeno (fibras colágenas). Tendões e aponeuroses possuem a função de prender o músculo ao esqueleto.


Exceções:
  • Tendões e aponeuroses nem sempre se prendem ao esqueleto, podendo se ligar às capsulas articulares, cartilagens, derme, outros músculos...
  • Em alguns músculos, as fibras dos tendões possuem dimensões tão reduzidas que a impressão que temos é de que o ventre muscular se prende diretamente no osso.

- Fáscia Muscular:

É uma lâmina de tecido conjuntivo que envolve cada músculo. Sua espessura varia de músculo para músculo, dependendo de sua função.

Algumas vezes, a fáscia muscular é muito espessa e contribui na fixação do músculo ao esqueleto.
Para uma contração eficiente, gerando uma tração adequada, os músculos precisam estar contidos dentro de uma bainha elástica, papel cumprido pela fáscia muscular. Além disso, ela permite o fácil deslizamento dos músculos entre si.
Podem ainda, em alguns músculos, apresentar-se espessada e dar origem a prolongamentos que terminam se fixando no osso e recebem o nome de septos intermusculares.




- Mecânica Muscular:

A contração do ventre muscular vai produzir um trabalho mecânico, em geral representado pelo deslocamento de um segmento do corpo. Isso deixa claro que o ventre muscular não se encontra preso ao esqueleto, para poder contrair-se livremente.
As extremidades dos músculos prendem-se em pelo menos dois ossos, de maneira que o músculo cruza a articulação. Quando se contrai, o ventre muscular diminui seu comprimento, deslocando a peça esquelética.


As fibras musculares podem reduzir seu comprimento, em relação ao estado de repouso, em cerca de um terço ou até metade do tamanho normal.

A potência/força do músculo está diretamente relacionada com o número de fibras do ventre muscular e a amplitude de contração depende de seu grau de encurtamento.

Como dito, o trabalho de contração do músculo esquelético gera o deslocamento de peças ósseas. Quando falamos do músculo liso ou do estriado cardíaco, o trabalho de contração consiste em expelir ou impulsionar o conteúdo do órgão em questão. 
  • Músculo cardíaco = impulsionar o sangue;
  • Intestino = mover o bolo alimentar, movimento conhecido como peristaltismo.

- Origem e Inserção:

Origem = extremidade do músculo presa à peça óssea que não se desloca.
Inserção = extremidade do músculo presa à peça óssea que se desloca.

Por isso, alguns autores também os chamam de ponto móvel e ponto fixo, mas o mesmo já não é tão utilizado.

Exemplo: o músculo braquial prende-se na face anterior do úmero e da ulna, atravessando a articulação do cotovelo. Ao contrair-se, executa a flexão do antebraço. Assim, considera-se a extremidade umeral (proximal) como origem e a ulnar (distal) como inserção.

Nos membros, geralmente a origem de um músculo é proximal e a inserção distal. Porém, convém ressaltar que o músculo pode alterar seu ponto de origem e inserção em determinados movimentos. 
Exemplo: quando uma pessoa eleva o corpo em uma barra, é o braço que se flete sobre o antebraço e a peça óssea deslocada é o úmero. Considerando a ação do músculo braquial, a extremidade ulnar passa a ser a origem (ponto fixo) e a extremidade umeral a inserção (ponto móvel).

- Classificação dos Músculos:

1) Quanto à forma do músculo e arranjo de suas fibras:

A função do músculo condiciona sua forma e arranjo de suas fibras. Como as funções dos músculos são múltiplas e variadas, também p são sua morfologia e arranjo de suas fibras. De um modo geral, os músculos têm as fibras dispostas Paralelas ou Oblíquas à direção de tração exercida pelo músculo.

