Bom dia pessoal,
Hoje vamos entender um pouco melhor o transtorno bipolar.
Eu sei, em algum momento você já se declarou bipolar ou falou que alguém era bipolar, principalmente aquelas pessoas que apresentam variações de humor, as vezes de um instante para o outro.
Mas será que é tão simples assim?
O primeiro ponto que precisamos discutir é que o transtorno bipolar faz parte do conjunto conhecido como transtornos de humor. Ele se caracteriza por dois tipos de episódios: mania e hipomania.
Então, aquela pessoa (incluindo eu e você) que tem alterações de humor bruscas e muitas vezes a utilizam como desculpa por não ser legal com alguém, pode ser porque a pessoa é mimada, está sob um nível de estresse muito elevado (semana de provas, assumir um novo cargo...), tem um nível de inteligência emocional baixo... Menos que ela seja bipolar!
Esses dois estados de humor Mania (aumento de, exacerbação, euforia) e Hipomania (diminuição de, estado mais letárgico, semelhante a um quadro depressivo) não se alternam em minutos ou horas. Normalmente eles duram dias, podendo chegar a durar meses em um único estado. Além disso, as alterações afetam desde os comportamentos da pessoa até sua cognição, sua disposição.
O transtorno em si causa alterações significativas na qualidade de vida da pessoa. E é completamente diferente das alterações estou legal-chato que vemos com mais frequência.
Tem uma figura que utilizo em minhas aulas que pode ajudar no entendimento das principais características desses dois estados. É como se o paciente alternasse de um episódio de muita animação, pensamentos acelerados, disposição enorme e menor necessidade de sono, para um estado de desânimo, letargia, falta de vontade, pensamentos mais lentos, muito semelhante a um quadro depressivo.
Tem base genética? Tem. Então se alguém da sua família tem, você tem uma chance maior de desenvolver ou apresentar o transtorno. Você obrigatoriamente terá o transtorno? Não. A relação com o meio ambiente, sua história, suas memórias, seus estresses, tendem a ser o fator chave para o desenvolvimento ou não de uma doença que você carrega no seu DNA (alimentação, qualidade do sono e os hábitos são três dos fatores-chave para essa relação carrego no meu DNA, mas posso ou não desenvolver).
E tem cura?
Existem relatos de pacientes que apresentaram o transtorno bipolar por um período de suas vidas, mas na maioria dos casos exige tratamento e mesmo medicação por toda a vida do paciente.
Parece muito ruim quando falamos em tratar algo pela vida toda, mas com todos os avanços que temos hoje a qualidade de vida de um paciente bem assistido é muito boa, e no final é isso que importa.
Até hoje o "fármaco" mais utilizado é o lítio, e para demonstrar sua eficácia, existe uma figura do livro de neurociências do Beer que mostra claramente como o uso de lítio pode melhorar os quadros de mania e hipomania:
Observe que existem pessoas que passam mais tempo em períodos de mania, outras em períodos de depressão, e varia também a quantidade de alterações, ou seja, com que frequência o paciente alterna entre um estado de humor e outro.
Em todos os casos mostrados, o uso do lítio cessa o surgimento de um dos dois estados, ou pelo menos deixa seu tempo de duração e seus sintomas mais brandos, o que por si só já melhora a qualidade de vida do paciente. Olhem com carinho o gráfico, da para aprender muito com ele.
Era isso pessoal,
terça-feira que vem tem mais uma matéria sobre transtornos mentais!
Boa semana!
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