Boa tarde, pessoal.
Hoje estudaremos um pouco sobre a Enzimologia clínica, que nada mais é que o estudo das enzimas que tem interesse clínico-diagnóstico, um dos principais ramos de estudo da Bioquímica Clínica.
Primeiro de tudo, enzimas são proteínas.
A função delas é catalisar reações químicas dos nossos sistemas biológicos. Detalhe: elas influenciam a reação sem sofrer qualquer alteração em suas estruturas, ou seja, elas não são consumidas na reação.
A figura abaixo mostra bem o papel de uma enzima:
O estudo das enzimas tem uma importância enorme, e hoje, nosso objetivo é exatamente esse, entender o papel das enzimas dentro do diagnóstico clínico.
Todas as enzimas presentes no corpo humano são sintetizadas dentro de células (intracelularmente) e três tipos de enzima são considerados de importância clínica:
1 - Enzimas plasma-específicas: enzimas que atuam no plasma, seus papeis estão ligados à coagulação e à fibrinólise. São exemplos característicos: trombina, fator X...
2 - Enzimas celulares: normalmente, apresentam baixos teores séricos, ou seja, estão em baixas concentrações no sangue. Quando um tecido é lesado, como por uma doença, a concentração das enzimas que antes estavam dentro das células lesadas, caem na circulação sanguínea. Essas alterações são facilmente notadas dentro das análises da bioquímica clínica.
3 - Enzimas secretadas: como as enzimas Lipase, Alfa-amilase, produzidas no sistema digestório. Essas enzimas são secretadas e cumprem suas funções extracelularmente. Muitas são encontradas no sangue.
O tempo que cada uma dessas enzimas dura no nosso sangue, estudado através do tempo de meia vida, varia muito de enzima para enzima, conhecimento indispensável para o analista clínico, que pode influenciar drasticamente em um diagnóstico. O tempo varia de algumas horas a semanas.
Em condições normais, a atividade enzimática permanece constante, refletindo um equilíbrio entre esses processos fisiológicos. É o que você espera quando faz um exame de sangue, que todos os parâmetros analisados, inclusive as enzimas, estejam dentro dos valores de referência.
Caso esse equilíbrio seja quebrado, como por alguma doença, ocorrem alterações nos níveis enzimáticos.
As elevações na atividade enzimática são devidas a:
1 - Um aumento na liberação de enzimas para o plasma ou
2 - Por redução da remoção de enzimas do plasma - característico de uma insuficiência renal, por exemplo.
O aumento da liberação de enzimas para o plasma, pode ser por:
- Lesão celular extensa: geralmente causadas por isquemia ou toxinas celulares. Exemplo clássico: aumento de CK-MB após um Infarto agudo do miocárdio (IAM).
- Proliferação Celular e aumento na renovação celular: aumento da fosfatase alcalina devido a um aumento na atividade osteoblástica durante o crescimento ou após uma fratura óssea.
- Aumento na síntese enzimática: como o aumento da atividade da GGT (gama-glutamiltransferase) que ocorre após a ingestão de álcool.
- Obstrução de ductos: como nas colestases.
Pode ocorrer casos onde apareça uma redução na atividade enzimática, mas são mais raros. Normalmente, estão relacionados a uma deficiência congênita de determinada enzima.
Para concluirmos, a utilidade diagnóstica da medida das enzimas plasmáticas reside no fato de que as alterações em suas atividades fornecem indicadores sensíveis de lesão ou proliferação celular.
Essas modificações ajudam a detectar e, em alguns casos, localizar a lesão tecidual e monitorar o tratamento e a progressão da doença.
Porém, como muitas enzimas não estão confinadas a tecidos ou órgãos específicos, muitas vezes falta especificidade, devendo tomar cuidado com diagnósticos precoces e errados.
Na prática clínica, a falta de especificidade é parcialmente superada pela medida de vários parâmetros (que incluem várias enzimas). Ou seja, para suprir um dos pontos fracos, eu trago análises adicionais que me ajudam a fechar um diagnóstico mais correto. Isso melhora prognóstico, tratamento, qualidade de vida!
Era isso, meu povo.
Bons estudos.
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