quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Material Psicofisiologia - SM2

Boa noite, pessoal!


Mais uma madrugada produtiva para facilitar os estudos de vocês!

Quero ver muitos 10 em, então aproveitem os materiais citados aqui!

Lembrem-se que, na Metrocamp, todas as provas são cumulativas de conteúdo, então também terão questões relacionadas ao conteúdo 1. 
Porémmmm, o foco desse segundo simulado, incluindo as questões do modelo ENADE (uma dissertativa e uma objetiva), estão bem voltados para temas como o sistema límbico, principalmente o Hipocampo e a Amígdala, e suas respectivas funções!


Comecem pela matéria do Sistema Límbico acima, as outras farão mais sentido depois de entender funções básicas de Amígdala, Hipocampo e Córtex Pré-Frontal (sério, esse trio é fantástico, e basicamente atuam construindo o que somos e as decisões que tomamos).

A matéria aborda estruturas gerais do Sistema Límbico, mas foquem o estudo nas estruturas focados no texto. Amígdala e sua relação com emoções, perigo e até prazer. Interessante, pensando em prova e atuação clínica, entender o papel da Amígdala nos transtornos de Ansiedade. Algumas pesquisas mostraram Amígdalas trabalhando acima da média no Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) e na Síndrome do Pânico. Gosto de brincar com os alunos, com um exemplo besta mas que faz bastante sentido, principalmente para quem já teve uma síndrome do pânico - imagina a resposta de Luta ou Fuga, como a taquicardia que sente depois de tomar um susto. Agora multiplica essa resposta por 100, essa é a Síndrome do pânico, que tem como base dos relatos o medo de estar tendo  um infarto ou alguma alteração cardíaca grave.

O Hipocampo nós discutimos bastante, mas eu, particularmente, adoro essa regiãozinha. Tanto que foi uma área que estudei nas três pesquisas que levam meu nome como autor principal na faculdade, iniciação científica, mestrado e doutorado. O Hipocampo é diretamente relacionado à nossa memória, e de uma forma muito interessante. 
Ele é o responsável por transformar as memórias de curto prazo que são importantes em memórias de longo prazo, lembrando que ele não armazena essas memórias de longo prazo, só ajuda na transferência delas para o córtex. Aha, as que não são importantes ele simplesmente deleta do nosso cérebro, como se nunca tivessem existido.
O que as torna importante para serem armazenadas? A atenção que prestamos nas experiências que vivemos (como nas aulas, fica a dica, rs) e a carga emocional da experiência. Carga emocional ativa a amígdala, que é vizinha anatômica do hipocampo, mostrando para ele que aquilo é muito importante e precisa ser armazenado para usar futuramente. Observe a figura para entender essa proximidade:


Na figura, a Amígdala está representada em vermelho, e parte do Hipocampo em verde. Assim, confirmamos que eles são literalmente vizinhos anatômicos. Quando uma experiência tem uma carga emocional grande, ou seja, nos faz sentir algo intenso, a Amígdala fica muito ativa, com seus neurônios trabalhando acima do normal. Essa animosidade toda passa para o Hipocampo, e isso serve como um sinal de que aquela experiência deve ser registrada com o máximo de detalhes possível. Sensacional, não?

Até a arquitetura do nosso cérebro foi bem pensada!

Porém, toda essa beleza se reflete no fato dos traumas, principalmente aqueles da infância, serem armazenados com tantos detalhes e muitas vezes permearem toda a vida da pessoa, caso não sejam trabalhados a nível de terapia!

O córtex pré-frontal deixo com vocês, mas ressalto nele o fato de que já estudamos Atenção e aprendizado, TDAH, dentre outros assuntos que são responsabilidade dessa região maravilhosa, que basicamente nos diferencia das demais espécies de animais.

Os materiais que complementam o estudo estão abaixo:





Agora, estudem!
Beijos e boa noite (02:45 aqui)

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Material Neuroanatomofisiologia - Simulado 2

Bom dia, pessoal.

O material de revisão hoje guia vocês no estudo para o Simulado 2.

