quinta-feira, 14 de março de 2019

Sistema Nervoso Autônomo - Introdução

Bom dia pessoal,

Nesta matéria apresentarei uma introdução sobre o Sistema Nervoso Autônomo, e suas temidas divisões, o Simpático e o Parassimpático.

Esse resumo é baseado, em partes, no Capítulo 60 do Livro Tratado de Fisiologia Médica - Guyton e Hall.

Antes de falar do sistema autônomo, precisamos ter clara a divisão básica do nosso sistema nervoso:


Como vemos na figura 1, o Sistema Nervoso Periférico se divide em Somático e Autônomo.
O somático difere do autônomo por ser voluntário. Inerva os músculos esqueléticos e está sob controle consciente.

O Sistema Nervoso Autônomo (SNA) é a porção do SNC que controla a maioria das funções viscerais do nosso organismo, de forma autônoma (inconsciente).

Esse sistema ajuda a controlar a pressão arterial, a motilidade gastrointestinal, o esvaziamento da bexiga, a sudorese, a temperatura corporal e diversas outras funções. Algumas dessas funções são controladas totalmente pelo SNA, enquanto outras são controladas apenas em parte por ele.

Para termos uma ideia da velocidade em que esse SNA trabalha:
  • Em 3 a 5 segundos ele pode aumentar a frequência cardíaca em até duas vezes os valores normais;
  • Em 10 a 15 segundos, consegue duplicar os valores da pressão arterial;
  • Nos mesmos 10 a 15 segundos, consegue diminuir tanto a pressão arterial que podemos sofrer um desmaio.
  • Da mesma forma, a sudorese pode começar em segundos, como quando começamos a se exercitar.

- Organização Geral do Sistema Nervoso Autônomo (SNA):

O SNA é ativado, principalmente, por centros localizados na medula espinhal, no tronco cerebral e no hipotálamo. Além disso, porções do córtex cerebral, em especial do córtex límbico, podem transmitir sinais para os centros inferiores, e isso pode influenciar o controle autônomo.
O SNA também opera, em geral, por meio de reflexos viscerais, ou seja, sinais sensoriais subconscientes dos nossos órgãos chegam aos gânglios autônomos, no tronco cerebral ou hipotálamo e retornam, então, com respostas reflexas também subconscientes, diretamente para o órgão visceral, influenciando no controle de suas atividades.

Os Sinais autônomos eferentes são transmitidos aos diferentes órgãos do corpo por meio de duas subdivisões muito conhecidas, chamadas de Sistema Nervoso Simpático e o Sistema Nervoso Parassimpático.

Podemos utilizar 3 critérios para diferencia o SN simpático do parassimpático:
  1. Origem das fibras pré-ganglionares e pós-ganglionares;
  2. Tamanho dos axônios dos neurônios pré e pós-ganglionares;
  3. Neurotransmissores liberados pelos neurônios pós-ganglionares (farmacologia).
As fibras do Simpático tem origem entre as vértebras torácicas e lombares, por isso são denominadas Tóraco-lombares. Enquanto isso, no Parassimpático, as fibras tem origem ou na base do crânio ou na região sacral. Por isso, as fibras nervosas pré-ganglionares do Parassimpático são conhecidas por Crânio-sacrais.

Como mostra a figura 2:

Figura 2:

Em relação ao tamanho das fibras pré e pós-ganglionares, lembrem-se do seguinte:
  • Simpático: Fibras pré-ganglionares CURTAS e fibras pós-ganglionares LONGAS;
  • Parassimpático, o oposto: Fibras pré-ganglionares LONGAS e pós-ganglionares CURTAS.
Figura 3:

Mas por que essa diferença do tamanho das fibras pré e pós-ganglionares?
A resposta aqui também é muito simples. Devido à diferença na localização dos gânglios de cada um desses sistemas.

Quando falamos do simpático, temos gânglios próximos à coluna vertebral, conhecidos como Tronco Simpático Paravertebral. Assim, os neurônios pré-ganglionares da divisão simpática, deixam o sistema nervoso central e já encontram os gânglios no tronco simpático, possuindo fibras curtas. Enquanto isso, os neurônios pós-ganglionares precisam ter fibras longas para alcançar os órgãos. Observem na figura abaixo:

Figura 4:

Já na divisão parassimpática, os gânglios se localizam bem próximo ou dentro do órgão-efetor. Assim, as fibras pré-ganglionares precisam ser longas o suficiente para saírem do SNC e chegarem até os órgãos ou tecidos efetores. Enquanto, por sua vez, as fibras pós-ganglionares possuem fibras bem curtinhas, pois já estão praticamente em contato com o tecido efetor.

Figura 5:

As figuras 4 e 5 mostram também os órgãos e tecidos que essas duas divisões inervam.

Na figura 6 podemos observar parte das funções das divisões simpáticas e parassimpáticas:


A última diferença entre os dois sistemas, que falamos lá em cima, é relacionada ao tipo de neurotransmissor que as fibras pós-ganglionares desses sistemas utilizam. 

Mas Bruno, por que só das fibras pós e não das pré-ganglionares também?

Porque as fibras pré-ganglionares das duas divisões utilizam a Acetilcolina como neurotransmissor. Então, todos os neurônios pré-ganglionares simpáticos e parassimpáticos utilizam o neurotransmissor Acetilcolina.

Enquanto isso, os neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso Parassimpático também utilizam acetilcolina, e os neurônios pré-ganglionares do sistema nervoso Simpático utilizam noradrenalina/norepinefrina e adrenalina/epinefrina (em menor quantidade).

Figura 7:

Observem dois detalhes para encerrarmos essa aula com a figura 7. Primeiro, nela podemos ver de maneira resumida tudo o que foi discutido nessa matéria sobre as diferenças do Simpático e do Parassimpático. Segundo detalhe, a figura 7 também mostra os receptores envolvidos. Vou falar deles na próxima matéria sobre Sistema Nervoso Autônomo, onde também vou falar da farmacologia do SNA.

Bons estudos!