Boa noite, meu povo!
Algumas aulas, alguns episódios, nos fazem parar e refletir.
Sexta foi um desses dias, e vou explicar o que aconteceu e qual a reflexão resultante:
Durante uma excelente discussão com a turma de Psicofisiologia sobre o tema Atenção, estava falando com os alunos sobre o fato de aproveitarmos muito pouco todo o potencial dos nossos cinco sentidos. passando os dias focados apenas na visão e na audição, principalmente se considerarmos o tempo que passamos aleatoriamente em redes sociais.
Ao meu ver, isso gera dois problemas principais: empobrecimento do desenvolvimento do nosso cérebro, porque ele se desenvolve recebendo informações dos cinco sentidos, assim, deixamos de estimular com amis qualidade nosso órgão mais incrível. Segundo ponto, viver no automático. Isso sim, é o real ponto triste dos dias atuais.
Viver no automático, sem sentir e prestar atenção às experiências, sem estar presente no AGORA, faz com que não aproveitemos da forma devida nosso bem mais precioso e mais FINITO, o tempo!
Qual foi a última vez que você sentiu o real sabor do que estava comendo? E o cheiro? Sabe aquele cheirinho delicioso quando estamos cozinhando? Qual foi a última vez que você comeu sem estar focado no celular ou na televisão, ou seja, qual a última vez que comeu sem assistir algo? Perceba que, em todos os exemplos, apesar de falarmos exclusivamente do paladar, serve para todos os sentidos e para todas as experiências! Estamos aproveitando pouquíssimo do presente, pois vivemos remoendo o passado (que por sinal, nada podemos mudar ou fazer sobre) ou com medo e inseguros (ansiosos), quanto ao futuro (que esse, não sabemos nem se vai existir!).
Diante dessa reflexão com os alunos, comecei a sentir meu ouvido esquerdo perder a audição, como se estivesse entupindo! E logo começou o processo de dor aguda, como uma otite. Dali em diante, a segunda metade da aula teve excelentes discussões, mas na maioria dos momentos eu estava focado nos meus novos sintomas, sem sequer saber em que volume estava apresentando as ideias aos alunos, pois não conseguia mais escutar direito pelo ouvido esquerdo. Ao longo da noite de sexta, a dor se tornou maior, em muitos momentos insuportável, como se algo estivesse para se romper ou estourar ali dentro.
Mas, nesses momentos de dor intensa, percebi uma coisa: em nenhum momento divaguei ou deixei de estar no presente. Não briguei contra os fantasmas do passado, não criei fantasmas para o imprevisível futuro, fiquei focado no presente, na dor. Como se, a dor, me fizesse ficar ali, atento, vivendo aquela experiência ruim.
A dor física nos trás e nos mantém no momento presente, ela chama nossa atenção mais do que os vídeos do instagran ou os devaneios que nossa mente adora.
E notem, em nenhum momento, falei mal dos devaneios, pois refletir é preciso, deixar a mente livre para criar cenários, histórias, para fazer o que mais gosta de fazer, é crucial para melhorarmos nosso cognitivo, nossa atenção, nossa criatividade e até nossa formação de memórias.
Quando não estamos focados em nada sensorial (dos cinco sentidos) ou motor (focando os movimentos em alguma atividade específica), nosso cérebro entra no que conhecemos, dentro da Neurociência, como Rede Neural de Modo Padrão, um estado que foi descrito, no livro de Neurociências do Beer, como o cérebro funcionando como uma máquina do tempo: onde utiliza seu arsenal de memórias e conhecimentos para criar e imaginar cenários futuros, para soltar a imaginação e criar coisas, mesmo que irreais. Estado esse, que ele utiliza para recarregar a nossa bateria de atenção.
Lembra da história que pequenos intervalos, como o do cafezinho, faz com que você renda mais quando volta às atividades do trabalho ou ao estudo? É real.
Muitas vezes, ao passar muito tempo focado no problema, não encontramos resposta. E, quando estamos no banho, ou relaxando um pouco enquanto nossa mente divaga, surge a resposta do nada, como a lâmpada que acende nos desenhos, quando uma ideia brilhante surge.
Olhem isso, os desenhos, os quadrinho, tentaram nos mostrar isso a muito tempo. O nosso cérebro precisa e adora esses momentos.
Escutei de um neurocientista ontem, na CBN de Campinas, que quem pensa não presta atenção, e quem presta atenção não pensa. Não conseguimos fazer os dois ao mesmo tempo, isso é muito claro. Mas podemos fazer os dois e aproveitar ambos da melhor maneira possível, colaborando com nossa criatividade e ficando cada vez melhores nas atividades que cumprimos e nas coisas que gostamos. Isso é sobre aproveitar o momento presente, fornecendo ao cérebro combustíveis de qualidade e variados, além de permitir que o mesmo faça o que goste (pois relaxar é necessário), sendo capaz, assim, de nos mostrar cada vez mais seu real potencial.
Nosso cérebro é incrível, mas assim como todo o restante do nosso corpo, precisa ser bem cuidado, bem alimentado, e bem nutrido de informações e experiências de qualidade, e esse último só conseguimos vivenciando o aqui, o agora. Não é sobre largar o celular para sempre, é sobre utilizar melhor. É sobre deixar um tempinho para uma boa leitura (atividade mais rica para nossos neurônios), é aproveitar melhor as experiências, os momentos, as pessoas! Sinta!
Não precisamos sofrer para estar no presente, independente se é uma dor física ou psicológica. Não que elas não existam ou não vão continuar surgindo, mas não podemos parar para sentir apenas esses momentos.
Escutei uma vez, em um anime, que o fluxo do tempo é inexorável, ele jamais vai parar para você sofrer! Por isso, viva. Deixe doer quando doer, fiquei triste quando precisar, busque ajuda de um terapeuta, pois quanto mais autoconhecimento, mas o presente vai fazer sentido e ser melhor aproveitado.
Nossa vida é aqui e agora, tem muita coisa incrível para fazer. Abasteça o cérebro com qualidade e colha os frutos de uma vida incrível, a conta fecha!
Disse isso em uma matéria aqui do blog, a um bom tempo atrás: quando mais conhecemos sobre o funcionamento do nosso cérebro, melhor proveito podemos tirar de suas habilidades.
Aproveitem!
Top demais professor
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