segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Efeitos hepáticos do abuso de anabolizantes

 Bom dia pessoal,

dia 01 de Fevereiro de 2021, segue o baile!

Quem acompanha meu trabalho a mais tempo ou já teve aula comigo, sabe que o tema principal das minhas pesquisas desde a graduação é Esteroides Anabolizantes.

No meio acadêmico, chamo eles de Esteroides Anabólicos Androgênicos (EAAs). 




Os esteroides se tornaram, ao longo das últimas décadas, um dos principais recursos ergogênicos utilizados por atletas profissionais e atletas amadores. 

Tenho certeza que você que está lendo, se não utiliza ou já utilizou, conhece pelo menos uma pessoa que o faz. Os dados não mentem.

No Brasil, há registro de uso em academias de todo o país, do sul até o norte, com usuários dos dois sexos e em uma ampla faixa de idade. 

Muitos de vocês já ouviram falar de diversos efeitos colaterais do uso dessas substâncias anabólicas, mas já ouviram falar sobre os efeitos hepatotóxicos delas?

Para começar, hepatotóxico significa que é tóxico para o nosso fígado. Mas será mesmo?

O primeiro ponto a considerarmos nessa discussão é que os anabolizantes orais são mais tóxicos para o fígado do que os injetáveis. 

Farmacologicamente falando, isso é óbvio. As moléculas desses anabolizantes orais precisam ser preparadas para suportar o efeito de primeira passagem pelo fígado, o que normalmente dificulta seu metabolismo. Se o fígado precisa trabalhar mais que o normal para metabolizar esses fármacos, maiores as chances dele sofrer com efeitos adversos.

Mas então Bruno, só os orais prejudicam o fígado? Não.

Também existem relatos de problemas hepáticos após o abuso dos esteroides injetáveis. Mas aqui temos um ponto a mais para considerar. Normalmente, os injetáveis são hepatotóxicos em um uso prolongado, crônico, e as doses utilizadas também influenciam bastante.

O que já sabemos sobre esses efeitos?

Aumento das enzimas hepáticas AST e ALT é um achado bem comum em usuários, e as pesquisas vem mostrando que isso acontece ou por lesão dos hepatócitos ou pelo aumento do tamanho dos hepatócitos.

Além disso, hepatite, esteatose hepática, alguns tumores, dentre outros efeitos já foram relatados. 

Na minha cabeça, o usar e não usar depende bastante de cada situação, mas lembrem-se: nosso corpo tem um limite natural de desenvolvimento de músculos, então, se você treina seriamente a alguns anos, suplementando com proteínas e outras substâncias, segue dieta, e observa que já não tem mais resultados satisfatórios, talvez seja a hora de considerar o uso de outros recursos ergogênicos. Isso é uma recomendação? Jamais.

Quais são seus objetivos? Você pretende competir? Realmente não está satisfeito com os resultados? Realmente acha que chegou ao limite genético de crescimento muscular? Analise tudo com cuidado, e por favor, consulte um endocrinologista antes de começar o uso. Acompanhe com exames, com profissionais qualificados, pois os efeitos podem ser desastrosos.

Se quiser saber um pouco mais, escrevi outra matéria aqui no blog sobre o assunto:

http://plantandociencia.blogspot.com/2020/06/anabolizantes-introducao.html


Também podem olhar no meu currículo lattes algumas publicações que tenho sobre o assunto como capítulo de livros e artigos científicos:

http://lattes.cnpq.br/1432711556280120


Bons estudos!

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