  • Disposição paralela das fibras: pode ser encontrada tanto em músculos onde predomina o comprimento (músculos longos - m. esternocleidomastoideo), quanto em músculos nos quais o comprimento e largura se equivalem (músculos largos - m. glúteo máximo). Nos músculos longos é comum uma convergência das fibras em direção aos tendões de origem e inserção, de tal modo que na parte média o músculo tem maior diâmetro que nas extremidades, recebendo o nome de fusiforme (ex: m. bíceps braquial). Nos músculos largos as fibras podem se convergir para um tendão em uma das extremidades, parecendo um leque (ex: m. peitoral maior). Podemos ver exemplos nas figuras que se seguem:



  • Disposição Oblíqua das Fibras: músculos cujas fibras são oblíquas em relação aos tendões são denominados Peniformes (parecido com uma pena). Se os feixes musculares se prendem apenas em uma borda do tendão, são denominados músculos Unipenados (ex: m. extensor longo dos dedos do pé). Se os feixes se prendem nas duas bordas do tendão, recebe o nome de Bipenado (ex: m. reto da coxa). Existem ainda, músculos que são multipenas (ex: m. deltoide). 

2) Quanto à Origem:

Quando os músculos se originam por mais de um tendão, possuem mais de uma cabeça de origem. Podem ser, a partir disso, bíceps, tríceps ou quadríceps, conforme apresentam 2, 3 ou 4 cabeças de origem. Exemplos clássicos: músculo bíceps braquial, m. tríceps da perna e m. quadríceps da coxa.

3) Quanto à Inserção:

Podem também inserir-se por mais de um tendão, sendo bicaudados (m. tibial anterior) quando há dois tendões e policaudados (m extensor longo dos dedos do pé) quando existem três ou mais tendões.

4) Quanto ao ventre muscular

Alguns músculos apresentam mais de um ventre muscular, com tendões intermediários situados entre eles. São digástricos os músculos que apresentam dois ventres (ex: m. digástrico) e poligástricos, os que apresentam número maior de ventres (m. reto do abdome).



5) Quanto à ação:

Dependendo da ação principal resultante da contração muscular, o mesmo pode ser classificado como flexor, extensor, adutor, abdutor, rotador medial, rotador lateral, pronador, supinador, flexor plantar, flexor dorsal...

- Ação Muscular:

Analisar o movimento de um músculo, apesar de parecer simples, é uma atividade extremamente complexa. Quando dizemos que um músculo é o flexor do antebraço, estamos nos referindo à sua ação principal. Porém, diversos músculos estão agindo também. Essa ação conjunta é o que chamamos de coordenação motora. 
É importante ressaltar que em um movimento voluntário, há um enorme número de ações musculares involuntárias.

Um exemplo de fácil visualização: se vamos pegar o celular, o movimento dos dedos é o principal. Porém, o antebraço é estendido, alguns músculos estabilizam o ombro, outros agem sobre a coluna para estabilizar o tronco e ainda outros agem nos membros inferiores, tudo afim de assegurar o equilíbrio e possibilitar a perfeita execução do movimento desejado.

- Classificação Funcional dos Músculos:

Quando um músculo é o agente principal de um movimento ele é chamado de Agonista. Quando um músculo se opõe à ação do agonista, seja regulando a rapidez ou a potência de ação do mesmo, ele é chamado de Antagonista.

Quando um músculo atua no sentido de eliminar um movimento indesejado que poderia ser produzido pelo agonista, ele recebe o nome de Sinergista.

No exemplo citado a cima, do celular, os músculos que não estavam diretamente relacionados ao movimento principal (apanhar o celular), mas que estabilizam as diversas partes do corpo para torná-lo possível, recebem o nome de fixadores ou posturais.

- Inervação e Nutrição:

Como falamos no começo da aula, os músculos são inervados pelo sistema nervoso central (SNC). Por isso, nenhum músculo se contrai se não receber estímulo do SNC. Caso o nervo seja seccionado, o músculo deixa de funcionar e atrofia.

Para executar seu trabalho mecânico, os músculos precisam de grande quantidade de energia. Por isso, recebem grande e eficiente suprimento sanguíneo através de uma ou mais artérias, que neles penetram e se ramificam intensamente, formando um extenso leito capilar. Nervos e artérias penetram sempre pela face profunda do músculo, pois assim estão mais protegidos.

Era isso que tínhamos para falar hoje pessoal.
Em relação a músculos, em breve vou escrever sobre hipertrofia e atrofia.

Bons estudos!