Boa noite, pessoal!
Finalmente, saiu a matéria sobre Neuroanatomia do Cérebro, a última que faltava!
Já exploramos uma boa parte do Sistema Nervoso, e começamos pela Medula Espinhal.e seus pares de nervos espinhais, onde entendemos o conceito de nervos mistos, aqueles que possuem fibras sensitivas, que levam as informações de um dos nossos principais sentidos, o Tato, para serem interpretadas pelo cérebro, assim sentimos o toque! E também possuem as fibras motoras, que enviam as informações derivadas do córtex motor para os nossos músculos estriados esqueléticos, responsáveis pelos nossos movimentos voluntários, como os que estou fazendo agora, com mãos e dedos, para escrever esse texto para vocês!
Da medula espinhal, subimos para as estruturas encefálicas, aquelas que são protegidas pélo nosso crânio, e começamos o estudo aqui pelo Tronco encefálico e seus três componentes, Bulbo (com suas funções vitais e não vitais), Ponte (com sua relação com a respiração mas também com o cerebelo, sendo a fonte de comunicação do cerebelo com o restante do sistema nervoso) e Mesencéfalo (com sua relação com a visão e audição, mas que focamos a discussão na substância negra e sua relação com a doença de Parkinson).
Por último, estudamos o Cerebelo e toda sua relação com a motricidade, seja na formação dos movimentos voluntários, onde atua no desenho deles junto ao córtex motor, e depois na execução junto com a medula espinhal. Vimos também seu papel na formação das memórias motoras, onde a repetição e aperfeiçoamento de movimentos gera um tipo de memória que é difícil de registrar, mas também muito difícil de se esquecer (lembra da história que depois que você aprende, você nunca mais esquece como se anda de bicicleta?) e finalizamos com sua relação com o equilíbrio (papel que atua junto com o labirinto do ouvido) e com a coordenação motora).
Agora chegou a hora dele, o cérebro humano!!!!
Na primeira aula, mostrei uma divisão do cérebro em Lobos, que divide ele em quatro porções: Lobo Frontal, Lobo Parietal, Lobo Temporal e Lobo Occipital! Uma divisão muito utilizada na anatomia, que vocês podem conferir abaixo:
Outra divisão que já foi mostrada, mas não explorada, foi a divisão em duas grandes porções, o Diencéfalo e o Telencéfalo, como mostrado na figura abaixo:
É essa divisão que focamos o estudo aqui na disciplina de Neuroanatomofisiologia.
Essa divisão, apresenta como principais componentes do Diencéfalo o Tálamo, o Hipotálamo, a Glândula Pineal e o Subtálamo.
Apesar das funções espetaculares de glândula pineal com seu hormônio melatonina e do hipotálamo com os centros da fome e saciedade relacionados ao nosso comportamento alimentar, do seu papel no famoso eixo hipotálamo-hipófise e o controle sobre nosso sistema endócrino e diversas outras funções das mais variadas, deixaremos esses componentes para discutir em outras matérias aqui do blog (algumas, inclusive, já existem e vou deixar o link aqui e aqui!).
Vamos focar, aqui, na função do Tálamo:
O Tálamo é formado por diversos núcleos neuronais e apresenta funções das mais diversas também, mas tem as suas funções relacionadas à sensibilidade (com exceção do olfato, todos os outros quatro sentidos utilizam esse caminho do tálamo) entre as mais bem estudadas.
O talámo trabalha, como gosto de falar em sala de aula, como um centro de distribuição do correio. Como assim, Bruno?
Imagina quando alguém toca em seu braço. A informação captada pelos receptores do tato (aqui, os mecanorreceptores), é levada pelos nervos espinhais até a medula, sobem em direção ao tronco encefálico e, ao chegar no cérebro, param no Tálamo.
O Tálamo, então, faz um primeiro processamento dessa informação, e encaminha ela ao córtex sensitivo, capaz de ler e interpretar as informações do sentido Tato, fazendo você sentir o toque.
