Boa tarde, pessoal!
A disciplina de Psicofisiologia começa com uma discussão sobre o funcionamento do organismo humano, abordando um conceito complexo mas extremamente necessário, o conceito de Homeostase.
Para quem não leu a primeira parte, a matéria "Prazer, Psicofisiologia", recomendo que comece por ela, pois existem pontos e discussões essenciais para o bom entendimento dessa matéria que conversamos agora:
https://plantandociencia.blogspot.com/2025/08/prazer-psicofisiologia.html#more
Quando pensamos na fisiologia por trás da regulação das nossas funções vitais, ou seja, do que acontece e é necessário se manter para que nosso corpo continue vivo, nossa atenção acaba se voltando para o Sistema Nervoso. E esse pensamento está correto, visto que o SN é o principal sistema de controle das nossas funções corporais. Porém, ele não trabalha sozinho, e o Sistema Endócrino é um dos grandes sistemas envolvidos também no controle de nossa Fisiologia corporal.
Podemos considerar que, Sistema Nervoso e o Sistema Endócrino são os dois principais sistemas de controle e regulação do organismo humano! Ou seja, os principais sistemas por trás da manutenção do equilíbrio dinâmico, que ali em cima denominamos de Homeostase.
O corpo utiliza de diversos mecanismos para realizar esse controle, variando desde a concentração de glicose no sangue (que chamamos de glicemia), até o estímulo de duas regiões essenciais do Hipotálamo: O Centro da Fome e o Centro da Saciedade.
Ao discutir sobre fome e comportamento alimentar, fiz uma simples indagação para os alunos:
"Qual foi a última vez que você prestou atenção no que estava comendo? Qual foi a última vez que você saboreou sua refeição, entendendo quais os ingredientes e sentindo o sabor de verdade?"
Muitos não sabiam responder, pois a muito tempo vem comendo no modo automático, principalmente se distraindo com telas de celulares.
Triste, né? Aproveitar tão pouco um sentido tão rico como o paladar. As experiências podem ser riquíssimas e super prazerosas.
Mas, se não aproveitar corretamente a refeição já é triste, imagina passar os dias, meses, até mesmo anos no modo automático, sem prestar atenção em nenhuma das experiências vividas, sendo apenas empurrado ao longo dos dias pelo tempo, sentindo pouco ou quase nada da vida.
Gerando essa reflexão, entramos no tema Atenção, Aprendizado e Formação de Memórias, cujos materiais principais vocês encontram nos links abaixo:
https://plantandociencia.blogspot.com/2019/04/como-funciona-nossa-atencao-e-nossa.html
https://plantandociencia.blogspot.com/2023/03/como-funciona-o-foco.html
https://plantandociencia.blogspot.com/2025/04/memoria-humana-caracteristicas.html
https://plantandociencia.blogspot.com/2022/07/memoria-algumas-reflexoes.html
https://plantandociencia.blogspot.com/2020/08/circuitos-neurais-da-memoria.html
https://plantandociencia.blogspot.com/2021/03/plasticidade-neural-o-que-e.html
Tem uma quantidade até maior de links relacionados a esse conteúdo, relacionando como funciona a nossa atenção e, consequentemente nosso foco, e como estar focado em algo aumenta as chances de uma memória de curto prazo ser transformada em uma memória de longo prazo pelo Hipocampo, ao longo de uma boa noite de sono.
Além dessa relação, vale prestar atenção e refletir sobre os seguintes pontos acerca desse momento da nossa disciplina:
- Sem atenção, sem memória. O que significa que, na maior parte dos episódios onde não lembramos ou não encontramos algo (como o óculos pendurado em nossa cabeça), nós simplesmente não estamos prestando atenção ou não estávamos prestando atenção quando deixamos um item em algum lugar da casa. Sem relação com problemas reais de memória, apenas falta de atenção às coisas banais.
- Assim, quando prestamos atenção na aula e nas leituras sobre neurociência, temos chances maiores de registrar esses conhecimentos por mais tempo.
- Apesar da importância de se prestar atenção para se estimular a neuroplasticidade e o processo de aprendizagem, o segundo fator que mais afeta nossa formação de memórias é a Carga emocional da experiência, que podemos traduzir para o que sentimos e quanto sentimos determinados momentos da nossa vida. Como emoção, por muito tempo foi crucial para entender os riscos e garantir a nossa sobrevivência frente novas experiências, acaba sendo o fator chave para enraizar memórias em nosso cérebro.
- Vem dai o fato de eventos traumáticos serem registrados com tantos detalhes, inclusive, muitas vezes, gerando diversos gatilhos que levaram a pessoa de volta ao momento do fato, gerando dor e ansiedade.
- Como as memórias são nosso arsenal de conhecimento e servem para nos ajudar e facilitar nossa vida, conforme passamos pelas experiências e registramos seus resultados, elas não podem ser apagadas do nosso cérebro. Bom a nível de conhecimento, ruim a nível de traumas e BOs mal resolvidos. Porém, elas também não são totalmente confiáveis, uma vez que são levemente modificadas a cada vez que as acessamos e guardamos de volta nas suas gavetinhas no nosso cérebro.
- Esse fato, de não serem estáticas, garante que, quando acessadas recorrentemente, com o apoio principalmente de um bom terapeuta, elas podem ser modificadas a ponto de liberar a pessoa da dor. Ou seja, o trauma continuará existindo, porém, quando um gatilho trouxer a memória à tona, ela pode não gerar mais tamanho dor ou tamanha ansiedade no paciente. Isso é MAGNÍFICO e recebe o nome de Reconsolidação de memórias.
Muitos outros pontos e reflexões podem ser citados, porém, vocês precisam estudar e tirar suas próprias conclusões!
Bons estudos e contem comigo!
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