Lembrem-se que, as avaliação são cumulativas, ou seja, o conteúdo que caiu na anterior, também cai nessa e na próxima. Acrescido dos conteúdos estudados após o Simulado 1.

Resumindo? Estudem tudo, rs.

O questionário de revisão já está disponível no sistema, como Revisão SM2, assim como o arquivo de cada aula. Complementando com o material do blog, é 10.00 na certa!

Começando bemmmm do comecinho, a matéria chamada "Prazer, Neuroanatomofisiologia", que aborda os conteúdos iniciais para a construção do conhecimento de Neurociência, desde uma breve descrição dos componentes e principais características do Sistema Nervoso (SN).

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Neuroanatomia do Cérebro

Boa noite, pessoal!

Finalmente, saiu a matéria sobre Neuroanatomia do Cérebro, a última que faltava!


Já exploramos uma boa parte do Sistema Nervoso, e começamos pela Medula Espinhal.e seus pares de nervos espinhais, onde entendemos o conceito de nervos mistos, aqueles que possuem fibras sensitivas, que levam as informações de um dos nossos principais sentidos, o Tato, para serem interpretadas pelo cérebro, assim sentimos o toque! E também possuem as fibras motoras, que enviam as informações derivadas do córtex motor para os nossos músculos estriados esqueléticos, responsáveis pelos nossos movimentos voluntários, como os que estou fazendo agora, com mãos e dedos, para escrever esse texto para vocês!

Da medula espinhal, subimos para as estruturas encefálicas, aquelas que são protegidas pélo nosso crânio, e começamos o estudo aqui pelo Tronco encefálico e seus três componentes, Bulbo (com suas funções vitais e não vitais), Ponte (com sua relação com a respiração mas também com o cerebelo, sendo a fonte de comunicação do cerebelo com o restante do sistema nervoso) e Mesencéfalo (com sua relação com a visão e audição, mas que focamos a discussão na substância negra e sua relação com a doença de Parkinson).

Por último, estudamos o Cerebelo e toda sua relação com a motricidade, seja na formação dos movimentos voluntários, onde atua no desenho deles junto ao córtex motor, e depois na execução junto com a medula espinhal. Vimos também seu papel na formação das memórias motoras, onde a repetição e aperfeiçoamento de movimentos gera um tipo de memória que é difícil de registrar, mas também muito difícil de se esquecer (lembra da história que depois que você aprende, você nunca mais esquece como se anda de bicicleta?) e finalizamos com sua relação com o equilíbrio (papel que atua junto com o labirinto do ouvido) e com a coordenação motora).

Agora chegou a hora dele, o cérebro humano!!!!

Na primeira aula, mostrei uma divisão do cérebro em Lobos, que divide ele em quatro porções: Lobo Frontal, Lobo Parietal, Lobo Temporal e Lobo Occipital! Uma divisão muito utilizada na anatomia, que vocês podem conferir abaixo:


segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Química da Mente: o que um exame de sangue pode nos contar sobre a saúde mental

Boa tarde, pessoal!

Essa matéria da início a uma nova série aqui no blog, que também estará disponível no instagran (@plantando_ciencia) e no youtube (vou postar os vídeos aqui também). Uma série que fala sobre a Química da mente, mais especificamente como fatores, como alguns nutricionais, que podem ser dosados em simples exames de sangue, nos contam e muito sobre a nossa saúde mental.


Quando pensei na palestra, que na minha opinião é de suma importância para os cursos da saúde, mas em especial para a Psicologia, não imaginei que gostaria tanto do tema. Sério, é sensacional, e mostra claramente como nossa saúde mental é afetada pelos nossos hábitos e nossa rotina diária, em especial a alimentar e a de sono.

Cada dia que passa, a cada novo estudo apresentado na comunidade científica, fica mais e mais claro que a dicotomia corpo e mente não existe. Sim, são coisas distintas, mas como brinco com meus alunos: o que está dentro do nosso crânio, o encéfalo, controla todo o corpo. Enquanto o corpo, com seus preciosos e magníficos órgãos, é o responsável por abastecer  e limpar todo nosso sistema nervoso, e, em especial, nosso cérebro, que demanda uma energia danada (pesquisas mostram que ele consome cerca de 20% da nossa energia diária).

