domingo, 27 de abril de 2025

Optogenética segundo a Nature - vídeo

Boa noite, pessoal!

Seguindo o assunto da postagem anterior, segue um vídeo bem explicativo e simples de entender, baseado na escolha feita pela revista Nature em 2010.




Mágico, não?


Optogenética e doenças da mente e cérebro

Boa noite, pessoal!

Vocês já ouviram falar de optogenética?

A optogenética é uma técnica revolucionária que combina genética e óptica para controlar com precisão a atividade elétrica de neurônios específicos no cérebro, usando apenas luz. Ou seja, através da luz, cientistas conseguem ativar ou desativar neurônios e regiões cerebrais específicas.

Ela permite manipular neurônios geneticamente modificados para responder a estímulos luminosos, possibilitando o estudo detalhado de circuitos neurais e suas funções. Isso é possível devido ao uso de técnicas de biotecnologia, que alteram o DNA através de vetores ou outras metodologias, inserindo nos neurônios a serem estudados, genes de algas e outros organismos que conseguem transformar luz em energia elétrica.

A técnica foi eleita como a técnica do ano em 2010, pela revista Nature. E tem inúmeras aplicações dentro da neurociência, desde o conhecimento básico sobre neurônios ou grupos de neurônios e suas funções, assim como a aplicação clínica.

Mas, vamos entender um pouco mais sobre o potencial dessa técnica que já não é tão novinha, mas ainda surpreende pelo quão revolucionária é?


Aplicações Atuais:

1. Transtornos Psiquiátricos

Nos transtornos psiquiátricos, a optogenética fornece tanto informações que acrescentam de uma forma muito interessante o nosso conhecimento sobre as causas biológicas e as principais áreas cerebrais envolvidas, como permite novos caminhos que podem resultar em tratamentos cada vez mais eficazes. Imagina chegar a um nível de farmacologia onde o fármaco vai conseguir cumprir seu papel de tratar o transtorno, com a menor quantidade possível ou até mesmo sem efeitos colaterais, é fantástico.

  • Depressão: Estudos demonstraram que a estimulação optogenética do córtex pré-frontal medial pode induzir efeitos antidepressivos rápidos em modelos animais, sugerindo novas abordagens terapêuticas para esses transtornos

  • Esquizofrenia: Pesquisas indicam que a modulação de circuitos específicos no cérebro pode restaurar as oscilações gama e controlar os níveis de dopamina, que alteradas em pacientes com esquizofrenia, oferecendo caminhos para novos tratamentos mais eficazes e uma maior qualidade de vida dos pacientes.

  • Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC): A optogenética tem sido usada para estudar circuitos cortico-estriatais envolvidos na formação de hábitos, proporcionando uma compreensão mais profunda dos mecanismos subjacentes ao TOC e oferecendo novas visões, também, sobre a formação e o tratamento de vícios e dependências.


2. Doenças Neurodegenerativas

Apesar de ter avançado bastante nos últimos anos, o tratamento de doenças neurodegenerativas ainda encontra barreiras a serem ultrapassadas. A optogenética também tem mostrado potencial no estudo e tratamento dessas doenças:

  • Doença de Alzheimer: Pesquisas indicam que a estimulação optogenética de vias neuronais específicas pode influenciar a deposição de placas de β-amiloide, um marcador da doença, oferecendo novas perspectivas para terapias.

  • Acidente Vascular Cerebral (AVC): Estudos demonstraram que a estimulação optogenética pode promover a recuperação funcional após um AVC, estimulando a atividade neuronal na região afetada e melhorando o desempenho motor. Efeito esse, diretamente relacionado ao processo de neuroplasticidade. Isso pode, inclusive, acelerar drasticamente a recuperação de funções e garantir um menor índice de sequelas.


Pesquisas muito interessantes na área estão sendo desenvolvidas nos seguintes centros:

  • Universidade de Stanford (EUA): Pioneira no desenvolvimento da optogenética, com o Dr. Karl Deisseroth liderando pesquisas inovadoras.

  • Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, EUA): Contribui significativamente para o avanço da optogenética, especialmente em aplicações neurológicas.

  • Universidade de Tóquio (Japão): Foca em pesquisas sobre doenças neurodegenerativas e transtornos psiquiátricos utilizando optogenética.

  • Universidade de Pequim (China): Destaca-se em estudos sobre a modulação de circuitos neurais em modelos animais.


Expectativas Futuras

  • Tratamentos Personalizados: Possibilidade de desenvolver terapias mais específicas e eficazes, modulando circuitos neurais diretamente envolvidos nas patologias.

