segunda-feira, 27 de maio de 2019

Anatomia do Sistema Nervoso

Bom dia pessoal,
encerrando nosso curso de Anatomia Humana básica, hoje vamos falar sobre o sistema nervoso.

Esse resumo é baseado no capítulo V do Livro Anatomia Humana Básica - Dangelo e Fattini.

As funções orgânicas, bem como a interação do ser humano com o meio ambiente, estão na dependência do sistema nervoso (SN). Isto significa que é este sistema que controla e coordena as funções de todos os sistemas do organismo e, ainda, recebe estímulos aplicados à superfície do corpo, os interpreta e gera respostas adequadas a estes estímulos.

Algumas funções do sistema nervoso são voluntárias, como caminhar, enquanto outras, como a regulação da pressão arterial ou nossa frequência respiratória são involuntárias (vegetativas, autônomas).

- Divisão do SN:

O Sistema Nervoso é dividido, basicamente, em Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Nervoso Periférico (SNP).

Esta divisão é topográfica e também funcional, porém, não podemos esquecer que as duas porções são interdependentes. A porção central é a via integradora, que recebe, interpreta e responde aos estímulos, além de ser a porção responsável por toda nossa cognição. A porção periférica, como o próprio nome diz, fica nas periferias, sendo considerada a via de condução dos estímulos, tanto do meio ambiente para o SNC (via aferente) quanto do SNC para o meio ambiente ou órgãos (via eferente).

O SNC é constituído pelo encéfalo (cérebro, cerebelo e tronco encefálico) e pela medula espinal. Enquanto o SNP é constituído pelos gânglios, nervos (cranianos e espinais) e terminações nervosas.



- Meninges:

Membranas que envolvem e protegem o encéfalo e a medula espinhal, formado por tecido conjuntivo, recebem o nome, em conjunto, de meninges.

As meninges são, de fora para dentro:
  1. Dura-máter;
  2. Aracnoide;
  3. Pia-máter.
A dura máter é a mais espessa e a pia máter a mais fina (em contato direto com o encéfalo e com a medula espinhal). Entre as duas está a aracnoide, que estende fibras delicadas para a pia máter, dando a ela um aspecto de teia de aranha (dai o nome). 

A aracnoide é separada da dura-máter por um espaço conhecido como sub-dural e da pia-máter pelo espaço conhecido como subaracnoide, onde circula o liquor (líquido céfalo raquidiano).


- Sistema Nervoso Central:

Para melhor compreender as partes que constituem o SNC é preciso entender como ele é formado, ou seja, sua origem embriológica:

- Vesículas Primordiais:

O SNC origina-se do tubo neural que, na sua extremidade cranial, apresenta três dilatações denominadas vesículas primordiais:

  • Prosencéfalo;
  • Mesencéfalo;
  • Rombencéfalo.
O restante do tubo é o que conhecemos como medula primitiva. A cavidade ou luz do tubo neural também existe dentro das vesículas primordiais.

- Prosencéfalo: com o decorrer do desenvolvimento, as porções laterais do prosencéfalo aumentam desproporcionalmente e acabam por recobrir a porção central, originando o telencéfalo e o diencéfalo. A luz expande-se, acompanhando o aumento do telencéfalo.

- Mesencéfalo:  desenvolve-se sem subdividir-se e sua luz permanece como um canal estreitado;

- Rombencéfalo: subdivide-se em metencéfalo e mielencéfalo. Neste último a luz se dilata.




- Partes do SNC:

Destas transformações da vesícula primordial, surgem as partes mais importantes do nosso SNC:

  • O telencéfalo e o diencéfalo originam o cérebro, sendo que os chamados hemisférios cerebrais são de origem telencefálica.
  • O mesencéfalo permanece com a mesma denominação.
  • O metencéfalo origina o cerebelo e a ponte;
  • O mielencéfalo origina o bulbo.
  • O restante do tubo neural primitivo origina a medula primitiva que vai originar a medula espinal.



O mesencéfalo, a ponte e o bulbo constituem, em conjunto, o tronco encefálico. Somente um corte mediano que separa os hemisférios cerebrais pode demonstrar a presença das estruturas que constituem o diencéfalo. No cérebro inteiro, o diencéfalo está recoberto pelos hemisférios cerebrais que derivam do telencéfalo.


- Ventrículos Encefálicos e Líquor:

Nas transformações sofridas pelas vesículas primordiais, a luz do tubo neural primitivo permanece e apresenta-se dilatada em algumas subdivisões daquelas vesículas, formando os chamados ventrículos encefálicos, que se comunicam entre si:

  • Ventrículos laterais.
  • III Ventrículo (terceiro ventrículo).
  • IV ventrículo.
Todos se comunicam, o terceiro ventrículo com os laterais direito e esquerdo pelo forame interventricular. O aqueduto cerebral conecta o terceiro com o quarto ventrículo. Enquanto o canal central da medula é a continuação do quarto ventrículo e este se comunica com a aracnoide.

No espaço subaracnoide e dentro dos ventrículos circula o liquor ou líquido cefalorraquidiano, um líquido que tem como função proteger todas as estruturas do SNC. Ele serve como um amortecedor e, além disso, hoje sabemos que ele também ajuda na limpeza do SNC, retirando proteínas como a beta-amiloide das conexões sinápticas.

O liquor é produzido nos plexos coroides, situados no assoalho dos ventrículos. Por isso, é dito que o liquor é produzido nos ventrículos.