Mas vamos lá, entender melhor como podemos utilizar as Análises clínicas para obter informações sobre a saúde mental (e já aproveitando, check ups, pelo menos uma vez ao ano, são fundamentais para avaliar como está nosso organismo e, também, descobrir doenças ou alterações que podem levar a elas logo no início, o que melhora drasticamente o prognóstico),

Para começar a reflexão, lanço duas perguntas para já começar a fazer a cabeça de vocês ferver, rs:
1 - Como posso utilizar as análises clínicas (através do sangue) para procurar ou entender sintomas relacionados à saúde mental? Será que são parâmetros fáceis de se analisar?
2 - Por que um psicólogo deveria conhecer a biologia do seu paciente logo no início do processo terapêutico? Como isso poderia impactar o andamento desse tratamento?

Ao final das matérias dessa nova série, vocês serão capazes de responder essas perguntas (eu espero, rs).

Um exemplo para finalizar a introdução desse material:
Paciente TTSD, 59 anos, começou apresentar déficits de memória e confusão mental, sintomas nunca percebidos antes, nem pela família, nem pela paciente. O quadro parecia bastante com um início de Alzheimer.
Ao consultar o neuro, o mesmo pediu exames de imagem para verificar com precisão e também diversos exames de sangue, para fazer uma análise geral da paciente.
Ao saírem os resultados, observou-se que não existia qualquer indício de doença neurológica iminente (foi investigado principalmente devido a casos de doenças neurodegenerativas na família), porém, quando fizeram uma análise mais minuciosa do sangue da paciente, descobriram valores extremamente baixos de Vitamina B12.
E, para nossa surpresa na época, deficiência de vitamina B12 pode causar confusão mental, déficit cognitivo, problemas de atenção e memória, basicamente todos os sintomas apresentados.
Feita a reposição de Vitamina B12, o quadro da paciente apresentou uma melhora expressiva até o completo sumiço dos sintomas!

Uma vitamina, um enorme transtorno!

Analisando de outra forma, tudo isso foi feito rapidamente devido a um plano de saúde. Pensando no SUS, investigar primeiro os parâmetros sanguíneos torna o processo mais barato e mais rápido, e, caso o sangue não mostre alterações, ai partiríamos para o diagnóstico de imagem. Imagina o tamanho da economia quando inúmeros, provavelmente milhares de pacientes conseguirem um diagnóstico e, consequentemente, o devido tratamento, apenas com um exame de sangue!

É o tipo de conhecimento e possíveis políticas públicas onde todo mundo ganha.

Mas, por hoje é só pessoal!
Boas reflexões e até logo!!!

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Memória Interoceptiva: já ouviu falar?

Memória Interoceptiva

A memória interoceptiva refere-se à capacidade de se formar memórias sobre informações relacionadas às sensações internas do corpo, tais como batimentos cardíacos, ritmos respiratórios, fome, saciedade, temperatura corporal, dor e desconforto físico, por exemplo.

Está intimamente relacionada à interocepção, que é o processamento contínuo dos sinais fisiológicos internos para manutenção da homeostase.

Esse tipo de memória tem uma base adaptativa muito interessante, como, por exemplo, permitir que o organismo aprenda a reconhecer estados internos e associá-los a contextos externos, assim, guiando nossos comportamentos. Um exemplo extremamente simples: beber água quando estamos com sede, e um outro exemplo, um pouco mais complexo, evitar situações que antes geraram um mal estar físico, como um lugar, uma pessoa… É sensacional!

Está diretamente relacionada às sensações corporais apresentadas durante episódios com grande carga emocional, ou seja, aquelas experiências que nos fazem sentir muita coisa, sejam elas coisas boas ou ruins.

Deixa eu colocar de outra forma, para esquentar ainda mais nossa discussão e fazer vocês refletirem sobre os impactos desse tipo de memória. A memória interoceptiva apresentas algumas características principais, expostas em três tópicos abaixo:

  • Aprendizagem corporal: liga sinais viscerais a emoções e contextos, criando “mapas” do que o corpo sentiu em certas situações – já leu algum material do Damásio? Se sim, provavelmente viu a teoria dos marcadores somáticos.