  • Restauro de Funções Cognitivas: Potencial para restaurar funções cognitivas comprometidas, como memória e aprendizado, em doenças como Alzheimer.

  • Redução de Efeitos Colaterais: Abordagens mais precisas podem minimizar os efeitos adversos associados a tratamentos farmacológicos tradicionais.


Apesar dos avanços e potenciais da técnica, a optogenética encontra grandes barreiras para suas aplicações em seres humanos, sendo as principais: invasividade do procedimento, que envolveria alteração genética em humanos (terreno instável dentro de conceitos éticos, bioéticos e legais), além da inserção de fibra óptica para a parte da iluminação. Apesar de similaridades, os circuitos neurais humanos são bem mais complexos que os observados em ratos e camundongos. Alterar genes através de vetores virais, por exemplo, pode despertar uma resposta imune e causar diversos outros problemas. Além disso, ainda não existem técnicas 100% garantidas para inserir genes em neurônios e regiões específicas, o que poderia levar a uma gama de efeitos indesejados que os cientistas não conseguem prever atualmente.

As pesquisas, antes de serem aplicadas em humanos, devem ocorrer nos próximos anos e, provavelmente, décadas. Porém, as expectativas são altas e as aplicações infinitas. Observaremos juntos os novos passos.

Boa semana para todos!

domingo, 13 de abril de 2025

Memória humana - características fascinantes

Boa tarde, pessoal!

Trago para vocês, hoje, algumas reflexões e características fascinantes a respeito da memória humana, uma das funções cognitivas mais fantásticas do nosso cérebro.


Para Ivan Izquierdo, um neurocientista argentino e brasileiro, um gigante a nível mundial, as memórias são frutos: da Aquisição de informações, da conservação dessas informações e, eventualmente, da evocação dessas informações (resgatar uma memória e trazer a mesma à tona, lembrando de algum episódio específico).

Traduzindo, é a forma como guardamos as informações obtidas através de nossas experiências para poder utilizá-las depois.

As memórias podem ser derivadas de:

  • Experiências externas (mais comuns, relacionadas às nossas experiências), envolvem nossos cinco sentidos, ou seja, a forma como interagimos com o mundo a nossa volta! 
  • Memórias intraceptivas (formadas a partir de processos internos do nosso organismo), relacionado com à autorregulação da nossa fisiologia (funcionamento do nosso corpo).
  • Memórias de memórias (aquelas memórias que criamos a partir da reflexão, com memórias já existentes).

domingo, 9 de março de 2025

Formas Farmacêuticas: Conceito e Características

Bom dia, pessoal!

Continuando nosso estudo sobre farmacologia, nossa segunda aula é sobre formas farmacêuticas.

Na sala de aula e slides, dividimos as formas farmacêuticas em quatro, sendo elas: Sólida, Semissólida, Líquidas e Gasosas.

As formas farmacêuticas são as diferentes apresentações dos medicamentos, que têm como objetivo facilitar a administração, melhorar a absorção e garantir a eficácia terapêutica. Cada forma farmacêutica é projetada para que o fármaco seja liberado de maneira adequada no organismo, levando em consideração fatores como velocidade e local de absorção.

A escolha da forma farmacêutica depende de diversos fatores, como a via de administração, a condição clínica do paciente, a farmacocinética do medicamento e os objetivos terapêuticos.



Principais Formas Farmacêuticas e suas Características


1. Comprimidos

  • Definição: São formas farmacêuticas sólidas, geralmente de formato circular ou oval, que contêm fármaco e excipientes. Os comprimidos podem ser revestidos (com películas ou cápsulas) ou não.

  • Características:

    • Administração oral.

    • Geralmente são de liberação imediata.

    • Podem ter variações como comprimidos de liberação modificada, que permitem uma liberação prolongada do fármaco.

  • Exemplos:

    • Paracetamol (antipirético e analgésico).

    • Losartana (anti-hipertensivo).


2. Cápsulas

  • Definição: São formas farmacêuticas sólidas, compostas por uma cápsula de gelatina que envolve o princípio ativo e excipientes. Podem ser de liberação imediata ou modificada.

  • Características:

    • Administração oral.

    • A cápsula é de fácil deglutição e, muitas vezes, pode mascarar o sabor desagradável de certos fármacos.

    • Podem conter pó ou líquido no interior.

  • Exemplos:

    • Amoxicilina (antibiótico).

    • Ibuprofeno (anti-inflamatório).

