Bom dia pessoal,
continuando nosso curso de Fisiologia, hoje falaremos um pouco sobre Fisiologia Respiratória.
Para quem tiver interesse na anatomia do sistema respiratório, a aula onde falo sobre encontra-se no link:
Esse resumo é baseado nos capítulos 37 e 41 do Livro Tratado de Fisiologia Médica - Guyton e Hall.
A respiração provê oxigênio aos tecidos e remove o dióxido de carbono. Para alcançar tais objetivos, a respiração pode ser dividida em quatro funções principais:
- Ventilação pulmonar - influxo e efluxo de ar entre os alvéolos pulmonares e a atmosfera.
- Difusão de oxigênio e dióxido de carbono entre os alvéolos pulmonares e o sangue;
- Transporte de oxigênio e dióxido de carbono no sangue e nos líquidos corporais e suas trocas com os tecidos e as células do corpo;
- Regulação da ventilação e outros aspectos da respiração.
- Mecânica da Ventilação Pulmonar:
Os pulmões podem ser contraídos e expandidos por duas maneiras:
- Por movimentos de subida e descida do diafragma para aumentar ou diminuir a cavidade torácica;
- Pela elevação e depressão das costelas para aumentar e diminuir o diâmetro antero-posterior da cavidade torácica.
Esses dois processos são mostrados na figura a baixo:
A respiração tranquila, em um estado normal, é realizada quase que inteiramente pelo primeiro método, ou seja, pelos movimentos do diafragma.
Durante a inspiração, a contração diafragmática puxa as superfícies inferiores dos pulmões para baixo. Depois, durante a expiração, o diafragma relaxa e a retração elástica dos pulmões, da parede torácica e das estruturas abdominais comprime os pulmões e expele o ar.
Durante a respiração vigorosa, como no exercício aeróbico, as forças elásticas não são poderosas o suficiente para produzir a rápida expiração necessária. Assim, força extra é obtida pela contração da musculatura abdominal, que empurra o conteúdo abdominal para cima, contra a parte inferior do diafragma, comprimindo dessa maneira os pulmões.
O segundo método para expansão dos pulmões é elevar a caixa torácica. Isso expande os pulmões porque, na posição de repouso natural, as costelas se inclinam para baixo, possibilitando que o esterno recue em direção à coluna vertebral. Quando a caixa torácica é elevada, no entanto, as costelas se projetam quase diretamente para a frente, fazendo com que o esterno também se mova anteriormente para longe da coluna, aumentando o diâmetro da caixa torácica por volta de 20% durante a inspiração máxima, em comparação com a expiração.
Portanto, todos os músculos que elevam a caixa torácica são conhecidos como músculos de inspiração (diafragma, intercostais externos, esternocleidomastoideo, serráteis anteriores e escalenos), e os que deprimem a caixa torácica são conhecidos como músculos de expiração (reto abdominal, diafragma, intercostais internos).
- Pressões que causam o movimento do ar para dentro e para fora dos pulmões:
Os pulmões são estruturas elásticas que colapsam, como um balão, e expele todo o ar pela traqueia, toda vez que não existe força para mantê-lo inflado. O pulmão não é conectado com a caixa torácica, exceto pela sua suspensão no hilo através do mediastino. Na verdade, ele "flutua" dentro dela, cercado por uma fina camada de liquido pleural, que lubrifica o movimento dos pulmões dentro da cavidade. Além disso, a sucção contínua do excesso de líquido para os canais linfáticos mantém leve tração entre a superfície visceral da pleura pulmonar e a superfície parietal da pleura da cavidade torácica. Portanto, os pulmões são presos a parede torácica, como se estivessem colados; no entanto, eles estão bem lubrificados e podem deslizar livremente quando o tórax se expande ou se contrai.
- Pressão Pleural e suas Variações durante a respiração:
É a pressão do líquido contido no espaço entre a pleura visceral e a pleura parietal. Este líquido é chamado de líquido pleural. Como já falamos, o líquido pleural sofre leve sucção do sistema linfático, gerando uma pressão negativa.