Qual a semelhança com o correio? Quando você faz um compra na Amazon ou uma blusinha na Shein, esse produto vai até o centro de distribuição do correio, e, de lá, é encaminhado para o seu endereço, que é o endereço correto!
Pois bem, o tálamo recebe informações do tato, paladar, audição e visão para poder encaminhar a informação para o córtex correto, como o sensitivo do exemplo, ou qualquer um dos relacionados aos outros três sentidos.
É como se ele fizesse um processo de seleção da informação e encaminha ela para o local correto, economizando energia e acelerando o processo. Tanto que, quando coloco um delicioso hambúrguer na boca, já sinto o gosto dele instantaneamente (e essa informação já percorreu nervo, tálamo e córtex gustativo, que é quem realmente sente). Fantástico, né?
Mais recentemente, alguns estudos tem demonstrado um papel importante do tálamo no nosso processo de atenção, pois ele serve como um filtro de estímulos que nos permite focar nos estímulos que estamos interessados no momento (como vocês prestando atenção no conteúdo dessa matéria, ignorando todos os sons e sensações à sua volta). Tanto que, aparentemente, pessoas com TDAH apresentam uma menor função do tálamo nesse processo de filtrar estímulos, o que junto com outras alterações a nível de córtex pré-frontal, diminui a capacidade de foco do paciente!
Saindo do tálamo, passamos para o Telencéfalo, divisão que contém os dois grandes hemisférios cerebrais e o famoso córtex cerebral, responsável pelas funções cognitivas e por nossas memórias, ou seja, responsável pelas coisas mais incríveis que nosso cérebro faz.
Ao falar do telencéfalo e seus hemisférios, falamos daquela divisão básica visto lá no começo da disciplina, a Substância Branca e a Substância Cinzenta.
Lembrem-se: substância cinzenta, seja aqui no cérebro, no cerebelo ou na medula, é formada pelo corpo do neurônio e pelos dendritos. Enquanto a substância branca é formada pelo axônios/fibras nervosas, e tem essa coloração mais esbranquiçada pela presença da bainha de mielina nos axônios, ou seja, são fibras mielinizadas.
Mas vamos entender como essas fibras da substância branca dos hemisférios são classificadas, entendendo, assim, como basicamente todas as porções e regiões do nosso cérebro são interconectadas e conseguem, juntas, fazer toda a mágica acontecer!
As fibras nervosas (axônios) que formam a substância branca podem ser classificadas em dois grandes grupos:
- Fibras de Projeção: aquelas que conectam regiões do córtex com regiões subcorticais, como tálamo, hipotálamo, tronco encefálico, cerebelo e medula espinhal.
- Fibras de Associação: conectam regiões distintas do córtex, podendo ser fibras de associação Intra-hemisféricas ou Inter-hemisféricas.
As intra-hemisféricas conectam regiões do mesmo hemisfério, como o córtex pré-frontal esquerdo com o córtex visual esquerdo, ou o córtex sensitivo direito com o córtex motor direito. E assim por diante, ou seja, sempre uma região do hemisfério esquerdo com outra região do hemisfério esquerdo, ou do hemisfério direito com outra região do próprio hemisfério direito, como mostra a figura:
As inter-hemisféricas, como o próprio nome diz, são aquelas que conectam um hemisfério ao outro, ou seja, ligam o hemisfério esquerdo ao hemisfério direito, cujo exemplar principal são as fibras que formam o Corpo Caloso:
Só de entender sobre essas fibras, já dá para reforçar aquilo que falamos lá no início, em neuromitos, que nunca utilizamos apenas 10% do nosso cérebro (eu sei, você pensou em alguma "cagad*" que fez recentemente e achou que estava usando só 10% do cérebro, né? Mas não, você só não estava usando muito bem o cognitivo, rs).
O córtex cerebral, discutiremos em uma matéria separada.
Ótimos estudos, meu povo!
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