segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Introdução à neuroanatomia: Medula Espinhal

Boa tarde pessoal,

Na aula de Neuroanatomia de hoje, aprenderemos um pouco sobre a Medula Espinhal (ou Espinal).

Esta aula é baseada no Capítulo 4 do Livro Neuroanatomia Funcional do Machado.


A palavra medula significa miolo, algo que se encontra dentro de uma estrutura, no caso a medula espinha é encontrada dentro da nossa coluna vertebral, mas existem outros tipos, como a medula óssea (no interior dos ossos).

A medula espinhal é uma massa de tecido nervoso, de formato cilindroide, contida dentro do canal vertebral. Em um homem adulto, chega a medir 45 centímetros.


Como podemos observar na figura abaixo, a medula é limitada cranialmente pelo bulbo, estrutura do tronco encefálico, ao nível do forame magno do crânio (osso occipital).


Seu limite caudal é, normalmente, na segunda vértebra lombar (L2), onde termina se afunilando, formando o cone medular (em vermelho na figura abaixo):


- Forma e Estrutura da Medula Espinal:

Apresenta um formato cilíndrico, achatada no sentido ântero-posterior. 

Seu calibre não é uniforme ao longo de toda a medula, apresentado duas grandes concentrações de corpos de neurônios, conhecidas como Intumescência Cervical e Intumescência Lombar.


Mas por que essa diferença?

Pensem de acordo com a região da coluna onde ocorrem essas intumescência. Quais grandes estruturas corporais são inervadas pelas fibras nervosas e seus respectivos nervos que saem dessa região cervical e lombossacral?

Os membros, são as principais áreas responsáveis pela inervação dos membros superiores e inferiores!

Observem meu slide abaixo, com uma figura do Netter:


A superfície medular apresenta alguns sulcos longitudinais, dos quais vou citar apenas quatro: 
  • Sulco mediano Anterior;
  • Fissura mediana Posterior;
  • Sulco Lateral Anterior;
  • Sulco Lateral Posterior.
Representados nas duas figuras abaixo:


Importante notar, na figura anterior e também na figura que vem logo a seguir, que o sulco lateral anterior faz conexão com as raízes ventrais dos nervos espinhais (porção responsável pela condução de estímulos motores), enquanto o sulco lateral posterior faz conexão com as raízes dorsais dos nervos espinhais (responsável pela condução de estímulos sensoriais).



- Substância Cinzenta e Substância Branca:

Na medula espinal, a distribuição das substâncias cinzenta e branca é o contrário da que observamos até agora no encéfalo. Na medula, a substância cinzenta (onde estão localizados os corpos dos neurônios) é central, recoberto em todos os lados pela substância branca (fibras nervosas/axônios com e sem mielina).



Como vocês podem observar no slide abaixo, as substâncias branca e cinzenta possuem algumas estruturas/divisões anatômicas, sendo a substância cinzenta as colunas ou cornos e a substância branca os funículos. Em ambos os casos, apresento algumas na figura abaixo:



Importante observar na figura abaixo, do Netter, que conforme analisamos secções transversais da medula espinhal, a distribuição da substância cinza e branca vai se alterando:



- Conexões com os Nervos Espinhais - Segmentos Medulares:

A medula espinal é o maior condutor de impulsos/informações nervosas para dentro ou para fora do nosso encéfalo. Ela consegue comunicar o Sistema Nervoso Periférico (sentidos, sensibilidade, percepção do meio ambiente) com o Sistema Nervoso Central (interpretação, geração de resposta e adequações na fisiologia/funcionamento do organismo) através dos nervos espinhais.

As fibras nervosas deixam a medula através dos filamentos radiculares (pequenos filamentos nervosos) na porção anterior/ventral (raízes que se unem para formar a porção ventral/motora do nervo espinhal). Enquanto na porção dorsal (raízes que se unem para formar a porção dorsal/sensitiva do nervo espinhal) os filamentos radiculares chegam, trazendo a informação sensorial para a medula.




Um segmento medular é a porção da medula onde fazem conexão os filamentos radiculares de um nervo.



- Topografia Vértebro-Medular:

No adulto, a medula não ocupa todo o canal vertebral. Como aprendemos no início da aula, a medula termina, normalmente, no nível da segunda vértebra lombar (L2).

Abaixo deste ponto, o canal vertebral contém as meninges e as raízes nervosas dos últimos nervos espinhais, formando a Cauda Equina.




- Envoltórios da Medula Espinal:

Quando estudamos nas aulas anteriores a proteção do SNC, vimos que três membranas envolvem esta porção do nosso sistema nervoso, são elas conhecidas como Meninges.

De fora para dentro, temos a Dura-Máter, a Aracnoide (intermediária) e a Pia-Máter, cujas características estão resumidas no slide abaixo.

Figura que representa, de forma bem simples, as meninges que protegem a medula espinal:



Entre as meninges, existem espaços descritos na tabela abaixo:




- Correlações Clínicas da Anatomia da Medular:

Como observamos, a medula espinhal termina em L2, enquanto o saco dural termina apenas no sacro, mais especificamente na altura da S2.

Anatomicamente, esse espaço é cheio de liquor e contém filamentos terminais e raízes dos nervos espinhais, característica esta que permite a utilização do local para extração de líquido cefalorraquidiano (LCR) e aplicação de medicamentos e contrastes, conforme mostra o slide abaixo, composto de texto e uma figura do Netter:


Bons estudos pessoal,
qualquer dúvida é só comentar abaixo ou me mandar um e-mail.

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