Essa pressão negativa é a mínima necessária para manter o pulmão aberto durante o seu nível de repouso. Durante a inspiração, a expansão da caixa torácica torna essa pressão mais negativa ainda, tracionando os pulmões para expandir.
Podemos visualizar essa relação na figura:
- Pressão Alveolar:
É a pressão do ar dentro dos alvéolos pulmonares. Quando estamos com a glote fechada e não há fluxo de ar entre os pulmões e a atmosfera, toda a árvore respiratória, até os alvéolos, se mantém na mesma pressão, de 0 cm de pressão de água, mesma pressão atmosférica.
Para que o ar possa então chegar até os alvéolos, a pressão alveolar deve cair para baixo de 0, ou seja, ficar negativa. Durante a inspiração normal, essa pressão fica mais negativa, o suficiente para puxar 0,5 litros de ar para dentro dos pulmões (2 segundos, inspiração média).
Durante a expiração, a pressão alveolar vai ficar positiva, ao ponto que a nova pressão seja suficiente para expelir os 0,5 litros de ar para fora do pulmão. (2 a 3 segundos, expiração média).
- Pressão Transpulmonar:
É a diferença entre a pressão alveolar e a pressão pleural.
É a diferença entre a pressão dentro dos alvéolos e a pressão das superfícies externas do pulmão. Essa força gerada pela diferença de pressão entre esses dois compartimentos pulmonares permite resistir à pressão de retração, que sempre tenta colabar os pulmões.
- Complacência Pulmonar:
É o grau de extensão dos pulmões em relação à pressão transpulmonar.
Traduzindo, conforme aumenta-se a pressão transpulmonar, o volume dos pulmões aumenta também. Assim, durante a inspiração, os pulmões aumentam em larga escala sua complacência, permitindo a entrada de um maior volume de ar.
Para termos uma ideia, a complacência total de ambos os pulmões de um adulto normal é cerca de 200 ml de ar.
- Surfactante, Tensão Superficial e Colapso Alveolar:
Tensão Superficial: a tensão superficial dentro dos alvéolos é tanta que a tendência é a contração do alvéolo, que expulsaria todo o ar do seu interior e geraria o colabamento alveolar. Age como uma força contrária elástica de tensão superficial.
Quem não permite esse colabamento é uma substância conhecida como Surfactante (mistura de fosfolipídios, proteínas e íons), que diminui a tensão superficial, permitindo que os alvéolos continuem abertos. O surfactante é produzido e secretado pelas células epiteliais alveolares do tipo II, que constituem cerca de 10% da área de superfície alveolar.
- Ventilação Alveolar e Espaço Morto:
Ventilação alveolar é o processo responsável pela renovação do ar nas áreas de troca gasosa do pulmão, ou seja, dentro dos alvéolos, onde o ar chega próximo da circulação sanguínea pulmonar e a troca gasosa pode ocorrer.
Então, a velocidade/intensidade com que o ar novo alcança essas áreas é chamada ventilação alveolar.
Espaço morto corresponde ao espaço onde não ocorre troca gasosa, como o nariz, a faringe e a traqueia. O ar fica parado nesses locais, e fica conhecido como ar do espaço morto. Este é a primeira porção de ar a sair durante a expiração.
A primeira parte da aula termina aqui.
O restante encontra-se em Sistema Respiratório II.
Obrigado pela atenção
ja tem a parte 2?
ResponderExcluirja encontrei aqui
Excluirobggd
MUITO BOM ME AJUDOU MUITO
ResponderExcluirMUITO BOM O CONTEÚDO,SÓ REFORÇANDO UMA CORREÇÃO A SER FEITA, NA IMAGEM 1 FOI REPETIDO O NOME MUSCULATURA INTERCOSTAIS EXTERNOS,QUANDO NA VERDADE SÃO OS INTERNOS QUE RELAXAM
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