domingo, 11 de abril de 2021

Carboidratos e Glicemia I

Boa tarde pessoal,

Na aula de Bioquímica Clínica de hoje, vamos estudar um pouco sobre os exames bioquímicos utilizados para dosar a glicemia, seja ela em amostras de sangue ou urina.

Apesar de ser um dos principais combustíveis para a geração de energia de nosso organismo, glicose em excesso prejudica praticamente todos os sistemas do nosso corpo, inclusive funções cognitivas do nosso cérebro. 


É só resgatar na memória tudo o que já ouviram falar sobre Diabetes, seus sintomas e complicações. 



A glicose é, talvez, o composto mais importante para a manutenção energética do nosso organismo. Quando dentro das células, é utilizada pelas mitocôndrias, junto ao oxigênio, no processo conhecido como respiração celular, onde a célula transforma a glicose e o oxigênio em moléculas de ATP (adenosina trifosfato), umas das principais formas de energia que nossas células utilizam.

Dessa forma, podemos visualizar a glicose como um importante substrato energético para nosso organismo. 

Quando utilizamos o termo glicemia, estamos nos referindo à glicose presente em nossa circulação sanguínea!

Por ser um item tão precioso para o nosso organismo, os níveis de glicose são rigorosamente controlados, por vias que envolvem desde os hormônios pancreáticos Insulina e Glucagon, até centros cerebrais como o Hipotálamo Ventromedial e Lateral que atuam na regulação do comportamento alimentar.

Mas vamos por partes, calma (rs)!

- Controle da Glicemia:

Como a glicose é tão importante para que nosso organismo consiga funcionar adequadamente, cumprindo todas suas complexas funções biológicas visando manter o equilíbrio, desenvolvemos mecanismos corporais interessantes para regular a quantidade de glicose disponível em nossa circulação sanguínea.

Dois valem a discussão nesse momento:

O primeiro, mostrado na figura acima, é derivado de um trabalho em conjunto entre pâncreas e fígado. O pâncreas, quando a glicemia está baixa, libera o hormônio Glucagon (células alfa), que por sua vez caminha até o fígado onde estimula a quebra do glicogênio. 

Essa quebra do glicogênio permite que a glicose antes estocada entre na circulação sanguínea, uma resposta rápida a uma diminuição na glicemia. 

Do contrário, quando ingerimos uma refeição contendo carboidratos, o pâncreas é ativado e secreta o hormônio Insulina (células beta). A insulina, por sua vez, atua como uma chavinha que abre os canais de glicose na membrana das células (como as musculares), permitindo que a glicose entre nas células para ser utilizada.


Além desse interessante papel dos hormônios pancreáticos, podemos ir mais além e falar um pouco sobre comportamento alimentar, responsabilidade de duas áreas do nosso hipotálamo (parte do nosso cérebro): o Hipotálamo Ventromedial e o Hipotálamo Lateral.

O hipotálamo lateral é a região responsável pela fome, a sensação fisiológica que nos faz buscar o alimento, e que adora carboidratos. Enquanto o hipotálamo ventromedial é responsável pela saciedade, aquela mensagem de: opa, já estou satisfeito.

Uma informação extra: lembra de quando escutou sobre comer devagar, mastigando mais, que você ia se saciar com uma menor quantidade de comida? Faz mais sentido agora que você sabe que essa informação sai do estômago/intestino para chegar no hipotálamo, certo?

Para representar essas áreas, vou colocar um slide meu:



Então, hipotálamos e pâncreas colaboram bastante com a manutenção da nossa glicemia, mas lembrem-se, existem outros fatores que ajudam nesse controle. Para vocês terem ideia, uma pesquisa com ratos que tiveram o hipotálamo ventromedial lesado, ou seja, não sentiam saciedade mostrou algo muito interessante: após a lesão, os ratos comiam tudo que tinha pela frente durante três semanas e paravam, voltando a se alimentar em uma frequência e em quantidades mais próximas das observadas antes da lesão.

Qual a função, então, de todos esses mecanismos no controle da glicose sanguínea? Manter os níveis da glicemia próximos do jejum.

Comemos o carboidrato, a glicemia sobe, o corpo trabalha arduamente para baixá-la. Ao passar pelo fígado, logo depois de ser absorvida pelo intestino, cerca de 70% dessa glicose é quebrada ou transformada em glicogênio.

Ok, agora que vocês já entenderam o valor da glicose para nosso organismo e, consequentemente, o porque ele trabalha com tantos mecanismos para controlar nossa glicemia, precisamos estudar os exames laboratoriais utilizados para dosar essa glicemia sanguínea.

Mas isso nós vamos falar na parte dois. 
Entenda essa primeira parte com calma, vou deixar um slide abaixo como spoiler da próxima aula:



Bons estudos pessoal!

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