quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Tronco Encefálico - 2.0

Boa tarde pessoal,

continuando nosso curso de Neuroanatomia, hoje vamos falar um pouco sobre o Tronco Encefálico.

Esse resumo é baseado no capítulo 5 do Livro Neuroanatomia Funcional, do Machado.



O tronco encefálico interpõe-se entre a medula espinhal e o diencéfalo, sendo ventral ao cerebelo. 

É constituído por corpos de neurônios agrupados em núcleos, e por fibras nervosas que formam tratos, fascículos e lemniscos.

Muitos dos núcleos do tronco encefálico recebem ou emitem fibras nervosas que constituem os nervos cranianos, dos 12 nervos cranianos, 10 fazem conexão no tronco encefálico.

Observe a figura abaixo, que apresenta cortes em cada uma das estruturas do tronco encefálico (bulbo, ponte e mesencéfalo) e mostra claramente a diferença entre elas quando consideramos as regiões de substância cinzenta (núcleos) e as regiões de substância branca (fibras nervosas, em sua maioria mielínicas).


O tronco encefálico é formado por três estruturas, que, da posição mais caudal para a cranial são: bulbo, ponte e mesencéfalo. Podemos observar as três na figura abaixo:




Observem nas duas figuras abaixo, a vista anterior e a vista posterior do tronco encefálico. Ambas foram retiradas do aplicativo online do Atlas do Netter:





Ok, as divisões básicas e a posição anatômica do tronco encefálico são bem fáceis de se entender, agora vamos estudar com mais detalhes cada um dos três componentes, e fazemos isso começando pelo mais caudal, contínuo com a medula espinhal, o Bulbo.

Bulbo:

Também conhecido como medula oblongata ou bulbo raquidiano, é a porção mais caudal do tronco encefálico, continuado no seu limite inferior pela medula espinhal.




Como podemos observar na figura, o bulbo possui um formato de tronco de cone, cuja extremidade menor, mais caudal, é continuada pela medula espinhal. 

Porém, essa distinção entre bulbo e medula espinhal não é tão nítida, e consideramos que a mesma ocorre a nível do forame magno. Já o limite superior do bulbo é característico, e demarcado pelo sulco bulbo-pontino, uma vez que acima deste encontramos a ponte.


A superfície do bulbo apresenta sulcos longitudinais, que são contínuos com os sulcos da medula espinhal. Estes sulcos delimitam as áreas anterior/ventral, laterais e posterior/caudal.

Quando observamos a fissura mediana anterior, notamos que tanto do lado direito quanto do lado esquerdo, encontram-se saliências que recebem o nome de pirâmides. 

As pirâmides são formadas por fibras nervosas descendentes que ligam áreas motoras do córtex cerebral a neurônios motores da medula (conhecido como trato córtico-espinhal). Ao lado de cada uma das pirâmides observamos outras saliências, as quais recebem o nome de olivas.


Na porção caudal do bulbo, algumas fibras nervosas anteriores cruzam de um lado para o outro, formando a chamada Decussação das pirâmides. Esse cruzamento de fibras explica o porque a motricidade do lado direito do nosso corpo é controlada pelo hemisfério esquerdo e o contrário também.

Por isso que quando uma pessoa sofre um Acidente Vascular Cerebral que afeta a região motora do hemisfério direito, ela desenvolve sequelas motoras no lado esquerdo do corpo.

As duas figuras que seguem mostram as estruturas descritas do bulbo e também a Decussação das pirâmides.




As funções do bulbo são muito importantes. Primeiro de tudo, temos que ter claro que as estruturas do tronco encefálico, assim como a medula espinhal, são condutoras de impulsos nervosos.

Porém o bulbo tem algumas funções específicas que, além de tudo, são vitais para o nosso organismo. 

Vital porque o bulbo controla algumas funções autonômicas (ou vegetativas). 

No bulbo, encontram-se núcleos responsáveis pela nossa respiração, pelos batimentos cardíacos e também pela pressão arterial. Por conta destas funções, uma lesão no bulbo é fatal.

