terça-feira, 2 de abril de 2019

O cérebro criativo

Bom dia pessoal,
hoje vamos falar sobre criatividade, ou melhor, sobre o cérebro criativo. Como podemos utilizar nosso poderosíssima máquina para melhorar nossa criatividade.

Essa matéria é baseada no capítulo "O cérebro criativo" do livro "O cérebro e a inteligência emocional - novas perspectivas" do grande neurocientista Daniel Goleman.


Em 1970, iniciou-se mais um mito sobre o cérebro humano, desta vez relacionado à criatividade. Ficou conhecido como o cérebro direito sendo a porção boa para a criatividade, enquanto o hemisfério esquerdo, mais racional, seria uma porção ruim para a criatividade.

Porém, décadas de pesquisa depois, sabemos hoje que não é apenas o cérebro direito, pois a criatividade envolve o cérebro inteiro: "esquerdo-direito-acima-abaixo", conforme esse estado de cérebro criativa acessa uma extensa rede de conexões.

Mas então, como resolvemos aquele problema que está tirando nossa paz? Como pensar em algo novo, algo criativo?



Existe um modelo clássico de pensamento, dominante, sobre como podemos influenciar nosso criatividade. Quem já pesquisou sobre o assunto já deve ter lido sobre, é conhecido como Modelo de quatro estágios da criatividade, datando de mais de um século:
  1. Primeiro passo: definir o problema a ser resolvido. O que precisa ser feito?
  2. Segundo passo: reunir ideias, dados e informações sobre o problema em questão. Qualquer coisa que possa te ajudar com a criatividade relacionada ao tema.
  3. Terceiro passo: relaxar. Como assim Bruno? É isso mesmo, após saber qual o problema e reunir dados sobre o mesmo, você precisa esquecê-lo durante um tempo. Quem nunca ouviu falar que as melhores ideias surgem quando estamos no banho, ou fazendo uma caminhada, ou até mesmo dormindo? O grande detalhe aqui é saber quando relaxar.
  4. Quarto passo: execução.  Aqui, colocamos o que aprendemos e pensamos nas três etapas anteriores em prática, hora da ação, de fazer!
Esse modelo funciona para muita gente, porém, sabemos que na vida real nada funciona tão simples assim.
Goleman cita dois exemplos de como grandes mentes em seus segmentos lidam com a criatividade:

O primeiro, George Lucas (Star Wars), diz que quando precisa escrever ou revisar algum roteiro, ele se "esconde" em uma cabana atrás da sua casa, e ali fica, em um processo de trabalho focado e continuo, até produzir o conteúdo esperado. É a cabana então que ativa sua criatividade? Jamais, ele só escolhe um local que o faz bem e permite que ele fique focado no problema pelo tempo necessário, sem distrações.

A segunda pessoa, Adrienne Weiss, é uma mulher responsável por reformular e dar vida a grandes marcas. Após receber a missão de reformular uma marca famosa de sorvetes dos EUA (Baskin-Robbins). Após pensar muito tempo sobre o assunto e estudá-lo, ela não saiu do lugar. Porém, uma noite, enquanto dormia, acordou em meio a um sonho com uma ideia sobre o logotipo que não só deu certo como revolucionou a marca. Novamente, milagre? Claro que não, após se debater por muito tempo sobre o problema, em um momento de relaxamento ela teve o que chamamos de insight criativo. Aquela luz que acende em cima da nossa cabeça!

Esse momento de relaxamento, onde as ideias costumam surgir, é denominada por muitos cientistas e não cientistas como ócio criativo.



Estudos com imagens revelaram o que acontece no momento Aha!, quando temos uma ideia repentina. Quando foram medidas as ondas eletromagnéticas durante um momento de criatividade do cérebro através de um eletroencefalograma, descobriu-se que existem picos de ondas gama, que representa a ligação e a comunicação entre os neurônios. Ou seja, ela mostra uma grande rede de neurônios formando uma nova conexão, uma nova associação. O mais interessante é que isso ocorre antes de tomarmos consciência da ideia.

Essa atividade intensificada de neurônios ocorre na área temporal, principalmente no córtex direito. Mesma área responsável pela interpretação de metáforas e piadas. Ela entende a linguagem do inconsciente, dos poemas, das artes, dos mitos. 
Então, esse pico de ondas gama elevado nos mostra que o cérebro teve um novo insight.

Mas então, qual a melhor maneira de ativarmos essa capacidade criativa cerebral? Primeiro, se concentrar intencionalmente no problema ou no objetivo (dois primeiros passos), depois relaxar, para entrarmos no terceiro passo e permitirmos que o cérebro cumpra seu papel.

Diferente de quando estamos focados, o estágio do relaxamento tem o predomínio de outro tipo de onda cerebral, conhecido como ondas Alfa. Típico do relaxamento mental, um estado de abertura, onde permitimos que nosso cérebro devaneie e flutue, onde estamos mais receptivos a novas ideias. Perceberam o que acontece aqui? Deixamos o cérebro livre para conectar com todo seu potencial de imaginação as informações e conhecimentos prévios que possuímos.

Apesar de parecer então, que os momentos criativos vêm de lugar nenhum, o que acontece na verdade é que passamos por um momento de foco, onde aprendemos sobre determinado assunto e, depois, no tempo ocioso, o cérebro faz as associações, liga os circuitos neurais fazendo conexões inéditas.
Para o autor do livro, o grande segredo encontra-se em concentrar e aprender sobre o assunto e permitir que o cérebro faça sua parte no tempo ocioso.

Se isso vai funcionar com todo mundo eu já não sei.

Sabe-se hoje que não conseguimos induzir nosso cérebro a esses picos gama de criatividade, porém, o processo: foco, aprendizado e relaxamento propicia a entrada do cérebro nesse estado criativo.

Uma característica desses momentos criativos é que eles vem acompanhados de uma sensação de prazer. Aquela deliciosa sensação de pensarmos e criarmos algo novo, de criarmos uma solução para o problema ou objetivo que estamos enfrentado. Seguida dessa sensação de prazer vem a alegria.

Não podemos esquecer do quarto estágio, que é onde realmente uma ideia vai funcionar ou não. É quando implementamos uma ideia, o momento crucial do processo.

Reflitam sobre a seguinte frase que encerra esse capítulo de livro: " as ideias criativas são como um frágil botão de flor - têm de ser nutridas para que possam florescer".

Obrigado pela atenção pessoal.
Boa semana e bons insights criativos para vocês.

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