quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Regulação das Funções corporais e Sistemas de Feedback

Boa noite pessoal, tudo bem?
Na semana passada demos início à nossa disciplina de Fisiologia Humana.

Para quem ainda não leu a matéria da primeira aula, recomendo a leitura antes de prosseguir na matéria de hoje:

Hoje completamos o conteúdo apresentado na aula anterior, apresentando conceitos sobre a Regulação das funções corporais e sobre os famosos e famigerados mecanismos de Feedback (para nós, brasileiros, retroalimentação, mas vamos manter feedback porque em todo os lugares vocês irão encontrar assim, rs).

Esse material foi desenvolvido através dos capítulos inciais do Tratado de Fisiologia Médica, do Guyton.

Na primeira aula, estudamos conceitos básicos como a definição de Fisiologia Humana, LIC e LEC e suas relações, e o famoso termo conhecido como Homeostase, que chamamos de equilíbrio dinâmico.

Mas quem controla tudo isso?



Primeiro, acredito que vocês concordem que essa não é a melhor pergunta. Estudamos na primeira aula que praticamente todas as células e órgãos participam, mesmo que um pouquinho, para a manutenção do equilíbrio interno (isso, claro, se estiverem funcionando adequadamente, saudáveis).

Porém, existem dois sistemas que se sobressaem e acabam inclusive regulando os demais órgãos e sistemas que compõem o nosso organismo: O Sistema Nervoso (SN) e o Sistema Endócrino (e seus pequenos e potentes hormônios).

Observem a figura:



Vocês concordam comigo que ela é mais anatômica que fisiológica, certo? Vocês já aprenderem na Anatomia (e caso não lembrem, tem matéria a respeito aqui no blog), que o Sistema Nervoso é dividido anatomicamente em Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Nervoso Periférico (SNP). 

Agora, na fisiologia, nós passamos para uma visão mais funcional do SN. Podemos considerar o SNP como a porção transmissora de informações, seja a informação levada ao SNC ou trazida dele (para contração muscular, por exemplo). Já o SNC, e, mais especificamente o cérebro (apesar que podemos considerar o encéfalo aqui) é tratado na Fisiologia como a porção Integradora, pois é a porção responsável por Interpretar os estímulos que recebe do SNP e gerar as respostas adequadas (além de todas as nossas maravilhosas habilidades cognitivas).

Complementando o poder de comando e regulação exercido pelo Sistema Nervoso, temos o Sistema Endócrino e seus hormônios. Para você começar a refletir sobre a importância dos hormônios para o bom funcionamento do organismo, basta analisar os sintomas de uma pessoa com hiper ou hipotireoidismo, por exemplo (muitas características são alteradas, físicas, fisiológicas, comportamentais).

Observem as alterações mais comuns nas alterações da tireoide na figura, para entenderem a importância dos hormônios no bom funcionamento do nosso organismo:



Assim, dessa primeira parte da nossa aula de hoje, podemos concluir que os dois principais sistemas de regulação da nossa fisiologia são o Sistema Nervoso e o Sistema Endócrino.

Apesar de eficientes e bem interessantes, todos os mecanismos de regulação de nossas funções corporais tem por trás o mecanismo mais complexo de regulação em toda a biologia, o nosso material genético!!

Mas, apesar de bem variados, os mecanismos de controle, chamados por alguns de mecanismos homeostáticos, possuem algumas características em comum, e, dentre elas, o mecanismo de feedback é importante para continuarmos nossos estudos!

Feedback?? 



Quando falamos em feedback, dividimos esse mecanismo em dois tipos: negativo e positivo.
Se atentem a essa nomenclatura. 

O feedback negativo é aquele onde existe um desequilíbrio inicial e as respostas geradas visam acabar com esse desequilíbrio (por isso negativo, negativo em relação ao desequilíbrio). Isso serve, por exemplo, tanto para o aumento nos níveis de um hormônio como a testosterona quanto para a diminuição do mesmo hormônio. O feedback negativo, então, visa restaurar o equilíbrio.

Já o positivo é o contrário, ele acaba aumentando o desequilíbrio, e, como não visa a volta ao estado de equilíbrio, ele é menos utilizado pelo nosso organismo.

Mas vamos para uma explicação mais completa de cada um e com exemplos:

  • Feedback Negativo:
A maioria dos sistemas de controle do organismo agem por meio do feedback negativo.

Um exemplo clássico é a regulação do Dióxido de Carbono (CO2). Se sua concentração no LEC aumenta, aumenta nossa ventilação pulmonar, o que gera uma diminuição na concentração de CO2 no LEC.

Em outras palavras, a alta concentração de CO2 desencadeia eventos que diminuem a concentração do próprio CO2 até os valores normais, o que é uma resposta negativa (contrária) ao estímulo inicial. Se a concentração de CO2 está muito baixa, existe a produção de um feedback para aumentá-la, o que também é um efeito negativo em relação ao estímulo inicial, sendo assim um feedback negativo.

Nos mecanismos de regulação da PA, a pressão elevada causa uma série de reações que promovem redução da pressão, ou a pressão baixa faz com que uma série de reações eleve a pressão. Em ambos os casos, esses efeitos são negativos em relação ao estímulo inicial.

No geral, então, podemos dizer que se algum fator se torna excessivo ou deficiente, um sistema de controle aciona um mecanismo de feedback negativo, gerando uma série de alterações que restabelecem o valor médio do fator, buscando sempre manter a homeostasia.

Exemplo de feedback negativo:


  • Feedback Positivo:
Para entender o por que o corpo utiliza mais o feedback negativo do que o positivo é só pensar no seguinte: o feedback positivo, por essência, não leva à estabilidade e sim à instabilidade, sendo que em alguns casos pode levar até à morte.


No gráfico acima, vemos que o coração de uma pessoa saudável bombeia em média cerca de 5 litros de sangue por minuto. Se a pessoa perde subitamente 1 litro de sangue, seu corpo consegue fazer as alterações necessárias através dos sistemas de controle e retorna os valores ao normal. Se a pessoa perder subitamente 2 litros de sangue, a quantidade de sangue no corpo cai tanto que é insuficiente para o bom funcionamento do bombeamento cardíaco. Em consequência, temos a diminuição da PA, diminuindo também o retorno sanguíneo para o coração, enfraquecendo mais e mais, em cada ciclo, o coração, diminuindo a pressão e assim por diante. Até que, depois de repetidas vezes nesse ciclo vicioso, a pessoa vem a óbito.

Observe nesse exemplo acima que cada ciclo de feedback positivo (pois vai aumentando o estímulo inicial), há maior enfraquecimento do coração.

Porém, quando o feedback positivo é moderado, os mecanismos de feedback negativo conseguem superá-lo, e o círculo vicioso não se inicia.

O feedback pode ser útil e utilizado pelo corpo em algumas ocasiões:

- Coagulação sanguínea: interior do próprio coágulo tem ativação de enzimas (fatores) de coagulação. Essas enzimas agem no sangue próximo aumentando a coagulação. Isso ocorre até que o orifício aberto se feche e cesse o sangramento inicial.

- Parto: contrações uterinas fortes o suficiente para que a cabeça do bebe empurre o colo uterino gera uma resposta no corpo do útero, tornando as contrações uterinas mais fortes e intensas. Quando esse processo (ciclo) fica suficientemente poderoso, o bebe consegue nascer.



Era isso meu povo, qualquer dúvida é só deixar nos comentários.
Bons estudos!

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