- Divisão Anatômica do SN:

Em síntese, a divisão anatômica do Sistema Nervoso pode ser observada na chave abaixo:



A maior parte do encéfalo corresponde ao cérebro, motivo este pelo qual ambas as palavras são confundidas como sendo a mesma coisa. Na superfície dos dois hemisférios cerebrais apresentam-se sulcos que delimitam giros. O cérebro pode ser dividido em lobos, correspondendo, cada um, ao osso do crânio com que guardam relações: lobo frontal, parietal, temporal e occipital.



- Disposição da Substância Branca e Cinzenta no SNC:

Quando observamos um corte de cérebro ou da medula, notamos a presença de uma substância mais acinzentada e uma de cor branca.

Essas duas substâncias são a substância cinzenta e a substância branca. A primeira, a cinzenta, é composta pelo corpo dos neurônios, enquanto a segunda, a branca, é composta pelos axônios destes mesmos neurônios, e ficam esbranquiçada devido ao revestimento dos axônios, a bainha de mielina.

Tanto no cérebro quanto na medula os componentes são os mesmos, a diferença é que, no encéfalo, a substância cinzenta forma o córtex cerebral, a camada mais externa da massa encefálica, e, consequentemente, a substância branca fica na região central. Quando analisamos um corte de medula, notamos o exato contrário: a substância cinzenta central (ao meio) e a branca em seu entorno, nas porções mais externas. 

Cérebro:

Medula:

Ainda falando da estrutura anatômica da medula espinhal: a substância cinzenta possui uma forma de H ou de Borboleta (para os mais criativos), onde podemos observar uma coluna anterior e uma coluna posterior, substâncias intermédias central e lateral e o canal medular.




O tronco encefálico, tem uma estrutura semelhante à da medula, com uma diferença importante. Na medula, toda a substância cinza é continua, aqui, no tronco encefálico, ela se apresenta fragmentada, formando núcleos, conhecidos como núcleos dos nervos cranianos.

Isso implica um novo conceito, o de núcleo, que nada mais é do que um acúmulo de corpos de neurônio com aproximadamente a mesma estrutura e função.

Cérebro e cerebelo apresentam um plano estrutural comum, ambos com a substância branca mais centralizada, com a substância cinzenta formando um córtex. Se falarmos do cérebro, temos o córtex cerebral e, quando falamos do cerebelo, um córtex cerebelar.

Apenas não se esqueçam que, independente da porção do SNC que estamos estudando, a substância branca sempre será composta de axônios/fibras nervosas revestidos por mielina e a substância cinzante de copos de neurônio.

- Sistema Nervoso Periférico:

No SNP são incluídas as terminações nervosas, os gânglios e os nervos. Em um primeiro momento, precisamos saber que o SNP serve como uma via de condução de estímulos, seja do ambiente para o SNC ou o caminho contrário. É o SNP que permite que sentimos o meio ambiente, que interagimos com o meio ambiente, e que, principalmente, nos adaptemos a ele.

Para isso, os nervos são subdivididos em componentes funcionais ,as fibras nervosas, e classificados de acordo com a estrutura que eles inervam, como, por exemplo, um nervo que envia informações para um músculo é uma fibra motora, enquanto uma fibra nervosa que leva informações (estímulos) para o SNC é chamada de sensitiva.

Outra classificação diz que, as fibras que enviam informação do SNC para o SNP, as fibras motoras, são chamadas de fibras Eferentes. Enquanto as fibras que enviam impulsos do SNP para o SNC, as fibras sensitivas, são também conhecidas como fibras Aferentes.



- Terminações Nervosas:

Existem, nas extremidades das fibras nervosas sensitivas e motoras. Nas terminações nervosas motoras recebem o nome de placa motora, que é o local onde a fibra nervosa entra em contato com o músculo para estimula-lo. Já as terminações nervosas sensitivas são estruturas especializadas para receber estímulos, como nossos receptores gustativos (para os sabores) ou os receptores de pressão, que nos permitem sentir (tato) as coisas que tocam nossa pele.

Quando falamos sobre receptores para dor, estes não são especializados, sendo terminações nervosas livres.

- Gânglios:

São acúmulos de corpos de neurônios fora do SNC, ou seja, no SNP. Quando falamos destes acúmulos no SNC denominamos eles de núcleos.

- Nervos:

São cordões esbranquiçados formados por fibras nervosas unidas por tecido conjuntivo e que têm como função levar ou trazer impulsos ao/do SNC. Distinguem-se dois grupos: nervos cranianos e nervos e nervos espinhais.

Encerramos a introdução do SN aqui, mais detalhes sobre suas estruturas e sobre os nervos serão estudados na matéria de Neuroanatomia, que começa no segundo semestre de 2019.

Para começar a entender, de maneira mais simples, o complexo funcionamento de nosso sistema nervoso, vamos a um exemplo:
Você bate a ponta da faca na sua mão, o que gera um furo. Quando a ponta da faca atravessa a pela, ela estimula diversas fibras nervosas, dentre elas as fibras de dor (nociceptores). As fibras para dor, então, enviam um sinal para a medula espinhal, onde se conectam a um segundo neurônio, que percorre a medula espinal para levar a informação para o encéfalo. O encéfalo então interpreta a mensagem e envia uma resposta motora de retirada, para tirarmos a ponta da faca da mão. Tudo isso ocorre em milésimos de segundo, extremamente rápido.

Bons estudos.

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