  • Reconsolidação: essas memórias podem ser reforçadas ou atualizadas quando estímulos semelhantes reaparecem.

  • Valência emocional forte: geralmente associada a emoções intensas, como medo ou prazer, o que aumenta sua durabilidade. Se unirmos a valência com a reconsolidação, será que esse tipo de memória não está associada à construção de vícios?

Mas e no dia a dia, onde podemos ver esse tipo de memória tão diferentona do que pensamos quando falamos em memória?

  • Decisões automáticas: escolher alimentos, regular o ritmo de atividades ou evitar ambientes quentes são influenciados por memórias de como o corpo reagiu antes, ou seja, boa parte das nossas escolhas diárias, até as mais banais, são influenciadas e até mesmo, em alguns casos, decididas pelas nossas memórias interoceptivas.

  • Regulação emocional: reconhecer que a aceleração cardíaca pode ser apenas excitação, e não ameaça, depende de memória interoceptiva bem calibrada. Aqui, a consciência corporal vai influenciar bastante, pois, quanto mais você conhecer e entender sobre o funcionamento do seu corpo, mais vai conseguir entender sobre o significado das alterações fisiológicas em determinadas situações.

Para discutir esse ponto da regulação emocional, cabe um exemplo que já tinha ouvido em relato de pessoas que sofrem com o transtorno, mas estudando esse tipo de memória se tornou mais claro para mim sobre o que realmente acontece. A síndrome do pânico judia muito de quem sofre com ela, seja psicologicamente, seja fisicamente. No começo, nas primeiras crises ou até se chegar ao diagnóstico, a sensação e a descrição do medo de um infarto ou algum problema cardíaco é comum. E faz total sentido, visto que a crise nada mais é do que uma resposta de luta ou fuga exacerbadíssima, muito intensa. Após entender algumas características da crise, memórias interoceptivas são criadas, e é ai que fica mais interessante a discussão: a memória interoceptiva faz com que sensações físicas neutras (ex.: aceleração cardíaca por exercício ou café) sejam lembradas como sinais de perigo. Essa “marca corporal” cria algo que podemos chamar de hipersensibilidade interoceptiva, ou seja, a pessoa percebe variações fisiológicas sutis e as interpreta como prenúncio de nova crise (“vai acontecer de novo”). É um mecanismo de condicionamento clássico: o corpo aprende a associar taquicardia, tontura ou falta de ar ao episódio de pânico anterior.

Resumindo, nosso corpo aprende com as experiências. As mesmas experiências que formam nossas memórias declarativas, que constroem a nossa história e quem somos, também criam memórias interoceptivas, que vão nos ajudar a tomar decisões mais rápidas no dia a dia, repetir o que gerou prazer no nosso corpo (ponto interessantíssimo para discutirmos nas matérias sobre drogas que virão), a evitar situações onde foi gerado desconforto, medo e sensações ruins.

O tema é interessantíssimo, confesso que novo para mim, então vou continuar estudando e trazendo novidades.

O fato é, nosso cérebro é absurdamente incrível, neurociência é vida!

Se quiserem se aprofundar no tema, recomendo as seguintes referências:


Referências

  • Craig, A. D. (2002). How do you feel? Interoception: the sense of the physiological condition of the body. Nature Reviews Neuroscience, 3(8), 655–666.

  • Critchley, H. D., & Harrison, N. A. (2013). Visceral Influences on Brain and Behavior. Neuron, 77(4), 624–638.

  • Paulus, M. P., & Stein, M. B. (2010). Interoception in anxiety and depression. Brain Structure and Function, 214(5-6), 451–463.

  • Khalsa, S. S., et al. (2015). Interoception and Mental Health: A Roadmap. Biological Psychiatry: Cognitive Neuroscience and Neuroimaging, 3(6), 501–513.

  • Pollatos, O., et al. (2008). Reduced perception of bodily signals in anorexia nervosa. Eating Behaviors, 9(4), 381–388.

  • Damasio, A. (1996). O erro de Descartes: Emoção, razão e o cérebro humano. Companhia das Letras.