quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Medula Espinal - Neuroanatomia - 2.0

Boa tarde pessoal,

Na aula de Neuroanatomia de hoje, aprenderemos um pouco sobre a Medula Espinhal (ou Espinal).

Esta aula é baseada no Capítulo 4 do Livro Neuroanatomia Funcional do Machado.

A palavra medula significa miolo, algo que se encontra dentro de uma estrutura, no caso a medula espinha é encontrada dentro da nossa coluna vertebral, mas existem outros tipos, como a medula óssea (no interior dos ossos).

A medula espinhal é uma massa de tecido nervoso, de formato cilindroide, contida dentro do canal vertebral. Em um homem adulto, chega a medir 45 centímetros.


Como podemos observar na figura abaixo, a medula é limitada cranialmente pelo bulbo, estrutura do tronco encefálico, ao nível do forame magno do crânio (osso occipital).



Seu limite caudal é, normalmente, na segunda vértebra lombar (L2), onde termina se afunilando, formando o cone medular (em vermelho na figura abaixo):


Atlas de Anatomia Humana - Netter


Forma e Estrutura da Medula Espinal:

A ME tem um formato cilíndrico, achatada no sentido ântero-posterior. 

Seu calibre não é uniforme ao longo de toda a medula, apresentado duas grandes concentrações de corpos de neurônios, conhecidas como Intumescência Cervical e Intumescência Lombar.



Mas por que essa grande concentração de corpos celulares de neurônios nestes dois pontos?

Quais grandes estruturas corporais são inervadas pelas fibras nervosas e seus respectivos nervos que saem dessa região das intumescências  cervical e lombossacral?

Os membros superiores e inferiores! 
As intumescências são as principais áreas da medula de onde saem as fibras nervosas responsáveis pela inervação dos membros superiores e inferiores!

Observem meu slide abaixo, com uma figura do Netter:




A superfície medular apresenta alguns sulcos longitudinais, dos quais vou citar apenas quatro: 
  • Sulco mediano Anterior;
  • Fissura mediana Posterior;
  • Sulco Lateral Anterior;
  • Sulco Lateral Posterior.

Vocês conseguem observar esses sulcos nas duas figuras abaixo:



Importante notar nas figuras que o sulco lateral anterior é a região da medula de onde saem as fibras nervosas que formam as raízes ventrais dos nervos espinhais (porção responsável pela condução de estímulos motores), enquanto o sulco lateral posterior é a região da medula de onde saem as fibras nervosas que formam as raízes dorsais dos nervos espinhais (responsável pela condução de estímulos sensoriais).

Lembram que já comentamos que os nervos carregam tanto informações motoras (através de suas fibras motoras) para os músculos, quanto informações sensitivas para o SNC (através de suas fibras sensitivas)?
Então, as raízes motoras (anteriores) e sensitivas (posteriores) justificam essa característica, e por isso ao lesionarmos um nervo por completo perdemos tanto a motricidade quanto a sensibilidade da região afetada.

Observem a excelente figura abaixo para entender de vez essa relação de um nervo ser formado tanto pelas fibras sensitivas da raiz posterior quanto pelas fibras motoras da raiz anterior.




Substância Cinzenta e Substância Branca:

Na medula espinal, a distribuição das substâncias cinzenta e branca é o contrário da que observamos até agora no cérebro. 

Na medula, a substância cinzenta (onde estão localizados os corpos dos neurônios) é central, recoberto em todos os lados pela substância branca (fibras nervosas/axônios com e sem mielina).




Como vocês podem observar no slide abaixo, as substâncias branca e cinzenta possuem algumas estruturas/divisões anatômicas, sendo a substância cinzenta as colunas ou cornos e a substância branca os funículos. 

Em ambos os casos, apresento algumas na figura abaixo:



Vocês conseguem responder a questão em vermelho no slide acima?
Pensem, falamos ali atrás que existem duas grandes intumescências, por onde saem a maioria das fibras que inervam nossos braços e pernas. Logo, justifica essas colunas laterais sejam mais pronunciadas nas regiões descritas na questão. 

Importante observar na figura abaixo, do Netter, que conforme analisamos secções transversais da medula espinhal, a distribuição da substância cinza e branca vai se alterando:




Conexões com os Nervos Espinhais - Segmentos Medulares:

A medula espinal é o maior condutor de impulsos/informações nervosas para dentro ou para fora do nosso encéfalo. 

Ela consegue comunicar o Sistema Nervoso Periférico (sentidos, sensibilidade, percepção do meio ambiente) com o Sistema Nervoso Central (interpretação, geração de resposta e adequações na fisiologia/funcionamento do organismo) através dos nervos espinhais.

As fibras nervosas deixam a medula através dos filamentos radiculares (pequenos filamentos nervosos) na porção anterior/ventral (raízes que se unem para formar a porção ventral/motora do nervo espinhal). 
Enquanto na porção dorsal (raízes que se unem para formar a porção dorsal/sensitiva do nervo espinhal) os filamentos radiculares chegam, trazendo a informação sensorial para a medula.





Um segmento medular é a porção da medula onde fazem conexão os filamentos radiculares de um nervo.



Topografia Vértebro-Medular:

No adulto, a medula não ocupa todo o canal vertebral. 
Como aprendemos no início da aula, a medula termina, normalmente, no nível da segunda vértebra lombar (L2).

Abaixo deste ponto, o canal vertebral contém as meninges e as raízes nervosas dos últimos nervos espinhais, formando a Cauda Equina.





Proteção da ME: Envoltórios:

Quando estudamos nas aulas anteriores a proteção do SNC, vimos que três membranas envolvem esta porção do nosso sistema nervoso, são elas conhecidas como Meninges.

De fora para dentro, temos a Dura-Máter, a Aracnoide (intermediária) e a Pia-Máter, cujas características estão resumidas no slide abaixo.


Figura que representa, de forma bem simples, as meninges que protegem a medula espinal:




Entre as meninges, existem espaços, que possuem características particulares e podem ter utilidade médica, como para as anestesias. Esses espaços estão descritos na tabela abaixo:


Neuroanatomia Funcional - Machado



Correlações Clínicas da Anatomia da Medular:

Como observamos, a medula espinhal termina em L2, enquanto o saco dural termina apenas no sacro, mais especificamente na altura da S2.

Anatomicamente, esse espaço é cheio de liquor e contém filamentos terminais e raízes dos nervos espinhais, característica esta que permite a utilização do local para extração de líquido cefalorraquidiano (LCR) e aplicação de medicamentos e contrastes, conforme mostra o slide abaixo, composto de texto e uma figura do Netter:



Bons estudos pessoal,
contem comigo nessa caminhada para construção de conhecimentos sólidos das bases da neuroanatomia, indispensável para quem quer seguir áreas como a neuroanatomofisiologia e o diagnóstico por imagem.

Qualquer dúvida é só comentar abaixo ou me mandar um e-mail.

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