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Farmacologia - Introdução

Introdução à Farmacologia

Bom dia, pessoal!
Vamos dar início à disciplina de Farmacologia.

A primeira aula de Farmacologia é sempre uma introdução, um momento para esclarecermos alguns conceitos e definirmos as bases que sustentam toda a disciplina. Afinal, Farmacologia é a ciência que estuda as substâncias químicas utilizadas para tratar e prevenir doenças, além de entender como essas substâncias interagem com o nosso organismo.


Agora, vamos esclarecer uma questão importante desde o começo: muitos termos usados no dia a dia estão incorretos, e é fundamental sabermos diferenciá-los corretamente. Normalmente, ouvimos falar sobre remédio, medicamento, fármaco e droga, mas cada um desses termos tem um significado específico.

1. Remédio

É um termo genérico que se refere a qualquer procedimento ou substância que vise promover a saúde e o bem-estar. Pode ser algo simples, como um esporte, uma meditação ou até mesmo aquela cervejinha para descontrair após o trabalho.

2. Medicamento

Refere-se ao produto que contém um ou mais princípios ativos e substâncias inertes, formulado para tratar ou prevenir doenças. São os comprimidos que encontramos em casa, embora, por questões de segurança, o uso de medicamentos sem prescrição médica não seja recomendado.

3. Fármaco

É uma substância química, de estrutura conhecida, que constitui o princípio ativo dos medicamentos. É ele que exerce o efeito terapêutico.

4. Droga

Uma substância que pode causar efeitos no organismo, mas que não faz parte da nossa dieta regular. Drogas podem ser tanto benéficas quanto prejudiciais, dependendo de como são usadas e da dose administrada.

Com essas definições em mente, duas conclusões podem ser tiradas:

  1. No cotidiano, usamos de forma imprecisa termos como "remédio", "medicação", "fármaco" e "droga".

  2. Todo fármaco é uma droga, mas nem toda droga é um fármaco!

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Introdução à Neuroanatomia

Bom dia, pessoal,

Este resumo é baseado no capítulo V do livro Anatomia Humana Básica de Dangelo e Fattini.

O sistema nervoso (SN) é responsável por controlar as funções orgânicas e pela interação do ser humano com o meio ambiente. Ele coordena as funções de todos os sistemas do organismo, além de receber estímulos aplicados à superfície do corpo, interpretá-los e gerar respostas adequadas.

Algumas funções do sistema nervoso são voluntárias, como caminhar, enquanto outras, como a regulação da pressão arterial e a frequência respiratória, são involuntárias (ou vegetativas/autônomas).



- Divisão do Sistema Nervoso:

O Sistema Nervoso é dividido em Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Nervoso Periférico (SNP).

Essa divisão é tanto topográfica quanto funcional, mas é importante lembrar que as duas porções são interdependentes e a comunicação entre eles acontece 24 horas por dia.

A porção central é a via integradora, recebendo, interpretando e respondendo aos estímulos, além de ser responsável pela nossa cognição.

Já a porção periférica, como o próprio nome indica, está localizada nas periferias e serve como a via de condução dos estímulos, tanto do meio ambiente para o SNC (via aferente) quanto do SNC para os órgãos e o meio ambiente (via eferente).


- O SNC é constituído pelo encéfalo (cérebro, cerebelo e tronco encefálico) e pela medula espinhal.

- O SNP, por sua vez, é composto pelos gânglios, nervos (cranianos e espinais) e terminações nervosas.



- Meninges

As meninges são membranas que envolvem e protegem o encéfalo e a medula espinhal. Elas são formadas por tecido conjuntivo e incluem três camadas, dispostas de fora para dentro:

  1. Dura-máter: a camada mais espessa e mais externa.

  2. Aracnóide: uma camada intermediária, que se parece com uma teia de aranha, devido às suas fibras delicadas que se estendem até a pia-máter.

  3. Pia-máter: a camada mais fina, em contato direto com o encéfalo e a medula espinhal.

Entre essas camadas, temos dois espaços importantes: o subdural (entre a dura-máter e a aracnóide) e o subaracnóideo (entre a aracnóide e a pia-máter), onde circula o líquido cefalorraquidiano (liquor), que tem a função de proteger o SNC e ajudar na limpeza das suas estruturas.

Hoje, já sabemos que o liquor também tem um importante papel de limpar as sinapses durante nosso sono, e isso tem uma correlação muito interessante com a doença de Alzheimer, que vamos estudar mais para frente no nosso curso,