Bom dia pessoal,
hoje vamos conhecer um pouco sobre o Transtorno Borderline, que desperta muitas dúvidas e muitas curiosidades dos meus alunos de neurociência.
O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) se refere a pacientes caracterizados por distúrbio emocional e potencial para o suicídio. Bem vaga essa definição, certo?
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR), para ser diagnosticado com TPB, o paciente precisa mostrar um padrão de instabilidade das relações interpessoais, autoimagem e afetos, com grande impulsividade que se manifesta no início da vida adulta e está presente em uma grande variedade de contextos (social, amoroso, profissional...)
A figura abaixo foi retirada do livro Coleção Netter de Ilustrações Médicas, volume 7, parte 1:
Como a própria figura nos diz, acredita-se que a origem do transtorno Borderlineesteja associada a perturbações na relação pais-filho no segundo e terceiro ano de vida. A criança que desenvolve o transtorno não consegue integrar experiências discrepantes de amor e hostilidade parentais. E o que tudo isso gera? Sofrimento!
Entre os adultos, os pacientes borderline apresentam humor e autoimagem instáveis, demonstram com frequência raiva indevida e reagem exageradamente a pequenas desavenças, críticas e decepções.
Para ser considerado borderline, o paciente precisa apresentar 5 dos 9 sintomas atribuídos ao transtorno. Os 9 sintomas são divididos em 4 categorias:
- Afetivos;
- Impulsivos;
- Interpessoais;
- Cognitivos.
Os sintomas afetivos incluem reatividade extrema de humor (velho 8 ou 80)m um sentimento de vazio crônico e raiva indevida, intensa, uma resposta exagerada a algo pequeno.
Os sintomas impulsivos incluem comportamento suicida, auto-mutilação (se arranhar, se queimar...). Interessante notar que esses indivíduos podem apresentar alguns outros comportamentos prejudiciais a si mesmo, como o uso abusivo de substâncias, gastos excessivos, comportamento sexual indevido ou compulsão alimentar.
Dentro do domínio interpessoal, mudanças repentinas e drásticas sobre os outros acontecem com frequência (gosto e não gosto constante), podem sentir uma sensação muito forte de abandono junto a uma raiva indevida. Uma sensação de instabilidade de si mesmo caracterizado por metas e valores em constante mutação.
Os sintomas cognitivos podem ocorrer sobre estresse extremo (grandes mudanças, perda de um ente querido...) e podem ser sentidos em sintomas dissociativos.
Atualmente os sintomas e comportamentos dos pacientes se apresentam normalmente como: funcionamento abaixo do nível verdadeiro de inteligência ou capacidade, idealização e desvalorização das relações interpessoais e demonstração de um estilo cognitivo inflexível e impulsivo.
Depois desta melhor descrição dos sintomas, acredito que, como eu, vocês se encontraram em alguns pontos. Quem pode te ajudar com isso? Um psicólogo e um psiquiatra.
Alguns dados interessantes sobre a doença:
- A TPB atinge aproximadamente 2% da população mundial;
- Predominante nas mulheres;
- Tanto a genética (fatores biológicos) quanto psicossociais contribuem para o desenvolvimento de TPB;
- Assustadoramente, o suicídio consumado acontece em 10% dos pacientes;
- Comorbidades, como o abuso de substâncias e transtornos de humor, complicam o quadro de TPB e interferem na recuperação;
- A gravidade e a prevalência do TPB diminuem com a idade, sendo que 75% dos pacientes recuperam o funcionamento próximo ao "normal" até os 40 anos de idades, e, até os 50, cerca de 90% se recuperam.
Pensando em tratamento, o mais recomendável, como sempre, é a terapia, sendo que dentro das abordagens e vertentes da Psicologia, a mais estudada e com resultados interessantes para o TPB é a TCD, ou terapia comportamental dialética, que usa terapia individual e de grupo para tratar a impulsividade e a instabilidade afetiva.
A farmacoterapia, sempre bem vinda quando necessária, não tem efeito claro sobre o tratamento da TPB, sendo recomendada exclusivamente para tratar alguns sintomas. O uso de inibidores da recaptação de serotonina (ISRS), antidepressivos muito conhecidos, ajuda apenas em pacientes apresentando quadros de depressão maior, o que indica que outros sintomas, como os cognitivos e impulsivos, não estão relacionados diretamente com a Serotonina.
Espero que tenham gostado pessoal.
Bons estudos.
Referências:
1. Coleção Netter de ilustrações Médicas - Volume 7: Sistema Nervoso - Cérebro - Parte I.
2. Neurociências - desvendando o sistema nervoso - Bear.
Nenhum comentário:
Postar um comentário