quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Dica de livro 10 - Neurociência e Transtornos de Aprendizagem

Bom dia pessoal,

Janeirão calmo aqui no blog, mas extremamente ativo nos bastidores. Planejamento, centenas de reuniões com os cursos que trabalho, planejamento e mais planejamento. Afinal, as aulas começam na semana que vem.

Entre uma reunião e outra e um Plano de ensino e outro, tenho lido bastante. Com isso, completei meu segundo livro de 2021, e venho através desta matéria trazer minhas observações e alguns trechos muito interessantes.

O livro se chama Neurociência e Transtornos de Aprendizagem, da professora Marta Pires Relvas.

Pessoal, é um bom livro de neurociências que visa, além de explicar conceitos básicos e outros nem tão básicos do funcionamento do nossos Sistema Nervoso, relacionar esses conhecimentos com os transtornos mais comuns de aprendizagem. Além disso, a autora tenta, através do texto e das relação citadas, mostrar alternativas para os educadores conseguirem lidar cada vez melhor com os transtornos de aprendizagem. 

O livro é bom, trás excelentes insights e muita coisa boa de neurociência, só por isso já vale a leitura. Além disso, ele melhora conforme vão passando as páginas, chegando no ápice da qualidade nos capítulos finais, quase que exclusivamente voltados a excelentes reflexões sobre nosso cérebro.

Existem alguns erros sobre neurociência, como o bendito mito de que o hemisfério direito é responsável pela criatividade e o esquerdo pela lógica. Para quem ainda não entendeu que isso não existe, recomendo a leitura do texto que publiquei no ano passado:


Não, essa divisão, apesar de disseminada, não é verdadeira. Existem sim porções específicas no hemisfério direito e esquerdo que possuem funções específicas, mas no geral o cérebro trabalha como um todo. Em qualquer atividade que você realiza diariamente, como ler essa matéria, você está utilizando diversas regiões do seu cérebro, que conversam para entender o que está escrito, relacionar com o que você já sabe sobre o tema, reavivar memórias e causar sensações enquanto você adquiri novos conhecimentos aqui no blog. Aliás, com esse exemplo, conseguimos quebrar outro neuromito muito famoso, aquele de que usamos apenas 10% do nosso cérebro.

Voltando para o conteúdo do livro, gostaria de colocar aqui algumas reflexões muito interessantes retiradas ao longo da leitura, espero que gostem:


"...Dito de outra forma, quando um estímulo já é conhecido pelo SNC, desencadeia uma lembrança; quando o estímulo é novo, desencadeia uma mudança. Essa é a maneira de se entender a aprendizagem do ponto de vista neurocientífico" - excelente trecho, onde nos mostra claramente dois tópicos muito importantes da Neurociência: a plasticidade neural, meio pelo qual conseguimos aprender novas coisas e formar novas memórias e o conceito de Memória em si.


O Capítulo 10 (X) do livro, chamado de Plasticidade Cerebral Intencional e as Pessoas com Deficiência, é para mim o melhor capítulo do livro. 

A autora começa ele com uma introdução excelente sobre os avanços no estudo da plasticidade neural, e como conseguimos entender hoje que essa capacidade plástica do cérebro é essencial, aliás, é devido a ela, que conseguimos aprender (não apenas os conhecimentos da grade escolar em todos seus níveis, mas tudo o que aprendemos, pois a plasticidade neural, a formação de novas sinapses, de novos "caminhos" dentro da rede neural que compõe nosso encéfalo, é a base para a formação de memórias.

O que mais me marcou nesse capítulo foi a divisão que a autora propôs para os tipos de Plasticidade Neural. O conceito em si, é relativamente fácil de ser passado para os alunos em sala de aula.

Porém, reflitam sobre o seguinte: Formar uma nova memória após ler um livro que eu gostei é Plasticidade Neural. Aprender um novo movimento, ou ir melhorando dia após dia em cima de um skate também é resultado de Plasticidade Neural. A recuperação de algumas funções após um AVC (vulgo derrame), também é resultado da Plasticidade Neural.

Isso, pelo que visualizei em todas as minhas turmas de neurociência até hoje, percebo que gera determinada confusão no cérebro dos alunos. Como professor, esbarrei na dificuldade em categorizar essas plasticidades de forma a deixa mais claro para os meus alunos. Até ler esse capítulo do livro (observem como a formação do professor é constante)!

A autora divide a Plasticidade Neural em três tipos principais:

  1. Plasticidade no desenvolvimento do cérebro normal;
  2. Plasticidade que ocorre como resposta à experiência;
  3. Plasticidade reacional a uma lesão, na tentativa de reorganizar o SNC.

Pronto, essa simples divisão vai facilitar muito a minha vida para explicar o conceito de plasticidade e suas "pequenas" funções e importância para o desenvolvimento do nosso cérebro e também do nosso conhecimento. Além, simplesmente, de ser a responsável por sermos seres tão complexos e únicos.

Um ótimo livro para quem quer entender um pouco mais sobre Educação e Neurociência, vale a leitura (além de ser um livro pequeno, com 100 e poucas páginas).

Espero que gostem!
Boa leitura.






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