quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Imunologia clínica - Introdução

Boa noite pessoal,
esta é a primeira aula do curso de Imunologia Clínica, sejam bem-vindos.

Para começar o estudo da Imunologia Clínica, precisamos relembrar alguns tópicos estudados na Imunologia Básica, então, a aula de hoje é uma introdução ao estudo da Imunologia Humana.



Imunidade é definida como a resistência a doenças infecciosas. O conjunto de células, tecidos e moléculas que são intermediários na resistência às infecções é chamado de Sistema Imunológico, e a reação ordenada dessas células e moléculas aos microrganismos infecciosos é a Resposta Imunológica.

A Imunologia, então, é o estudo do sistema imunológico e de suas respostas aos microrganismos invasores.

Podemos dizer que a função fisiológica (natural) do sistema imunológico é prevenir infecções e erradicar as infecções estabelecidas.


A importância do sistema imunológico fica mais evidente quando analisamos o caso de um indivíduo com resposta imunológica deficiente, como na Síndrome da Imunodeficiência Humana (AIDS) causada pelo vírus HIV.
As vacinas, tão comuns nos dias atuais (um alvo contínuo de fake news ridículas), utilizam princípios da imunologia para prevenir a infecção por alguns dos patógenos mais letais conhecidos pelos seres humanos, como o causador da raiva e do tétano, por exemplo.

Muitas pesquisas são realizadas atualmente com o intuito de fortalecermos o nosso sistema imune para que o mesmo consiga combater tumores, tornando os tratamentos mais viáveis e com infinitas vezes menos efeitos adversos aos pacientes, quando comparado ao tratamento de escolha que é a quimioterapia.

O estudo da imunologia é de extrema importância também para o transporte de órgãos, uma vez que um tecido transplantado para outro corpo será prontamente atacado pelo sistema imunológico da pessoa que recebeu o órgão. E, por conta disso, os pacientes transplantados precisam suprimir essa resposta imunológica para que o corpo consiga funcionar adequadamente com o órgão recebido.

Mas quais as características, comuns a todos nós, que o sistema imunológico apresenta? Vamos ver algumas informações:

- Imunidade INATA e Imunidade ADQUIRIDA.

Os mecanismos de defesa do nosso organismo são constituídos pela Imunidade Inata (natural), é a primeira linha de defesa do nosso organismo contra patógenos (infecções), e também pela Imunidade Adquirida, que precisa ser ativada e então aparece mais lentamente, mais tardiamente, sendo uma segunda linha de defesa do organismo, mais eficaz do que a primeira.



- Imunidade Inata: ou natural/nativa, é o tipo de defesa que está sempre presente nos indivíduos saudáveis, estando sempre preparada para bloquear a entrada de microrganismos e até para destruí-los, caso consigam invadir nosso organismo.

As barreiras epiteliais são a primeira linha de defesa e bloqueiam a entrada de microrganismos. Caso ocorra uma lesão, os patógenos conseguem atravessar essa primeira camada de defesa e penetrar nos tecidos ou mesmo na circulação. Caso ocorra a invasão, a segunda linha de defesa da Imunidade Inata, composta por dois tipos celulares (células natural Killers - NK e também pelos fagócitos (macrófagos), além das proteínas que são conhecidas como Sistema Complemento.

APhysio - Via facebook


Esses mecanismos de Imunidade Inata reconhecem e reagem, especificamente, contra microrganismos, não reagindo contra substâncias estranhas não infecciosas.

Além de fornecer a defesa inicial contra infecções, as respostas da Imunidade Inata estimulam as respostas da Imunidade Adquirida, garantindo uma resposta mais eficiente.

Por que muitas vezes a Imunidade Inata (mais ancestral) precisa recorrer à ativação da Imunidade Adquirida? Devido ao fato de muitos microrganismos terem desenvolvido resistência às primeiras linhas de defesa do nosso organismo.

- Imunidade Adquirida: ou específica, é o tipo de defesa estimulado pelos microrganismos que invadem os tecidos, adaptando-se à presença dos invasores microbianos.

Seus componentes são os Linfócitos e seus subprodutos, como os famosos anticorpos. Os linfócitos expressam em sua superfície celular receptores que são capazes de reconhecer especificamente diversas substâncias produzidas pelos microrganismos, assim como moléculas estranhas não infecciosas. A essas moléculas que são estranhas ao nosso corpo damos o nome de Antígenos.


As respostas imunológicas adquiridas só são desencadeadas se os microrganismos ou seus antígenos passarem pelas barreiras epiteliais e forem transportados para os órgãos linfoides, onde podem ser reconhecidos pelos Linfócitos.

Essas respostas adquiridas geram mecanismos especializados para o combate de diversos tipos de infecções. Por exemplo, os anticorpos produzidos pelos Linfócitos B eliminam os microrganismos que estão presentes no líquido extracelular (LEC), enquanto os Linfócitos T ativados eliminam microrganismos que se hospedaram dentro das células (intracelulares - LIC).

Apesar das diferenças, temos que imaginar a imunidade Inata e Adquirida como o exército que nosso corpo tem, as ferramentas que ele possui, para combater uma infinidade de antígenos existentes à nossa volta, normalmente advindos de microrganismos patogênicos. Um exemplo da batalha em conjunta é o fato da Imunidade Inata ser capaz de ativar a Imunidade Adquirida, e, algumas células da adquirida, como os Linfócitos T Auxiliar, ativa os macrófagos para destruir os microrganismos.

Para finalizar esse tópico da discussão, deixo uma imagem que explica que, quando falamos em leucócitos, estamos nos referindo a praticamente todas as células presentes no Sistema Imunológico:



Para finalizar essa primeira matéria da nossa disciplina de Imunologia Clínica, precisamos lembrar que existem dois tipos de Imunidade Adquirida.

A Imunidade Humoral e a Imunidade Celular.


A Imunidade Humoral é a porção responsável por eliminar os microrganismos que se encontram fora das células (extracelulares), através dos Linfócitos B que produzem os anticorpos.

A Imunidade Celular, alvo de nossa segunda aula da disciplina, fica responsável por eliminar patógenos intracelulares e até células que estão infectadas. Sendo que os Linfócitos T Auxiliar ativam os macrófagos, assim as células da Imunidade Inata conseguem destruir os patógenos fagocitados e, os Linfócitos T citotóxicos, que destroem qualquer tipo de célula do nosso organismo que possui microrganismos patogênicos em seu interior.

As diferenças entre os Linfócitos B e T são as seguintes:
  • Linfócitos B: anticorpos projetados especificamente para antígenos microbianos extracelulares. Capazes de reconhecer diferentes tipos de moléculas microbianas, como proteínas, carboidratos e lipídios.
  • Linfócitos T: reconhecem antígenos produzidos pelos microrganismos intracelulares, e a maioria das células T reconhece apenas antígenos proteicos bacterianos.
Para finalizar, a imunidade pode ser induzida em um indivíduo de duas formas principais. A Ativa, onde cria-se uma resistência após ser exposto ao antígeno de um patógeno, tornando-se imune a ele. Passiva, onde o receptor é capaz de combater as infecções durante o limitado tempo de vida dos anticorpos ou células transferidas, não produzindo uma imunidade duradoura.

Obrigado pela leitura pessoal, bons estudos!


Nenhum comentário:

Postar um comentário