domingo, 22 de setembro de 2019

Álcool corta o efeito dos antibacterianos? E do anticoncepcional?

Boa tarde pessoal, 
para quem ainda não leu a aula sobre antibióticos antibacterianos, segue o link:


Continuando o estudo destes fármacos tão importantes em nossas vidas, vou responder duas perguntas muito comuns:

- O álcool corta o efeito dos antibacterianos?

- O álcool corta o efeito dos anticoncepcionais?

Vamos começar falando sobre o uso concomitante de antibacterianos e álcool.


No meio da semana, dor de garganta, garganta inflamada e cheia de placas. Resultado? O médico prescreve antibacterianos para o tratamento, por 7 dias.

Excelente. Você começa o tratamento, quarta, quinta, sexta. Opa, começou o final de semana. Será que seu eu tomar aquela cerveja no churrasco dos amigos o remédio vai perder seu efeito?

A verdade é que isso é um mito. O álcool não inibe o efeito do fármaco, mas isso não quer dizer que ingerir bebidas alcoólicas durante o tratamento não vai causar problemas!

Primeira coisa que devemos pensar é em qual órgão é responsável por metabolizar os antibacterianos e também o álcool das bebidas. O fígado! O fígado acaba sofrendo com essa combinação, pois são duas substâncias tóxicas sendo metabolizadas ao mesmo tempo, isso pode aumentar o risco de lesões hepáticas. Ainda temos que considerar que o álcool é diurético, e aumentando a diurese mais antibacteriano vai ser excretado pela urina, diminuindo suas concentrações plasmáticas e consequentemente suas ações.

Outro ponto importante são os efeitos adversos, uma vez que o álcool pode aumentar os efeitos adversos provocados pelo antibacteriano. Um exemplo fácil de visualizar é a irritação da mucosa gástrica, uma vez que as duas substâncias são irritantes para o nosso estômago.

Um terceiro ponto é sobre o estado do sistema imunológico do paciente. Uma pessoa que está com uma infecção bacteriana está bem? Não. E o álcool pode piorar este quadro, visto que doses excessivas de álcool também debilitam o nosso organismo e nosso sistema imunológico.

Mas então, nem beber socialmente eu posso?
Pode, dificilmente a quantidade de álcool considerada quando falamos em beber socialmente, que é em torno de duas latinhas de cerveja e duas taças de vinho, por exemplo, vai causar algum transtorno ou influenciar drasticamente no tratamento. O mesmo não acontece para uma caixa de cerveja ou uma garrafa de vodca.

Precisamos ter em mente, também, que estes efeitos variam de acordo com o antibacteriano que está sendo utilizado. Existem alguns que são totalmente contra-indicados para uso concomitante com álcool, como o Metronidazol e o Tinidazol. Eles, além de aumentar e muito os efeitos adversos, causam um efeito conhecido como Efeito Dissulfiram. 

Esse efeito dissulfiram nada mais é do que uma exacerbação dos efeitos adversos do álcool, ou seja, sua ressaca vai ser monstra. O uso de alguns antibacterianos impede o metabolismo e a excreção do acetaldeído, um dos principais metabólitos do etanol, e também o grande causador de nossas ressacas. 
Assim, quanto mais álcool for ingerido, mais a pessoa vai sentir efeitos como taquicardia, queda de pressão, náusea vômitos, confusão mental, fraqueza e cefaleia.

- Antibacterianos e anticoncepcionais


Existem muitas matérias, reportagens e artigos científicos sobre o tema, que se mostra controverso.

Mas então, influencia ou não? Depende, principalmente do antibacteriano que estamos falando.

Primeiro, para explicar essa relação, o que se acredita hoje via ciência é que o uso de antibacterianos pode afetar a eficácia dos anticoncepcionais por uma das duas vias:
  1. Aumentando o metabolismo hepático destes medicamentos, assim, a quantidade de hormônio circulante seria menor do que a necessária para cumprir o efeito anticoncepcional.
  2. O estrógeno, um dos hormônios presentes na maior parte dos anticoncepcionais, é metabolizado pelas bactérias do estômago e intestino antes de ser absorvido e cumprir seu efeito. Os antibacterianos podem diminuir a quantidade destas bactérias, o que afetaria a absorção do anticoncepcional e consequentemente suas funções.
Porém, cientificamente comprovado, apenas a Rifampicina, antibacteriano utilizado no tratamento da Tuberculose, tem poder de ação sobre os anticoncepcionais. 

Eu conheço um caso, de um casal de amigos da época de faculdade, que engravidaram durante um tratamento de dor de garganta da mulher, cujo medicamento (não sei qual) cortou o efeito do anticoncepcional, que era o meio de contracepção deles. Não sei informar se o anticoncepcional era tomado corretamente, e outros fatores que poderiam influenciar nesta questão, o fato é que, de acordo com eles, foi sim o antibacteriano.

Então meninas, quando for fazer um tratamento com antibacterianos, converse com seu ginecologista sobre uma possível interferência no efeito da pílula anticoncepcional. Evitando assim uma possível gravidez indesejada.

Para ler mais sobre os dois assuntos:







Bons estudos e juízo!

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