quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Introdução à Farmacologia

Bom dia pessoal,
após uma grande pausa, estamos de volta.

Iniciando mais um semestre, começaremos a cursar a disciplina de Farmacologia. 

Para quem ainda não viu, uma das minhas primeiras matérias aqui no blog foi exatamente sobre Farmacologia, e vocês podem encontrar no link que vou disponibilizar abaixo. Fala sobre a diferença básica inicial sobre as duas principais vertentes de estudo da nossa disciplina, a Farmacodinâmica e a Farmacocinética:


A primeira aula é uma aula introdutória, onde esclarecemos alguns conceitos e introduzimos algumas idéias importantes para o bom andamento da disciplina.

Farmacologia significa o estudo das drogas, ou mais atualmente, o estudo das fármacos.


Precisamos ter em mente, agora no início da disciplina, que alguns termos que utilizamos corriqueiramente não estão corretos. Então, vamos diferenciar quatro termos que utilizamos, muitas vezes, para definir aqueles comprimidos que temos em casa (aquela neosaldina, aquele dorflex...): remédio, medicamento, fármaco e droga.

  1. Remédio: todo e qualquer procedimento que promova a saúde, que busca o bem-estar e a qualidade de vida. Pode ou não haver o uso de substâncias químicas. Aqui, entra o futebol que você joga com seus amigos (volei, handball, natação e qualquer outro esporte também), meditação, viagens e até mesmo aquela cervejinha depois do expediente para descontrair.
  2. Medicamentos: produto contendo um ou mais princípios ativos e substâncias inertes em sua composição. São feitos para tratar ou prevenir uma doença ou um problema de saúde. Esses sim são os comprimidos e outras substâncias que temos em casa para uso corriqueiro (apesar de não ser aconselhável!).
  3. Fármaco: o fármaco é uma substância química de estrutura conhecida, é o princípio ativo dos medicamentos.
  4. Drogas: uma substância química, conhecida ou não, que não faz parte da nossa dieta e que causa algum efeito no organismo.

Duas conclusões que tiramos com essas quatro definições são: Primeiro, utilizamos de forma indevida esses termos no dia a dia, desde sempre. Segundo, todo fármaco é uma droga mas nem toda droga é um fármaco!


Assim, redefinindo o termo Farmacologia, podemos dizer que é a ciência que estuda as substâncias químicas utilizadas para tratar e prevenir doenças. Estuda as substâncias que interagem com sistemas vivos por meio de processos químicos, resultante da ligação dessa substância química com receptores específicos dentro do nosso corpo, o que aumenta ou diminui uma função normal do nosso organismo.

Precisamos ter em mente, também, que atualmente a Farmacologia é baseada em ciência e em ciência de altíssimo nível. Mas que suas raízes, como muitas outras ciências, vem do conhecimento empírico, vem da tentativa e erro da população, vem de conhecimentos orientais antigos (hoje devidamente comprovados cientificamente).


Necessário sabermos também que toda substância química pode ser tóxica sob determinadas circunstâncias, e a principal destas circunstâncias é a dose da substância (Paracelcius: "a dose faz o veneno"), isso serve até para o consumo de água.
Diferente do que pensamos, os produtos botânicos, ou melhor, os princípios ativos dos produtos botânicos (chás, infusões, extratos...) são semelhantes aos produtos químicos manufaturados e, por isso, todos deveriam ser submetidos a normas regulamentadoras, da mesma forma que os produtos que compramos nas farmácias são, assim garantindo a qualidade, a pureza e principalmente a dosagem do princípio ativo contido no que vamos consumir, garantindo assim, com maior nível de precisão, o que podemos obter de efeitos desejáveis e também de efeitos colaterais.

É necessário ter muito cuidado com o medicamento que compramos e onde compramos, lembrando sempre de verificar aquele quadradinho que precisa ser raspado com metal na caixinha do medicamento, garantindo a veracidade e a procedência da substância. Sempre mostro para meus alunos a pesquisa abaixo, de brasileiros, mostrando as principais classes de medicamentos falsificados apreendidos no Brasil pela PF:


Pasmem, mais durante muitos anos a principal classe de medicamento falso apreendido foi a classe daqueles medicamentos que visam tratar a disfunção erétil, como o Viagra. A segunda classe? Os esteroides anabolizantes. Cuidado pessoal, sem saber a procedência, fica muito difícil saber o que e em que quantidade estamos ingerindo!

- Placebo:

O placebo nada mais é do que um tratamento inerte, ou seja, que não interage com nosso organismo (exemplo clássico é nossa água com açúcar). Apesar de não interagir, ele gera um efeito fisiológico positivo, ou seja, mesmo sem um princípio ativo, a pessoa melhora dos sintomas. 

Placebos são indispensáveis em pesquisas para testar a eficácia de um fármaco disponível no mercado ou que vai ser lançado no mercado, visando saber se o tratamento com o mesmo, para determinada condição, é viável.

Para saber mais sobre o assunto leiam:




- Como os fármacos agem em nosso organismo?:

Sempre coloco essa imagem no início da minha disciplina de Farmacologia e ela precisa estar clara dentro da cabeça de qualquer pessoa que faça o uso de medicamentos:


Pessoal, os fármacos não criam efeitos em nosso organismo, eles não fazem mágica! Eles apenas modificam uma função já existente. Eles aumentam ou diminuem uma função que nosso corpo já realizava sem ele.

Seguindo a mesma linha de pensamento, para conseguir alterar funções pré-existentes do nosso organismo, os fármacos precisam se ligar a receptores específicos, gerando o que conhecemos como Interação Fármaco-Receptor (FR). Quando unido ao seu receptor específico, o fármaco consegue desempenhar suas funções.

- Farmacocinética e Farmacodinâmica:

As duas vertentes do estudo da Farmacologia são a Farmacocinética e a Farmacodinâmica.

A Farmacodinâmica é a linha de estudo que engloba as ações do fármaco no nosso organismo. É essa linha que estuda a interação do fármaco com seu receptor e os efeitos advindos dessa interação. Além disso, são os conhecimentos dessa área que permitem a escolha de determinado medicamento ou classe de medicamentos para tratar determina doença (como os antibióticos para tratar infecções bacterianas, por exemplo).

A Farmacocinética, diferentemente, engloba os processos que podemos resumir como sendo o trânsito do fármaco em nosso organismo, desde a sua administração até sua eliminação. Podendo ser resumida na figura abaixo:


Voltando à Farmacodinâmica e para encerrar nossa primeira aula da disciplina de Farmacologia, precisamos falar de dois tipos básicos de interação entre os fármacos e seus receptores: os fármacos Agonistas e os fármacos Antagonistas!

  • Agonistas: são aqueles fármacos que se ligam diretamente aos receptores e os ativam. Como mostra a figura abaixo:

  • Antagonistas: fármacos que agem como competidores, se ligando ao receptor sem ativá-lo, apenas impedindo que outras moléculas se liguem a ele e o ativem, como mostra a figura abaixo:

Para deixar mais claro que o efeito do medicamento não é mágico e qual a diferença entre Agonista e Antagonistas observem a figura abaixo:



Obrigado pela atenção pessoal, bons estudos e qualquer dúvida que surgir perguntem abaixo ou me encaminhem um e-mail.

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