Além disso, alguns reflexos como os movimentos peristálticos, o vômito, o piscar dos olhos e a secreção lacrimal também são controlados por esta pequena região do tronco encefálico.



Ponte:

A ponte é a porção intermediária do tronco encefálico, interposta entre o bulbo e o mesencéfalo. 

Anatomicamente, repousa sobre o osso occipital e sobre a cela túrcica do osso esfenoide. 



A base da ponte, ventral, apresenta estriações transversais, o que torna fácil sua identificação. Essa estriações são formadas por numerosas fibras nervosas transversais que convergem de cada lado para formar os dois pedúnculos cerebelares médios. Cada um dos pedúnculos cerebelares médios penetra no hemisfério cerebelar correspondente (direito e esquerdo).

Vista anterior da ponte e suas estriações:


Vista posterior da ponte e do tronco encefálico no geral, onde podemos observar diversas estruturas, como os pedúnculos cerebelares:


A ponte tem algumas funções, e, para ressaltar, como já foi dito, é uma importante conexão entre o cérebro e a medula. 

Além disso, a ponte interfere, no sentido de ajudar no controle, no centro de respiração bulbar.

Existem ainda funções motoras e de controle motor, que a ponte atua por atuar na comunicação do cerebelo com outras regiões encefálicas.

Para encerrar a ponte e o bulbo, precisamos mostrar que ambas as estruturas participam na formação do IV ventrículo, como podemos observar na figura abaixo:



Mesencéfalo:

O mesencéfalo é a porção cranial do tronco encefálico, sendo que está interposto entre a ponte e o diencéfalo. É atravessado pelo aqueduto cerebral, que une o III e o IV ventrículo. 

Seu limite inferior é marcado pelo sulco ponto-peduncular.



Observem abaixo uma figura que mostra um corte transversal do mesencéfalo, para podermos discutir mais algumas características da porção final do tronco encefálico.



Quando observamos um corte transversal do mesencéfalo, notamos, primeiramente, que existe uma porção dorsal, conhecida como Teto, e uma porção ventral, conhecida como Pedúnculo Cerebral. Essas porções são delimitadas pelo aqueduto cerebral. 

Podemos dividir ainda o Pedúnculo Cerebral em Tegmento e Base (duas bases, uma direita e uma esquerda). 
Nota-se, próximo às duas bases, a presença da substância negra. A substância negra, recebe esse nome pois os neurônios ali presentes produzem melanina, dai a coloração mais escura e também são neurônios dopaminérgicos, ou seja, que produzem o neurotransmissor dopamina. 

Esta região é de extrema importância para a regulação ou controle dos nossos movimentos involuntários, pois é uma porção inibitória destes movimentos involuntários (por isso que conseguimos ficar parados em repouso!). 

Quando os neurônios dessa região morrem e consequentemente se diminui a concentração do neurotransmissor Dopamina, os tremores involuntários se exacerbam e temos a doença conhecida como Doença de Parkinson.

Na vista posterior, ou seja, na região dorsal do mesencéfalo, observa-se a presença dos colículos superiores (2) e inferiores (2), que se ligam aos corpos geniculados do diencéfalo, e são considerados vias ópticas e auditivas.



Bom, era isso pessoal. 
Essa é a neuroanatomia básica do tronco encefálico.

Bons estudos.
Se surgirem dúvidas, deixem nos comentários abaixo ou me encaminhem um e-mail.

Um comentário:

  1. Sugestões - Biomedicina

    1. Onde se localiza o tronco encefálico ?

    2. No caso de um AVC no hemisfério esquerdo do cérebro, explique as sequelas motoras que serão desenvolvidas levando em consideração a decussação das pirâmides.

    3. Defina a função do bulbo

    4. Como funciona a circulação do líquido cefalorraquidiano e qual é sua função em relação ao tronco encefálico?

    5. Quais são as estruturas que compõe o tronco encefálica de ordem de baixo para cima? Cite as suas funções e delimitações.

    6. Explique as relações entre os seguintes tópicos; Mesencéfalo; Substância Negra; Dopamina e Doença de Parkinson.

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